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- Vejam só! Me chamaram de pistoleira tantas vezes, e agora...

- Ana Rosa, já chega! – Estevão perdeu a paciência e, segurando firmemente em seu braço, tentou retirá-la de sua casa. Ele evitava chamar a atenção dos convidados e estragar ainda mais o aniversário de sua filha, mas parecia que a situação já tinha desandado de vez.

- Meu amor, você não percebe que essa mulher planejou tudo para nos separar? – Ela o chamava com desespero enquanto se soltava dele.

- Dessa vez, você passou de todos os limites. Vá embora!

- Você ainda a defende?... – Franziu a testa. – Você sabia? – Ela questionou, o olhar transbordando de ódio.

- Pai o que está acontecendo? – Estrela perguntou, enquanto Estevão, visivelmente nervoso, passava a mão no cabelo e buscava os olhos de Maria.

- Maria, foi presa injustamente. – Ele murmurou, o coração apertado.

- Não! – Ana Rosa, Gritou. – Isso é mentira.

Enquanto Ana Rosa estava completamente descontrolada e fora de si, Estrela e Maria travavam uma guerra silenciosa com os olhares que trocavam entre si.

Estrela esperava que ela negasse e se defendesse, mas não ouviu uma palavra sequer dela. Com muito desgosto, respirou fundo e saiu dali, rumo ao seu quarto, deixando para trás uma mãe com o coração em pedaços. Um nó na garganta apertava, e a voz que gritava dentro de si parecia incapaz de sair.

E como se a desgraça não fosse suficiente, ao olhar para o lado, encontrou-se com Heitor, Ângelo e Vivian.

Heitor, apesar de ter os olhos fixos nela, parecia distante em seus pensamentos. Não sabia como reagir a isso. De todas as coisas que passaram por sua mente, essa era a que menos fazia sentido. Assim como sua irmã, ele se sentia enganado. Mais uma vez, não reconhecia a mulher diante dele.

Ângelo, percebendo o estado dela e vendo que seu pai estava ocupado lidando com Ana Rosa, foi até Maria e a abraçou.

- Eu acredito na Sra.! – Ele disse, agarrado a ela. Maria, que realmente precisava de consolo, o abraçou de volta e beijou sua cabeça, enquanto algumas lágrimas desciam pelo seu rosto. Quando buscou por Heitor, viu-o saindo de seu campo de visão, o que a fez sentir-se ainda mais diminuída.

- Não chore, Maria! – Vivian, que também se aproximou dela, a confortou, abraçando suas costas. – Vai ficar tudo bem!

- Vá vê-la. – Ela pediu. – Estou bem! E ela precisa de uma amiga agora.

- Tem certeza? – Vivian também hesitava em deixá-la sozinha, mas Maria confirmou com um aceno de cabeça, pedindo mais uma vez para que ela fosse. Com um beijo em seu rosto, Vivian partiu em direção ao quarto de Estrela.

Enquanto a discussão entre eles se desenrolava, Carmem e Leonel, conscientes da tensão no ambiente, cuidaram de se despedir delicadamente dos poucos convidados que ainda permaneciam.

...

Estrela subiu as escadas às pressas, tentando conter as lágrimas, e ao entrar em seu quarto e fechar a porta, Alba passou por ela sem lhe dar chance de impedi-la de entrar.

- O que quer? – Estrela cruzou os braços, encarando Alba com uma expressão desafiadora. Alba sorriu e, estando a um passo de distância dela, tocou suavemente sua bochecha.

- Vim ver como se sente. – Alba disse, caminhando pelo quarto e examinando cada canto com seus olhos. –Descobrir que foi enganada desse jeito não deve ser fácil. E logo pela sua querida madrasta. Aquela que você trouxe para dentro dessa casa, o lar da sua mãe... uma mulher tão cheia de valores e virtudes. E de repente, descobrir que é uma criminosa... quem sabe o que mais... afinal, 12 anos na prisão. E esse filho que ela arrumou tão repentino? Tem cara de golpe.

A MadrastaOnde histórias criam vida. Descubra agora