A Madrasta

FIM!

...

AGORA,

- Ninguém nunca mais vai tocar em você! Eu te prometo. – Ele disse enquanto ela estava ao seu lado, ainda sob o efeito das drogas, murmurando palavras desconexas. Estavam no banco de trás do carro, enquanto o motorista dirigia por uma estrada de terra de volta para casa.

- Estevão? – Ela ouviu sua voz e aos poucos começou a acordar do que parecia ser um pesadelo.

- Estou aqui, meu amor! – Apertou sua mão, mostrando que estava presente, enquanto ela abria os olhos ainda meio zonza, tentando focar em sua imagem.

- Minhas filhas? Vivian?... – Ela perguntou novamente. Desde que ele a encontrou, em meio ao transe causado pelos efeitos das drogas injetadas, ela só perguntava pelas filhas, querendo ter certeza de que estavam bem. Mas, por mais que ele lhe respondesse, ela continuava a perguntar, repetidamente, como se sua mente não conseguisse se fixar na resposta.

- Elas estão bem e em casa. – Ele respondeu, tentando lhe dar algum conforto, mais uma vez.

- Você está mesmo aqui? - Ela tocou o rosto dele enquanto o encarava, buscando confirmar sua presença. - Não estou sonhando?

- Sim, estou mesmo aqui. - Ele respondeu, sem deixar de encará-la, e beijou o dorso de sua mão. - Jamais deixaria que te levassem de mim. - Beijou sua testa e a apertou em seus braços.

Conforme os efeitos das drogas começavam a diminuir e ela percebia que estava realmente segura, encolhida nos braços dele, as lágrimas começaram a escorrer. Ele ouvia o som de seu choro e sentia seu corpo tremer, e por dentro se sentia despedaçado. As marcas pelo corpo dela, o cabelo desalinhado e a roupa suja, como se tivessem a jogado no chão, além da imagem de como a encontrou, lhe diziam que ela teria muito o que esquecer.

- Fiquei com tanto medo. – Ela chorava, agarrada a ele. – Achei que fosse perdê-los novamente.

- Isso nunca vai acontecer. – Ele levantou seu rosto, buscando seu olhar. – Nunca vou desistir de você!... De nós dois! – Ele a apertou em seus braços e deixou um beijo em seus lábios, que ainda tremiam nervosamente.

- E o que aconteceu? Conseguiram pegar a Patrícia e o Evandro? – Após ser pega no shopping, levaram-na até Patrícia e Evandro. Lá, entre agressões físicas, ameaças e olhares de desprezo, foi intimidada de várias formas, com ameaças diretas à sua família caso tentasse escapar. Sem chance de resistir, foi drogada e colocada no porta-malas de um carro, iniciando uma angustiante viagem rumo a um aeroporto distante da cidade.

- Não... mas não se preocupe. Você está segura agora e eles nunca mais vão te tirar de mim.

- Eles vão voltar! – Ela falou com desespero, temendo pela vida dele e dos filhos.

- Não, não vão! – Ele respondeu, firme, enquanto olhava profundamente nos olhos dela.

- Como pode ter tanta certeza? Você não sabe os absurdos que eles me falaram. – Ela falou com total desespero, atormentada pelo medo.

- Meu amor, fica calma! Não vou deixar nada ruim acontecer com você ou com nossos filhos. Eu te prometo! – Ele beijou sua mão e respirou fundo. – Foi tudo planejado! – Decidiu revelar a verdade para ela.

- O quê? – Ela franziu a testa, encarando-o.

- Tudo! Tudo o que aconteceu naquele dia no hotel... Eles planejaram tudo.

- Do que você está falando?

- Da nossa viagem de 13 anos atrás.

- Da tentativa de assassinato que a Patrícia sofreu?