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- Oi, meu amor! –  Ele atravessou o quarto após uma longa conversa com o médico, seus olhos transbordando de alívio ao encontrar os dela. Com ternura, segurou sua mão com um toque gentil, e beijou sua testa. – Como se sente?

- Já estou bem! Foi só um susto. – Ela respondeu com calma, enquanto ele, que agora respirava mais aliviado, começou a se desfazer das roupas e dos sapatos antes de se deitar ao lado dela. O calor do seu corpo ao se encaixar ao dela trazia o conforto que palavras não poderiam expressar.

- Você anda negligenciando sua alimentação e sobrecarregando-se no trabalho. – Estevão reclamou com uma mistura de preocupação e ternura em sua voz. - Pode esquecer essa história de desfile.

Estrela, com raiva dela, acabou contando para o pai sobre o desfile que estavam organizando. Naturalmente, ele não gostou da ideia e se mostrou veementemente contra. No entanto, após uma série de argumentos convincentes, ela conseguiu persuadi-lo, especialmente ao mencionar a equipe dedicada que estava trabalhando ao seu lado.

- Não... esse desfile é uma distração positiva para mim. - Ela pediu quase que ronronando enquanto se aconchegava nos braços dele. - Vou começar a cuidar mais da minha alimentação, prometo. Não fique zangado.

- Maria... você precisa de repouso.

- Eu sei! Mas ficar sem fazer nada vai me enlouquecer. E sei que também vou te deixar louco.

- Está bem! Apenas de casa então. - Ele respondeu com uma ponta de frustração, sabendo que não conseguiria mudar a decisão dela. - Nada de joalheria, nada de San Roman. Não quero você se preocupando. - Com carinho, ele apertou seu corpo, desejando transmitir segurança e amor.

- Não esqueça que isso aconteceu, aqui em casa!

- E nada de se trancar no escritório até altas horas para trabalhar.

Enquanto continuavam a conversar sobre o que havia acontecido e as orientações do médico, o aconchego dos braços dele foi gradualmente acalmando-a. Por mais que ela tentasse se manter forte, também teve medo de perder sua bebê. Lentamente, ela se deixou levar pelo sono, sentindo-se segura e protegida ao lado dele.

Durante o tempo em que ela dormia, ele permaneceu ao seu lado por mais alguns instantes, acariciando suavemente suas costas e seu cabelo, buscando conforto para si mesmo.

Quase infartou enquanto estava em uma reunião, e sua filha não parava de ligar. Ao atender, as primeiras palavras que ouviu foram: 'Pai, não surta... já liguei para a emergência e o médico está a caminho'. Ele sentiu como se seu mundo desmoronasse em uma fração de segundo diante da possibilidade do que poderia está acontecido com sua mulher e filha.

Mas agora que estava tudo bem, sentia um orgulho imenso de sua filha, que sempre perdia o rumo quando alguém passava mal ao seu lado, talvez pelas crises de Ângelo, que eram frequentes e os médicos sempre pareciam sem esperança quando se tratava de sua saúde. No entanto, desta vez, ela permaneceu firme e fez tudo o que era necessário. Permaneceu ao lado de Maria, segurando em sua mão.

...

Mais tarde, Estevão desceu as escadas e encontrou Carmem, os filhos e Vivian reunidos na sala de estar, aguardando por notícias.

- E então? – Perguntou Heitor, impaciente.

- Ela está bem! - Respondeu, finalmente.

- E a bebê? – Estrela perguntou, sua voz carregada de preocupação e expectativa.

- Também está bem! – Afirmou Estevão. Um suspiro coletivo de alívio encheu a sala. Servindo-se de uma dose de uísque, ele prosseguiu. – Não imaginei que se importassem tanto com o bem-estar delas. Afinal, vocês vivem tratando-a mal. – Ele acusou, enquanto tomava  um gole de sua bebida.

A MadrastaOnde histórias criam vida. Descubra agora