— Que lambuzeira é essa que você tá fazendo? — perguntou Diego com um risinho.
— Quero ver se fica bom — respondeu a garota, misturando ambos os sorvetes e mexendo tudo com uma colher de plástico, experimentou. — Hum!... Nada mal! — estendeu uma colher com a, agora, calda para Diego.
— Nossa! Não quero isso, parece horrível!
— Deixa de ser fresco.
— Flocos e menta definitivamente não combinam.
— Tudo bem, abestalhado! Sobra mais pra mim.
Rindo, Natália bebeu todo o restante da calda.
— Então... eu queria te pedir desculpas — disse o rapaz.
— Pelo quê?
— Por ter insistido pra você vestir essa roupa. Tá claro que você não se sentiu bem... Eu queria que você percebesse o quanto é bonita, mas não são elogios de idiotas como o Lucas que vão te tornar bonita. Enfim... desculpa! Você é linda mesmo com seus vestidos de vovó e o cara que te merecer vai perceber isso.
— Tu percebeu.
— Percebi, mas não significa que eu mereça você. Nat, sobre aquele beijo...
— Eu te beijei porque eu quis. Tu dissesse que eu devia fazer minhas próprias escolhas e eu fiz. Tu não precisa gostar de mim e nem eu de tu, não me dá explicações, por favor!
— Tudo bem — ele sorriu novamente — eu na verdade ia dizer que você pode me beijar quando quiser. Pode me usar a vontade.
— Sabe... não fica se achando, mas essas coisas que tu fala me fazem sentir bonita.
— Você não precisa delas pra se sentir bonita, mas pode contar que eu vou sempre falar, sai naturalmente. Mas então... de onde você é? Pelo sotaque é do nordeste, mas de onde?
— Eu sou de Caruaru.
— Eu acho que já ouvi falar. É Pernambuco, certo?
— É sim. Mais conhecida como Capital do Forró. Eu vim pra cá pra estudar, consegui a bolsa pro Rio de Janeiro e não quis perder a oportunidade.
— Você sempre quis estudar publicidade?
— Na verdade, não. Por muito tempo eu queria ser veterinária, mas eu fico enjoada quando vejo sangue, então com o tempo percebi que não era pra mim por isso, estudei pra publicidade.
— Os seus pais moram em Caruaru?
— Cresci com a minha mãe, tia e avó. Meu pai eu vi algumas vezes, mas ele mora em Recife, na capital pernambucana. Ele paga a minha moradia aqui na cidade, ele nunca foi muito presente, mas sempre me ajuda financeiramente.
— Você parece uma garota muito contida, tem a ver com a sua educação?
— Acho que tem... eu tive uma educação cristã, bem rígida, não é fácil pra mim ver o mundo como... vocês veem.
— Vocês quem? Nós hereges? — zombou.
Ela riu e balançou a cabeça positivamente.
— E foi se apaixonar logo pelo Lucas? O líder dos hereges! — continuou Diego, rindo ainda mais alto.
— Nem eu consigo explicar isso. Não sei o que diabo eu vi nele.
— Talvez o diabo mesmo. Talvez ele seja tudo que você acha que não pode ser ou ter.
— Eu confesso que já cheguei a pensar sobre isso. Tu acha que ele me notou hoje?... Ele até me chamou pelo nome.
— Notou sim.
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Sempre Cabe +1
RomantizmDepois de trancar o curso de medicina na Europa, Diego volta para o Rio de Janeiro, sua cidade natal, para cursar publicidade e propaganda. Nesse meio tempo de andanças por faculdades diferentes ele conhece Natália, uma nordestina tímida e sensível...