— Peste, eu tive que vim lá da baixa da égua enfiar juízo nesse teu quengo duro!
— Quengo? — perguntou Diego, rindo e quase se engasgando com o cachorro-quente.
— Use seu tico e teco pra me entender que eu tenho certeza que você consegue. Se eu vim enfiar juízo no teu quengo, então o que é quengo?...
— Cabeça?
Manu largou seu cachorro-quente para aplaudir a capacidade de interpretação de seu amigo.
Quando Diego ligou para a amiga no dia anterior ele soluçava e tinha a voz esganiçada, Manu não pensou em mais nada, apenas em encontrar e ajudar seu grande amigo dos anos da faculdade de medicina.
Pegou o primeiro voo para o Rio de Janeiro e deu um abraço acolhedor em Diego. Manu poderia ser louca e desbocada, mas jamais abandonaria um amigo.
— E aí vai ficar me enrolando ou vai desembuchar tudo o que aconteceu?
— Nem precisava você vim Manu, a gente podia ter conversando tranquilamente por telefone.
— Menino... tu tava chorando igual menino novo, tais doido que eu não ia deixar tu daquele jeito, nunca!
— Mas você tem o seu trabalho, não pode parar tudo pra socorrer um besta como eu.
— Oxe! O hospital que se aguente com uma residente a menos. Menino olha, tu relaxa, visse? Que eu deixei tudo sob controle. Eu não sou tão doida, não!
— Tá bom, eu vou relaxar e obrigado de verdade por vir — sorriu Diego.
— Tu vai me contar tudo que aconteceu ou não? Tu só dissesse que eles sumiram.
— Eles não tão indo às aulas há mais ou menos uma semana.
— Nenhum dos dois?
— Nenhum dos dois.
— Esse povo não tem medo de ser reprovado, não?
— Sei lá... — Diego estava cabisbaixo.
— Tu tais aí pensando merda né?... Tais pensando que eles tão é gazeando aula pra se pegar, né?
— Eu... acho que não consigo não pensar nisso.
— Tu é muito alesado! — zombou a loira, jogando a cabeça para trás e soltando sua gargalhada debochada.
— Manu! — reclamou Diego.
— Tá, desculpa! — pediu ela se recompondo — É que é bonitinho te ver assim com ciuminho.
— Não é ciúme, eu só não quero atrapalhar se tiver acontecendo algum romance entre os dois.
— Me engana que eu gosto! Menino tu tais caidinho pelos dois e vem com essa conversa de não querer atrapalhar! Tu queria era tá no meio deles que eu sei.
— Claro que não, Manu!
— Diego, ao invés de ficar pensando besteira e alimentando ciúme, tu devia era tá procurando o tal do carinha.
— Ele disse pra eu deixar ele quieto.
— Isso é um assunto complicado porque é importante a gente respeitar o espaço das pessoas, mas por outro lado ele tá doente e sozinho. Tu não pode simplesmente deixar ele se virar.
— Eu meio que não respeitei esse pedido dele, mas só porque eu tô preocupado.
— O que foi que tu fez, peste? — indagou a loira.
— Uma coisa parecida com o que a gente fez quando a gente tava morando lá na Europa.
— Ah, por favor vai, me conta!...
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Sempre Cabe +1
RomanceDepois de trancar o curso de medicina na Europa, Diego volta para o Rio de Janeiro, sua cidade natal, para cursar publicidade e propaganda. Nesse meio tempo de andanças por faculdades diferentes ele conhece Natália, uma nordestina tímida e sensível...