15. Agir

773 96 0
                                    

— Peste, eu tive que vim lá da baixa da égua enfiar juízo nesse teu quengo duro!

— Quengo? — perguntou Diego, rindo e quase se engasgando com o cachorro-quente.

— Use seu tico e teco pra me entender que eu tenho certeza que você consegue. Se eu vim enfiar juízo no teu quengo, então o que é quengo?...

— Cabeça?

Manu largou seu cachorro-quente para aplaudir a capacidade de interpretação de seu amigo.

Quando Diego ligou para a amiga no dia anterior ele soluçava e tinha a voz esganiçada, Manu não pensou em mais nada, apenas em encontrar e ajudar seu grande amigo dos anos da faculdade de medicina.

Pegou o primeiro voo para o Rio de Janeiro e deu um abraço acolhedor em Diego. Manu poderia ser louca e desbocada, mas jamais abandonaria um amigo.

— E aí vai ficar me enrolando ou vai desembuchar tudo o que aconteceu?

— Nem precisava você vim Manu, a gente podia ter conversando tranquilamente por telefone.

— Menino... tu tava chorando igual menino novo, tais doido que eu não ia deixar tu daquele jeito, nunca!

— Mas você tem o seu trabalho, não pode parar tudo pra socorrer um besta como eu.

— Oxe! O hospital que se aguente com uma residente a menos. Menino olha, tu relaxa, visse? Que eu deixei tudo sob controle. Eu não sou tão doida, não!

— Tá bom, eu vou relaxar e obrigado de verdade por vir — sorriu Diego.

— Tu vai me contar tudo que aconteceu ou não? Tu só dissesse que eles sumiram.

— Eles não tão indo às aulas há mais ou menos uma semana.

— Nenhum dos dois?

— Nenhum dos dois.

— Esse povo não tem medo de ser reprovado, não?

— Sei lá... — Diego estava cabisbaixo.

— Tu tais aí pensando merda né?... Tais pensando que eles tão é gazeando aula pra se pegar, né?

— Eu... acho que não consigo não pensar nisso.

— Tu é muito alesado! — zombou a loira, jogando a cabeça para trás e soltando sua gargalhada debochada.

— Manu! — reclamou Diego.

— Tá, desculpa! — pediu ela se recompondo — É que é bonitinho te ver assim com ciuminho.

— Não é ciúme, eu só não quero atrapalhar se tiver acontecendo algum romance entre os dois.

— Me engana que eu gosto! Menino tu tais caidinho pelos dois e vem com essa conversa de não querer atrapalhar! Tu queria era tá no meio deles que eu sei.

— Claro que não, Manu!

— Diego, ao invés de ficar pensando besteira e alimentando ciúme, tu devia era tá procurando o tal do carinha.

— Ele disse pra eu deixar ele quieto.

— Isso é um assunto complicado porque é importante a gente respeitar o espaço das pessoas, mas por outro lado ele tá doente e sozinho. Tu não pode simplesmente deixar ele se virar.

— Eu meio que não respeitei esse pedido dele, mas só porque eu tô preocupado.

— O que foi que tu fez, peste? — indagou a loira.

— Uma coisa parecida com o que a gente fez quando a gente tava morando lá na Europa.

— Ah, por favor vai, me conta!...

Sempre Cabe +1Onde histórias criam vida. Descubra agora