18. Jumento

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Farta, Natália estava farta daqueles dois, por várias vezes se perguntou se era mesmo paixão o que sentia por eles, porque ultimamente a vontade de cometer um homicídio duplo sempre surgia em sua mente.

Não havia um dia sequer que Lucas e Diego não discutissem e parece até que escolhiam de propósito os momentos em que ela estava presente.

Que saudade de Manu, nos quatro dias em que a loira esteve hospedada na casa de Diego, Natália pôde ter alguém para conversar e se afastar um pouco daquelas discussões recorrentes.

Sem Manu, o tempo passava mais devagar mesmo sendo cerca de quinze dias após a partida da loira. A notícia boa é que Lucas estava bem melhor, os ferimentos quase curados por completo e o rapaz usava agora muletas para se locomover.

Por várias vezes Natália ouviu Lucas ameaçar Diego com as muletas. Ficava sempre à espreita preparada para socorrer caso o Playboy levasse uma muletada na cabeça.

Seria cômico, porém bem merecido porque Diego se tornou um chato protetor para com o loiro.

— Para de encher meu saco, eu já falei que não quero ir pra essa porra!

— Não é questão de querer, é necessidade!

— Pois eu não vejo necessidade nenhuma — refutou o Viking.

— Claro que não, você só vê necessidade em colocar a sua droga de vida em risco!

— Vira esse disco, Diego! Faz dias que eu tô quieto na minha e você só enche minha paciência.

— Não é porque você não tá fazendo merda que tá cem por cento livre de não fazer.

— E desde quando ficar conversando bobagem com um psicólogo vai me ajudar em alguma coisa?

— Eu pensei que você, um universitário, fosse mais culto, mas tô vendo que não. Pelo visto você é mesmo um ogro, mesmo!

— Mais um apelido?... Viking, cachorro do mato, ogro,... tô ansioso pelos próximos.

— Pode ser jumento — interveio Natália.

— Jumento?

— É. Só um jumento ia dizer que conversar com um psicólogo é falar bobagem e só um jumento ia ser grosso como tu tem sido o tempo todo.

— Garota!...

— A Nat tá certa, você é um jumento teimoso! — interrompeu Diego — Olha só, Lucas...

— Eu não vou pra porra de psicólogo nenhum, eu não sou maluco!

— Que conversa de abestalhado essa tua! Desde quando a pessoa só vai pra psicólogo se tiver doido? — falou Natália.

— Desde... olha... sinceramente... vocês dois... vocês me deixam furioso!

— Qualquer coisa deixa você furioso — afirmou Diego.

— Falou o calminho! — debochou Lucas.

— Eu sou calmo sim, você é a única pessoa que me tira do sério no mundo inteiro!

— Foda-se! Eu não vou pro psicólogo e ponto final.

— Ah, tu vai sim, trepeça! — Natália percebeu neste momento que ela também fazia parte das discussões recorrentes.

Sempre tinha que intervir nas insistências de Diego para Lucas tomar os medicamentos, fazer as sessões de fisioterapia e agora ir ao psicólogo.

Condenou-se mentalmente por perder tempo com discussões. Entretanto, não tinha opções. Aquela coisa gigante precisava de tratamento e cuidados.

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