Natália estava em posição fetal, deitada em sua cama e completamente atordoada. Se apaixonar por um cara problemático já não era algo muito aceitável em sua mente, mas se apaixonar por dois homens completamente diferentes era demais mesmo para o seu novo espírito de liberdade.
Com vinte anos nunca tinha beijado na boca até que Diego surgiu do nada e lhe tirou esse medo.
Sempre imaginou o seu primeiro beijo com Lucas, mesmo sabendo que o rapaz nunca a tocaria por vontade própria e se sentia suja em ter tais pensamentos, pois segundo sua educação tradicional ela deveria casar pura e beijar apenas o homem de sua vida.
Em pouco tempo, tinha beijado e despertado desejos e sentimentos variados por dois homens.
Aonde ficou o "até que a morte nos separe" o "escolhi esperar" e o "felizes para sempre"?
Em meio a tais pensamentos surgiu em sua mente o trecho de uma música de Legião Urbana:
Se lembra quando a gente
Chegou um dia a acreditar
Que tudo era pra sempre
Sem saber
Que o pra sempre
Sempre acaba
Será que realmente não existia para sempre como foi levada a acreditar por toda sua vida?
Ouviu claramente em sua mente a voz de sua mãe: Isso é coisa de puta!
Será que dentro dela havia uma safada pecadora e inconsequente?
Quando se permitiu chegar tão longe?
Ficou bêbada na festa, beijou os garotos por vezes demais e quase, quase perdeu a virgindade, seu bem mais precioso.
Bem precioso? Se questionou.
Sim, um bem precioso como foi ensinada por toda a vida.
Sua tia diria que ela queimaria no lago de fogo do inferno.
Foi exatamente o que Natália sentiu, como se fogo consumisse seu corpo pecaminoso, como se não houvesse solução ou perdão para seus sentimentos.
Nada poderia salvá-la do castigo para o qual estava destinada.
Seu corpo todo tremia e desesperada ela abraçou o travesseiro, cravando as unhas nele, as lágrimas encharcavam a fronha e o grito estava preso na sua garganta já dolorida.
De repente o celular tocou fazendo com que a moça se sobressaltasse, era Diego. Não sabia se tinha desejo de ouvir a voz do rapaz ou de arremessar o celular contra a parede.
Inspirando fundo e fungando para melhorar o som de sua voz, ela aceitou a ligação, o desejo por ouvir aquela voz quase musical a venceu.
— Alô?
— Nat, vem pro hospital, agora!
— O que aconteceu?
— Tá tudo bem? Você tá chorando?
— Não!
— Tá! O Lucas tá no hospital, aquele mesmo pra onde ele foi socorrido depois do acidente. Eu tô aqui vem pra cá por favor, eu preciso de você por perto... eu quero você por perto.
Sem se despedir, Natália enfiou o celular na bolsa e correu ao encontro dos seus dois pesadelos.
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Sempre Cabe +1
RomanceDepois de trancar o curso de medicina na Europa, Diego volta para o Rio de Janeiro, sua cidade natal, para cursar publicidade e propaganda. Nesse meio tempo de andanças por faculdades diferentes ele conhece Natália, uma nordestina tímida e sensível...