41. Galeão

564 77 10
                                    

— Pro aeroporto Galeão! — exigiu Natália, segurando os dois bancos da frente do táxi com as mãos espalmadas.

— A senhora poderia se encostar e colocar o cinto? — perguntou o motorista, conduzindo o veículo e vendo que Natália se inclinava cada vez mais para frente.

— Só faz o teu trabalho!

Franzindo o cenho o homem parou o carro no meio da rua, arrancando buzinadas dos que estavam atrás.

— Eu não posso continuar enquanto a senhora não colocar o cinto.

— Olha aqui seu... o meu amigo tá naquele aeroporto e eu tenho menos de uma hora pra chegar lá ou ele vai tá a caminho de Portugal, trata de pisar nessa merda...

— Se sente direito e aperte o cinto, senhora!

— Eu vou apertar é o seu pesco...

Foi interrompida por Lucas que a puxou pela cintura e atacou seu cinto.

— Pelo amor de Deus! Vê se você fica calma. Você tá pior que eu!

— Tu não te mete! — ameaçou ela, virando-se para o loiro.

— Moço, desculpe minha amiga. Ela tá nervosa por causa...

— Não quero mais levar vocês, desçam do meu carro, agora!

— O quê?! — perguntaram ao mesmo tempo os dois jovens.

— É isso mesmo! Eu tô aqui trabalhando e não sou obrigado a ouvir ameaças. Eu sou um pai de família e não um qualquer! — declarou o motorista, ignorando as muitas buzinadas atrás de si.

— Tu é um minziguento, isso que tu é! — xingou Natália, tentando desatar o cinto com as mãos trêmulas. Lucas, substituiu as mãos da moça pelas suas, ajudando-a a se livrar da fivela em sua cintura.

Quando estava livre, quase pulou para o banco da frente se Lucas não a tomasse em seus braços e descesse do veículo. A moça se sacudia e profanava injúrias ao taxista:

— Eu vou te denunciar, porco! Vou denunciar tu no... no órgão... dos... dos taxistas! Seu peste dos infernos!

— Nat, pelo amor de Deus, você quer ser presa?

— Não, mas eu não fiz nada com esse... — levantou a voz de novo enquanto via o motorista arrancar dali — com esse triste das costa oca!

— Vem, vamo achar outro táxi e vê se fica mais calma — sugeriu Lucas, olhando em volta e fazendo sinal para os veículos que passavam já levando passageiros.

— Parem seus bando pestes, é uma questão de vida ou morte!

Natália estava com os cabelos embaraçados, o vestido bege, que colocou às pressas, amassado e, agora, quando um carro jogou lama em suas roupas estavam ela e Lucas sujos com o líquido marrom.

— Merda! — xingou o Viking e nunca em sua vida imaginou que veria Natália correndo atrás do carro que os molhou — Porra Natália, volta aqui!

— Vai molhar a tua mãe, aquela quenga!

Lucas novamente a alcançou e a ergueu pela cintura.

— Você vai acabar morrendo hoje ou então matando a gente.

— Aquele cara melou a gente de propósito, Lucas!

— E daí? A gente tem coisa mais importante pra se preocupar. Manu falou que ele embarcaria em uma hora, lembra?

— Lembro e tudo seria mais fácil se aquele peste atendesse a merda do celular! — respondeu, pegando o próprio aparelho e tentando de novo ligar para Diego — Aquele nojento desligou o celular, só pra foder com a vida da gente!

Sempre Cabe +1Onde histórias criam vida. Descubra agora