— Eu quero ver você me impedir — disse, ajeitando-se na cama, tentando a todo custo esconder a dor que sentia.
— Você só pode ser maluco! Você precisa de repouso, fraturou a bacia!
— E blá-blá-blá... já faz uma semana que você esfrega isso na minha cara. Olha só, eu não posso faltar aula, não sou um playboy como você, não. Eu sou bolsista!
— Lucas, você tá de atestado, você não vai perder a bolsa. Acidentes acontecem, cara.
— Eu tô perdendo conteúdo importante!
— Eu já falei pra você que eu vou trazer todo conteúdo das aulas, seu teimoso de merda!
— Tira essa mão de mim! — exigiu com um safanão.
Diego cruzou os braços para controlar a vontade de socar aquele paciente rebelde. Desde quando se tornou tão violento?
— Você acha que eu me divirto em ficar segurando você na cama?
— Acho que se diverte sim! Você e essa maluca se divertem com a minha situação — disse Lucas, apontando para Natália que escondia o riso com a mão.
— A gente não se diverte, nada — defendeu-se a moça.
— Então você tá rindo por quê?
— É melhor rir do que sentar a mão nessa tua cara nojenta!
— Experimenta, Jeca. Experimenta!
— Chega! — exigiu Diego — Olha aqui, você tá doente, não é divertido pra gente cuidar de você. Porque você é um chato e ingrato! Mas a gente tá fazendo isso porque temos o mínimo de considera...
— Consideração?... Não é consideração coisa nenhuma! Você se sente culpado e essa louca aí tá apaixonada por mim!
— Lucas, na boa? Vai te foder! — declarou Natália, dando passos largos até a cama, ela se inclinou para ficar na altura do loiro — A partir de hoje tu vai me chama de Natália, visse?... Nada de Jeca, Paraíba ou qualquer desses apelidos idiotas. É Natália. E a partir de hoje tu vai obedecer a gente ou a gente vai deixar tu se lascar sozinho, ouvisse bem? Se tu cair dessa cama ou se machucar por teimosia, a gente não vai mais te ajudar. A gente vai deixar tu se virar. Eu fui clara?
Obedientemente Lucas balançou a cabeça positivamente, mas não conseguia ficar calado:
— Eu não gosto de ninguém fazendo as coisas por mim, eu tô acostumado a me virar.
— Pois se tu quiser se virar agora, vai ser de um lado pro outro da cama! — ela rebateu e Diego gargalhou.
— Não tem graça — reclamou o loiro.
— Não tem mesmo. A gente tá cheio de fazer tudo por tu e tu vim com cavalice pro lado da gente.
— Eu só não quero mais ficar nessa cama!
— Ninguém quer, mas acidentes acontecem — falou Diego — eu vou dar um jeito, tá? Quando você tiver melhor eu sei lá... arrumo uma cadeira de rodas pra você. Só... relaxa um pouco, cara.
Ressabiado Lucas se encostou na cama e pôs um braço sobre os olhos demonstrando que estava farto daquela discussão.
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Sempre Cabe +1
RomanceDepois de trancar o curso de medicina na Europa, Diego volta para o Rio de Janeiro, sua cidade natal, para cursar publicidade e propaganda. Nesse meio tempo de andanças por faculdades diferentes ele conhece Natália, uma nordestina tímida e sensível...