19. Casal

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Passando a mão larga nos cabelos loiros ele soprou o ar, estava deveras exausto. Tinha gastado todas as suas energias andando de um lado para o outro, subindo e descendo as ladeiras daquele morro.

Não conseguia entender por qual motivo ninguém atendia suas chamadas. Na verdade atenderam apenas uma vez, porém a ligação foi interrompida em poucas trocas de palavras e desde então todas as suas tentativas passaram a ser rejeitadas, por isso decidiu que iria pessoalmente procurar.

Não podia negar a bela vista que era possível ser contemplada dali de cima. O céu de fim de tarde era um degradê de tons de amarelo e vermelho e o sol uma bola laranja que se despedia lentamente.

Permitiu-se alguns instantes de apreciação e também para descansar um pouco do exercício que fazia há duas horas.

Percebeu que olhares eram dirigidos em sua direção. Alguns curiosos, talvez devido a sua estatura, outros desconfiados e isso lhe deixava um tanto receoso.

Contudo desistir agora não era uma opção.

Se tivesse um endereço exato seria mais fácil, todavia tudo o que tinha era um papel impresso com uma foto e algumas poucas informações, ainda assim relevantes pois de fato não teria chegado até ali sem elas.

Não queria ter que perguntar para não levantar qualquer tipo de ameaça contra a vida do rapaz, mas não tinha outra opção.

Seria mais um dia em vão se assim não fizesse.

Procurou então um rosto amigável, encontrando o de uma mulher gorda e de olhos negros que varria a calçada de um pequeno restaurante. Parecia menos perigosa do que muitos dos passantes.

Tomado pelo pouco de esperança que lhe restava, se aproximou da mulher que quase batia na altura de seu peito.

— Ola! Eu precisar ajuda, você poder ajudar?

Erguendo o queixo para encarar o rosto de maxilar firme e barba loira por fazer, a mulher arregalou os olhos fazendo o homem se arrepender de pedir ajuda.

Será que ele tinha algum tipo de mancha no rosto para ela o olhar daquela maneira assustada?

— Quem é você?

Seria possível tamanha semelhança? Pensou a mulher.

Exatamente igual exceto pela clara diferença de idade que eram visíveis devido aos fios grisalhos e as poucas rugas do homem à sua frente.

Notou também que os cabelos do estranho eram lisos enquanto os de seu protegido, ondulavam nas pontas,

— Meu nome és Jakob Hansen, prazer — disse, estendendo a mão de dedos longos para de algum modo mostrar a senhora que não era uma ameaça.

— Meu nome é Mônica... Mônica Mendes — inspirou para se recompor, deveria ser mera coincidência — No que eu posso te ajudar?

— Eu precisar encontrar uma pessoa — respondeu, desdobrando a folha de ofício e expondo a foto do procurado. — Essa rapaz, você conhecer?

— O que você quer com ele? — perguntou Mônica, sem conseguir esconder o misto de medo e curiosidade.

— És um grande história. Você conhecer essa rapaz?

Jamais Mônica iria expor qualquer informação a respeito de seu garoto protegido para um estranho, apesar da semelhança lhe mostrar que o homem diante de si estava longe de ser uma ameaça, talvez ele fosse a resposta para muitas peças que giravam há muito em sua mente.

Mônica sabia de muitos acontecimentos do passado, mas nunca imaginou que o estranho pudesse ser quem parecia ser.

— Só se você me disser o que quer com ele aí eu decido se devo te falar alguma coisa.

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