25. Coelho

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— Eu vai procurar garotas, não aguentar mais ficar aqui com braços cruzados.

— Talvez tu teja certo mesmo — concordou Natália, balançando a cabeça — é melhor a gente procurar por eles.

— Sim, eu cansada esperar, meu filha pode não estar bem.

Jakob tinha razão, já fazia um algum tempo que os rapazes tinham sumido e não atendiam as ligações, deixando ambos impacientes à espera por notícias e plantados na lanchonete da faculdade.

— O problema é que eu não sei onde é a casa do pai de Lucas.

— Eu achar, você ficar aqui e esperar.

Natália não gostou da sugestão, franzindo a testa encarou o norueguês, estava farta de esperar por notícias e aquele pedido despertou em si um sentimento que sempre a acompanhava.

Sentimento de ser sempre a moça obediente que esperava e não agia.

— Eu não vou ficar aqui sentada igual uma abestalhada duma donzela em perigo.

— Poder ser perigoso. Eu não querer problemas para você.

— Sou eu que decido se eu vou ou fico, eu já sou dona das minhas vontades e eu vou.

— Mas...

— Eu tô cansada de decidirem o que é melhor pra mim. Eu tô cansada de ser coadjuvante na minha própria vida.

— Eu não saber se é melhor.

— Tu não tem que saber o que é melhor pra mim, eu é que sei. Tenho vinte anos, sou adulta, já tenho idade pra fazer minhas próprias escolhas e eu vou Jakob, eu vou!

Depois de um tempo, Jakob e Natália entraram no restaurante de Mônica que quando os viu correu em sua direção.

— Tá tudo bem com meu garoto? — indagou a mulher, limpando as mãos no avental.

— Mônica, por favor dizer onde ficar casa do Lucas.

— Tá tudo bem com o Lucas? — insistiu ela.

— A gente não sabe ainda — respondeu Natália — ele saiu da faculdade arretado depois que descobriu que o Jakob é pai dele e a gente acha que ele pode ter vindo atrás do Rui.

Pedro, o marido de Mônica, acompanhou Jakob até a casa de Rui.

Mesmo contra a própria vontade, Natália aceitou que deveria esperar no restaurante de Mônica. A moça concordou quando lembrou das inúmeras vezes que Lucas chegou na faculdade machucado depois de uma discussão com o pai não biológico.

— Eu queria ir lá ver se os meus amigos tão bem.

— Calma garota, o Jakob tá certo, talvez seja perigoso. O Rui é louco e a gente não sabe se ele pode tentar alguma coisa.

— Enquanto isso eu fico esperando aqui igual uma alesada.

— A gente espera um tempo e se eles não voltarem, vamos até lá às duas e chamamos a polícia — sugeriu a mais velha.

— A gente devia chamar a polícia agora, não?

— Ninguém nem sabe se o Lucas foi mesmo lá, isso é uma coisa que você e o tal Diego acham.

— É, porque a gente conhece o doido do Lucas.

— Eu também conheço o Lucas e sei que essa seria a primeira coisa que ele faria, mas mesmo assim não vamos meter os pés pelas mãos e o Pedro foi junto, ele vai saber interferir se alguma coisa acontecer.

Natália sacudia a perna e não conseguia tocar no suco de laranja sobre a mesa, olhando sempre para a porta em busca de notícias ou para a tela do celular desejando profundamente que os garotos dessem ao menos sinal de vida.

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