37. Triplo

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Por ser uma casa pequena a primeira impressão que passava é que a limpeza seria fácil, um grande engano. Levaram quase o dia todo arrumando tudo.

Mesmo com as divisões de tarefas, colocar tudo em ordem depois de anos de dedicação de Rui em fazer o oposto, foi uma missão quase impossível.

— Cacete, eu tirei uma mancha do colchão que juro que só insisti em tirar porque fiquei com medo de ser algum tipo de morfo — falou Natália, se jogando na cadeira diante da mesa da sala.

— Eu limpei um vômito debaixo do fogão, que deve tá lá há anos! — disse Diego, torcendo o nariz — Acho que o Rui não tinha mais onde vomitar, então afastou o fogão, vomitou e colocou de volta no lugar.

— Eu falei pra vocês que isso aqui é uma amostra grátis do inferno — Lucas disse, sentando no chão e deitando a cabeça no colo de Natália. — mas até que o inferno tá legal.

Os três olharam em volta. Realmente não era o paraíso, ainda tinham manchas nas paredes e pelo chão, marcas de toda uma vida de traumas de Lucas.

Agora estava diferente e o rapaz sentiu como se a casa fosse uma representação de si. Talvez algumas manchas nunca saíssem, todavia o impacto não era o mesmo e isso lhe dava uma sensação de recomeço.

Aos poucos o ambiente ganhava a forma que eles davam e não apenas Lucas, os outros dois também se sentiam em casa.

— Eu fico pensando que não adianta ter tudo se a gente não tiver o principal — falou Diego.

— Paz? — indagou Natália, lembrando de sua própria situação.

— Eu pensei em família.

— Família também não é tudo — interveio Lucas, lembrando-se do homem que o criou.

— Eu falo da família que a gente escolhe — explicou o outro.

— Eu acho que eu sei do que tu tais falando. Eu meio que falei sobre isso quando tava lá em ca... lá na casa de Caruaru.

Lucas depositou um beijo na mão da garota.

— Até ontem eu tinha tudo ou pelo menos eu achava que tinha e agora tô aqui com vocês e me sinto completo de um jeito que nunca senti antes — continuou o Playboy.

— Eu me sinto do mesmo jeito — concordou Nat, com um sorriso de satisfação.

— Vocês tão aí falando coisa bonita até o primeiro de nós soltar um peido — zombou o Viking.

— Estraga prazer de merda! — xingou Natália, empurrando a cabeça dele para longe.

— Mas é verdade! — debochou rindo — tão aí felizinhos até a pia ficar cheia de louça suja!

— Não tem máquina de lavar? — perguntou Diego, desmanchando o sorriso e olhando ao redor.

— Cara, você limpou a cozinha, viu alguma máquina de lavar por lá?

Diego encarava o Viking de queixo caído e os outros dois jovens caíram na gargalhada.

— Diego! — chamou Natália se recompondo — Te adianto que também não tem máquina de lavar roupa.

— Sério?

Uma nova onda de risadas tomou os dois, entretanto Diego continuava olhando o chão perplexo.

— Como vocês sobrevivem? — sussurrou o Playboy.

— Oxe, ralando o bucho no tanque, menino!

— Anjo, eu acho que a felicidade do fresco acabou de ir pro saco.

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