9. Pancadas

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Não desistiria agora, em algum momento alguém apareceria do outro lado.

Com a mão fechada em punho, Diego desferiu mais umas pancadas na porta de madeira diante de si.

Podia ouvir de onde estava, o som alto da televisão ligada em algum cômodo do barraco.

Deu alguns passos para trás buscando alguma possibilidade de entrada, não tinha o direito de invadir a casa de ninguém, mas mediante os últimos acontecimentos estava disposto a tudo.

Culpa preenchia sua mente fazendo seu corpo tremer e suar. Se não tivesse dito aquelas grosserias muito provavelmente Lucas estaria fora de perigo.

Por que não controlou sua maldita boca?

De que vale o orgulho masculino?

Qualquer um pode se apaixonar, se tivesse sido uma garota ele com certeza não agiria com tamanha idiotice.

No fundo sabia que foi o causador daquilo e que o acidente de Lucas não foi um acaso.

Poucos dias atrás o loiro tinha aberto seu coração sem ressalvas e agora foi maltratado por ter se apaixonado.

Um merda, era como Diego se sentia. Como pôde tratar mal alguém, ainda mais uma pessoa tão sofrida?

Olhando ao redor percebeu alguns homens mal encarados o observando. Com certeza ele não era considerado normal ali. Com suas roupas requintadas e seu carro estacionado na esquina da rua, deveria levantar suspeitas.

Invadir a casa não era uma opção. Aproximando-se da porta bateu com força novamente.

Ouviu o som de uma garrafa se estilhaçando e em seguida uma chuva de palavrões. Passos se aproximaram da porta e finalmente ela se abriu, deixando aparecer um homem baixo, atarracado, de cabelos negros e pele parda.

Olhando Diego de cima a baixo o homem perguntou de modo áspero:

— O que você quer, merda?

— Eu me chamo Diego e preciso falar com o pai do Lucas.

O homem franziu o cenho com desconfiança, mas abriu espaço para que o rapaz entrasse.

Não havia cerâmica e nem pintura, o teto era de zinco, mas pelo menos a casa era de tijolo. Uma única mesa sem cadeiras na sala e uma televisão velha que exibia o jogo de futebol.

Garrafas e bitucas de cigarros espalhadas, restos de comida sobre a mesa, era um ambiente sujo e com certeza deveria abrigar ratos e baratas.

— O que aquele desgraçado aprontou agora? — indagou o atarracado.

Pela má educação deveria ser ele mesmo o pai de Lucas e com certeza o loiro herdou tamanha beleza da mãe.

— Prefere sentar? Não trago boas notícias...

— Se ele morreu eu vou é comemorar! Vai caralho, fala logo que eu tô perdendo o jogo!

— Como você pode falar assim do seu próprio filho?

— Foda-se aquele moleque! Eu não sou pai de um assassino, você sabia que ele matou a própria mãe? — perguntou o homem.

— Eu nunca ouvi falar de bebês assassinos.

— Isso é o que ele contou pra você? — riu com deboche — Ele disse que era um bebê inofensivo quando a mãe morreu?... Canalha!

— Olha cara, eu acho que você tá bêbado...

— Não tô ainda, não! Mas poderia estar se você não tivesse socando a porra da porta. Fala caralho! Fala logo!

— Lucas sofreu um acidente, foi atropelado por um carro...

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