1. Jeca

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— Oi novato, seja bem vindo!... Pera, deixa eu me apresentar. Meu nome é Maiara, eu tenho vinte anos, sou solteira, sem filhos, nasci aqui mesmo no Rio de Janeiro, mas já viajei pra vários outros lugares, inclusive pra fora do Brasil, escolhi esse curso porque adoro...

Diego focou sua atenção nos seios da moça e tentou afastar para longe aquela voz aguda que não parava de tagarelar por um segundo sequer.

— Qual seu nome?

— Oi?

— Seu nome — repetiu ela.

— Diego.

O decote deixava a mostra um par de seios fartos, de pele macia e clara. Se ela não fosse tão falante, ele apostaria em um convite para uma noite quente e tinha plena certeza que ela não rejeitaria.

— E você?

— Eu? — indagou, afastando os olhos das mamas da moça.

— Sim, eu te fiz uma pergunta.

— Eu sei... eu só tava... pensando na resposta...

— É, realmente decidir a área de atuação não é uma escolha fácil. Se você quiser eu posso te ajudar.

— Eu... acho que talvez...

— Eu com certeza vou ajudar com o maior prazer. Sabe, quando eu era criança eu tinha um cabelo assim parecido com o seu meio crespo — Diego revirou os olhos — Nossa! Você é tão gatinho, acho que nunca vi um cara tão...

De certo modo, ele já estava acostumado com aquele assédio, ainda mais por garotas como aquela, que pareciam se atrair para além da beleza. Maiara devia ter notado as roupas caras que o rapaz usava e talvez tivesse visto o carro no qual chegou na faculdade.

Afastou os olhos daquela moça, queria jogá-la janela abaixo para quem sabe conseguir calar a voz irritante. Lembrava uma arara e ela não tirava os olhos do rapaz, como se ele fosse uma presa.

Decote nenhum valia a perda da audição, na opinião dele.

Um barulho de porta se abrindo atraiu a atenção de Diego e de repente, toda a sala de aula se calou para ver quem entrava.

Segurando a maçaneta da porta com certa força, estava o que parecia ser uma garota, a julgar pelas mãos pequenas, mas ele não tinha certeza.

Percebeu que ela enfiou primeiro a cabeça, relutante, como se a última coisa que quisesse fazer fosse entrar na sala de aula. Seus longos cachos caíram sobre os ombros enquanto o resto do corpo adentrou.

Logo, os demais alunos a ignoraram e voltaram às suas conversas paralelas, mas Diego não conseguia afastar os olhos da moça.

Ela era tão magra, baixinha e insegura. Ele podia notar a insegurança pela maneira rápida como entrou na sala, sem tirar os olhos do chão, encontrou um assento que era próximo ao dele e abriu o caderno quase enfiando a cabeça dentro.

— Oi! — se pegou cumprimentando.

Olhos pequenos piscaram várias vezes, talvez assustados em receber um cumprimento de outro ser humano.

— O-oi.

— Qual seu nome?

— N-N-N-Na...

— Oi Jeca, esse é o Diego, ele chegou hoje, ele veio de outra faculdade, transferiu o curso pra cá, tá morando sozinho... — pelo menos Maiara era boa em quebrar o gelo.

Diego passou os olhos pela garota e entendeu o motivo daquele apelido um tanto ofensivo, em sua opinião. A moça era tímida demais porém meiga, as mãos dela tremiam enquanto via que o rapaz a observava com curiosidade.

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