11. Imbecis

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Diego carregava um misto de satisfação e arrependimento. Difícil explicar como exatamente se sentia.

Com certeza ver que seus dois amigos próximos tinham levantado a bandeira branca da paz, dava-lhe um certo alívio.

Pois ele sabia bem a dor que Natália carregava devido a paixão por Lucas, ainda mais depois que a moça descobriu o desejo que o loiro cultivava por Diego.

Mesmo assim, ele não podia negar o incômodo que lhe perseguia desde que resolveu as coisas com o Viking. Não sabia exatamente como havia sido a conversa entre os amigos, só podia falar por si mesmo e sobre a pequena discussão que teve com Lucas.

No início estava decidido a contar tudo ao loiro, dizer-lhe que de alguma maneira sentia os mesmos desejos explodirem dentro do peito, precisava contar tudo, assim como sua amiga Manu sugerira.

Contudo, quando entrou em casa depois de encerrar a ligação com Manu e viu o Viking com os braços cruzados sobre o peito, o cabelo que normalmente era preso em coque bagunçado e os olhos verdes estreitos em sua direção.

Aquela postura ameaçadora fez Diego perder toda a coragem. Não que tivesse medo do outro... talvez fosse mesmo um pouco de medo, mas não de ser atacado, talvez temesse ser... rejeitado?

Meio controverso já que foi o loiro quem se declarou primeiro. Mas essas são as dúvidas que acompanham os apaixonados.

Apaixonados?

— E então? — perguntou Lucas.

— Oi? — indagou Diego, piscando várias vezes para tirar o foco de suas tantas conjecturas.

— Você disse que a gente precisa conversar, mas você tá parado aí há um tempão sem falar nada.

— Ah... bem... eu...

— Olha... se você acha que eu tô sendo um peso muito grande, sabe que não quero ficar aqui, né? Já falei que me viro muito bem sozinho.

Sim, se vira sozinho, já sabemos, pensou Diego.

Todavia, como começar aquela conversa?

O que ele diria?

Que sonhava com o loiro quase todas as noites depois daquela festa?

Que ainda sentia o gosto do beijo em sua boca?

Quente e adocicado.

Não.

— Eu preciso falar sobre a Natália.

— Tá, eu sei que eu fui um idiota com ela hoje — admitiu Lucas.

— Você foi mesmo. Na verdade você tem sido um idiota com ela há bastante tempo. Poxa cara, ela gosta de você!

— Mas eu não gosto dela — rebateu, franzindo a testa.

— Não tô dizendo que você tem que gostar dela, muito menos no sentido romântico, mas você pode pelo menos se esforçar pra ser menos babaca com alguém que tem se esforçado pra cuidar de você.

— Eu não pedi que ela cuidasse de mim — respondeu, voltando a cruzar os braços sobre o peito.

— E ela não tem obrigação mesmo, ninguém tem. Mas tanto eu como ela queremos o seu bem.

— Provavelmente porque vocês carregam algum tipo de culpa que não tem nada a ver comigo, mas vocês devem estar me usando como solução pros problemas de vocês.

Talvez aquele maldito Viking estivesse certo, de certo modo Diego sentia a responsabilidade de cuidar das pessoas, não fazia a menor ideia do porquê.

Contudo, tinha certeza que Natália carregava uma certa responsabilidade de agir como uma boa samaritana devido a religiosidade a que foi submetida por toda a vida.

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