13. Medos

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Quatro dias se passaram depois da situação constrangedora em que os três amigos foram inseridos. Se é que ainda poderiam ser chamados de amigos.

Mal se falavam, apenas o necessário devido a recuperação de Lucas. Apesar da alegria do loiro em ganhar a cadeira de rodas, ir de carro para a faculdade na companhia dos outros dois se tornou uma tortura.

Cada um estava preso em suas próprias dúvidas e medos.

Diego tentava fingir que não viu nada daquilo, tentava a todo custo parecer o mais tranquilo possível na presença dos dois, o que só piorava as coisas pois Lucas tinha cada vez mais certeza que seus sentimentos pelo Playboy não eram correspondidos.

Com menos necessidade a simpatia, Lucas simplesmente se fechou em seu mundo, respondia apenas o que lhe era perguntado e não fazia o menor esforço para olhar nos olhos de ninguém.

Estava pior do que antes.

Natália se sentia um lixo, Lucas sequer se esforçava para cumprimentar a moça, na verdade suas respostas eram mais do que evasivas tinham um tom grosseiro e seco.

Seu Lunga tinha voltado a todo vapor.

Apesar da baixa autoestima a que sempre se submeteu estava farta de fugir, de calar e com essa certeza procurou Lucas em um dia que Diego não estava em casa.

Oi! — Não obteve resposta ao cumprimento, sem permitir que a vontade de fugir a dominasse continuou — Eu... q-queria c-conversar.

— Não tô com saco pra sua gagueira infantil — respondeu Lucas, encarando a televisão.

Fúria substituiu a sensação de fraqueza, Natália ajeitou a postura e ergueu o queixo, sem esquecer de respirar antes para afastar aquela maldita gagueira, como Diego lhe ensinou e como o próprio Lucas também a instruiu quando ficaram pela segunda vez.

— Eu quero conversar contigo.

— Não temos nada pra conversar.

— Pelo visto tu é mais frouxo que eu!

— Como é? — indagou o loiro, finalmente direcionando os olhos para a garota.

— Tu se tranca nessa porra desse teu mundo pra fugir, parece que é durão, mas na verdade é o mais frouxo de nós três.

— Cuidado com o que fala...

— Tu vai fazer o quê? Me bater? — perguntou, inclinando o corpo na direção da cadeira de rodas.

— Não bato em mulheres.

— Tu só bate em árvores! Eu sempre pensei que tu se metesse em brigas por isso que chegava surrado na faculdade, mas não, tu engole tudo e deixa que a vida te espanque ou então espanca uma árvore. Se tu é frouxo pra ter uma conversa comigo então pode muito bem só ouvir.

— Eu não que...

— Eu não quero saber o que tu quer! Eu não vou mais ficar nessa merda de situação, ouvisse bem? A gente não fez nada de mais, a gente só ficou e Diego não parece querer deixar o clima pesado por causa disso, só tu que tais nessa leseira.

— Foda-se o Diego e foda-se você! Eu tô cansado de vocês dois!

— Não tá nada, tu gosta da gente e tá é confuso, tais mais perdido que barata envenenada.

Lucas estreitou os olhos para a garota e abriu um sorriso sarcástico no canto da boca que fez Natália dar um passo para trás.

— Acha que eu gosto de você?

— Pelo menos tesão por mim tu sente. Tu mesmo me falou.

— Acreditou naquilo?

— Acreditei, foi por isso que eu te beijei.

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