20. Céu

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Horas antes da experiência quase traumática de Lucas, Natália e Diego dividiam um vinho na sala de estar, tinham chegado há pouco tempo da sessão de terapia do loiro e como não estavam tão cansados como ele, ficaram conversando amenidades tentando ao máximo se desvencilhar das declarações feitas naquela tarde.

— Foi tu que decorou o apartamento?

— Foi sim. Você gosta? — perguntou Diego.

— Gosto, é meio masculino demais, mas é bonito. Eu colocaria um vaso de plantas naquele centro de vidro ali — falou, apontando para o móvel preto — e colocaria umas telas de pinturas nas paredes, de preferência coloridas.

— Eu já pensei em comprar umas telas, mas ainda não achei nada monocromático.

— Tudo aqui já é monocromático demais, as paredes cinzas dão até um toque sofisticado, mas também passa um pouco de tristeza.

— Gosto de praticidade.

— Percebi, mas talvez umas plantinhas de sombra caíssem bem.

— Nat?...

— Oi?

— Você não tá nem aí pra decoração do meu apartamento.

— Eu tô sim.

— Você se veste como uma vovozinha confortável, não é do tipo que liga muito pra decoração, eu te conheço. Para de fazer aquilo de novo.

— Aquilo o quê?

— Fugir.

— Como se tu não tivesse fazendo a mesma coisa — rebateu ela.

— Pois é... por isso tô interrompendo esse papo. Tá mais do que na hora de a gente parar de fugir.

Natália se recostou no sofá segurando firme sua taça de vinho e deu um longo gole antes de falar novamente.

— Tu queres falar sobre o que eu disse na clínica da psicóloga?

— Quero. Quando foi que você percebeu que gostava de mim?

— Eu acho que na festa eu senti um pouco de ciúme de tu lá com a peituda, mas a minha ficha só caiu mesmo quando eu te vi com Manu.

— Você pensou que eu tivesse alguma coisa com Manu?

— Pensei e fiquei doida de ciúme — respondeu a garota — fiquei com muita raiva dela no começo, mas depois a gente acabou virando amigas.

— Eu percebi vocês bem próximas e fiquei feliz por isso, Manu é uma boa pessoa e você precisa de uma amiga.

— Ela é uma fofa e eu já adoro ela.

— Conheci ela em Portugal e a gente já ficou sim, mas foi só uma vez, depois disso viramos amigos.

— Ela me contou e eu acho que agora é tu que tais fugindo da conversa.

Natália estava certa, respirando fundo Diego girou o corpo na direção da garota e perguntou o mais diretamente que conseguiu:

— Então você gosta de mim?

— Gosto.

— E como é esse gostar?

— Eu já falei... — agarrando a pouca coragem que tinha pôs a taça de vinho para o lado — Eu tô apaixonada por tu.

— E ele? — indagou, apontando na direção do quarto de hóspedes.

— Eu sei que é meio... doido, mas... eu sinto o mesmo por ele.

— Ah!... Então... — olhou para a própria taça de vinho — talvez não seja justo com ele.

— Como se ele sentisse alguma coisa por mim!

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