Capítulo Dez

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Eros Stackhouse:

Quando retornei à casa, pedi a Braxton o número de Emma e liguei para ela e Sabrina, pedindo que viessem nos ajudar. Elas trouxeram uma curandeira que prontamente começou a cuidar do garoto.

A curandeira olhou para o menino, que agora estava deitado na cama, e depois para mim e Braxton. Sua expressão era de julgamento, e era evidente que estava se perguntando o que havia acontecido com a criança para que ela chegasse a esse estado. Com um estalar de língua, ela murmurou algo em seu íntimo, aparentemente não muito satisfeita com a situação, e parecia nutrir algum desprezo por mundanos, o que me fez sentir um leve desconforto.

— Ele está doente e desnutrido — declarou a curandeira, depois de concluir o tratamento inicial do garoto. Ela continuou, observando o menino com atenção. — Pelo visto, seus pais o abandonaram. Consigo perceber que ele é uma mistura do sangue de uma bruxa e de um anjo. A marca de estrelas em seus olhos indica que o anjo é muito poderoso, algo raro, existindo apenas quatro desses no mundo.

Ela fez uma careta, como se estivesse desapontada com o que via. Murmurou algo desagradável e provavelmente lamentou a situação do garoto, que parecia ter sido negligenciado por seus pais.

— Ele vai ficar bem? — Perguntei, preocupado com o menino, que estava deitado na cama, com os olhos fechados e respiração fraca. Sua pele pálida e lábios azulados denunciavam o quão debilitado ele estava. Gotas de suor escorriam de sua testa.

— Vou prescrever alguns remédios, mas é essencial alimentá-lo adequadamente e garantir que descanse. — A curandeira respondeu, entregando-me um pequeno frasco contendo um líquido vermelho como calda de morango. — Ele precisa fazer refeições completas três vezes ao dia e tomar uma colher deste remédio após cada refeição.

Assenti com determinação.

Enquanto a curandeira preparava alguns equipamentos médicos na sala, percebi que Braxton não conseguia desviar o olhar do menino. Ele parecia profundamente preocupado e abatido com a situação.

— Mais uma vez, as pessoas não são o que parecem — a curandeira murmurou, olhando brevemente para mim. — Às vezes, a realidade é muito diferente da aparência. Que pessoa detestável.

Depois que a curandeira deixou o quarto, ouvi Braxton xingar baixinho, expressando sua frustração.

— Eros, me diga de onde você tirou essa criança? — Braxton finalmente perguntou.

— Eu o vi e percebi que estava em apuros, sofrendo terrivelmente. Simplesmente não pude ignorá-lo — expliquei, tentando transmitir meu ponto de vista. — Braxton, ele é apenas uma criança. Não merece passar por isso.

Foi então que Emma e Sabrina entraram no quarto, hesitantes, e fizeram a mesma pergunta.

— O que pretende fazer com esse garoto agora? — indagou Emma. — Pelo que vimos e pelas informações da curandeira, essa criança foi abandonada há dias. Acho que seria arriscado procurar pelo pai.

Braxton estava curioso e questionou:

— Por que não?

Sabrina respondeu com um suspiro, estalando a língua em desaprovação:

— A mãe dele está morta, e o pai é um arcanjo. Como deve saber, essa espécie é conhecida por ser violenta ou indiferente em relação às suas crianças. Não seria uma boa ideia confrontá-lo.

De acordo com o que a mãe de Braxton havia mencionado em mensagem, Emma e Sabrina eram conhecidas por serem excelentes com crianças e cuidariam bem do garoto. Tendo em vista a situação em que o encontramos, a prioridade era a recuperação da criança.

Sangue VerdadeiroOnde histórias criam vida. Descubra agora