Capítulo Três

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Eros Stackhouse:

O restaurante estava gradualmente se enchendo com a clientela matinal, e o grupo de jovens que havia chegado à cidade recentemente era agora uma atração à parte, cercado por uma pequena multidão de curiosos. Era uma cena familiar para mim, já que havia passado por algo semelhante quando perdi meus pais e Jeremy no acidente de carro. Observar a aglomeração me trouxe de volta memórias dolorosas que eu preferiria esquecer.

Ramona, minha melhor amiga, não conseguia esconder sua frustração com a curiosidade insaciável da cidade.

— O pessoal dessa cidade nunca deixa alguém que passou por uma tragédia descansar por um momento — ela comentou com pesar. — Lembro quando aconteceu com você e o Jeremy; eles não deixavam vocês dormirem ou se recuperarem dos ferimentos.

Decidi evitar a multidão e segui apressadamente em direção à entrada dos funcionários do restaurante. Sabia que, assim que me vissem, as pessoas começariam a fazer perguntas sobre lembranças que preferiria apagar de minha mente.

No entanto, no caminho para a entrada dos funcionários, esbarrei em alguém que me segurou pela cintura para evitar que eu caísse. Era Braxton Compton, me olhando com curiosidade enquanto segurava minha cintura de maneira delicada, mas firme.

Seus olhos brilharam com diversão ao olhar para o grupo do lado de fora.

— Então, você está tentando provocar ciúmes em alguém daquele grupo? — ele disse com um sorriso brincalhão. — Nós nos conhecemos apenas ontem, mas você já está apaixonado por minha beleza?

Sua observação me pegou de surpresa, e meu punho se moveu automaticamente, atingindo sua barriga com força. Braxton soltou um som abafado de surpresa e dor, mas não pareceu muito abalado.

Ramona, que estava observando tudo em silêncio até então, olhou para mim com os olhos arregalados.

— Nunca pensei que veria o "santo" Eros socando alguém — ela comentou, incrédula. — Me diga, a mão dele é pesada?

Braxton, recuperando-se de meu soco, apenas revirou os olhos enquanto eu passava por ele e seguia para a cozinha.

Os irmãos recém-chegados entraram no restaurante e se sentaram no balcão à minha frente, acenando animadamente. Bonnie, a garota, sorriu timidamente enquanto ajustava sua franja, e JP, o rapaz alto e de pele azeitonada, me observou com atenção, como se tentasse entender minha reação anterior.

— Bonnie, o que você fez com o seu cabelo? — perguntei a ela com um sorriso.

— Você gostou? Eu acho que me faz parecer mais alta — ela respondeu, seus olhos castanhos brilhando de excitação.

Me virei para JP e comentei sobre seu aspecto inalterado.

— JP, você não mudou nada — observei, estudando seu rosto.

Ele levantou uma sobrancelha e estudou minha expressão.

— Bem, você também não mudou muito, mas cadê o Eros que costumava ser único? Notei que estava fugindo dos fofoqueiros da cidade que estavam nos intimidando — ele disse, sua expressão suavizando.

Sorri com tranquilidade para os dois, sabendo muito bem o que significava ser alvo de fofocas na cidade.

— No início, as pessoas não sabem como agir, mas com o tempo elas acabam esquecendo as perguntas intermináveis — expliquei, tentando tranquilizá-los. — Foi o que aconteceu comigo.

JP, no entanto, continuou a olhar para mim, como se quisesse descobrir mais.

— Mas você tem um dom que pode fazer as pessoas obedecerem à sua vontade, certo? — ele perguntou, mantendo o olhar fixo em mim. — Deve ter sido fácil apenas dizer às pessoas para esquecerem o que aconteceu com você e sua família.

Sangue VerdadeiroOnde histórias criam vida. Descubra agora