Capítulo Onze

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Eros Stackhouse:

Peguei a colher cuidadosamente da mesa e coloquei-a nas pequenas mãos de Rafael. Ele olhou para a colher, seus olhos finos demonstrando hesitação. Tínhamos que dar a ele algo para compensar a falta de nutrição e administrar o remédio que o médico havia receitado. A sopa continha cenouras picadas e brócolis, e estava bem cozida para facilitar a digestão.

Rafael olhou para a sopa à sua frente, engolindo em seco. Quando viu pedaços de cenoura flutuando na sopa, ele silenciosamente colocou a colher de lado, afastando-a.

— Você não gosta de cenouras? — Perguntei, vendo-o franzir o rosto e empurrar o prato na minha direção com sua pequena mão, como se quisesse se livrar das cenouras, embora o som de seu estômago faminto ecoasse.

Ele olhou cautelosamente para mim, como se estivesse esperando minha reação. No entanto, eu estava sorrindo e minha expressão permanecia acolhedora.

— Se você comer bem essa sopa e ficar saudável, poderá brincar, não acha? — Sugeri, evitando repreendê-lo ou forçá-lo a comer algo que não gostasse. Traumas alimentares não seriam uma boa lembrança para ele no futuro.

Fui gentil em minhas palavras e ações, certificando-me de não causar um trauma em Rafael.

— Então, que tal combinarmos de comer apenas três colheres? — Propus.

— Três? — Ele perguntou, surpreso.

— Sim, apenas três. Nós conseguimos fazer isso. — Confirmei.

Rafael apertou os punhos e pareceu ponderar. Sua resposta veio da vontade de não me decepcionar, e eu acariciei sua bochecha, achando-a adorável.

— Agora... ah! — Exclamei.

Rafael abriu a boca obedientemente, permitindo que eu lhe desse uma colherada da sopa. Ele fechou os olhos e saboreou o alimento várias vezes antes de engolir.

— O que você acha? Faltam duas colheres, você consegue? — Perguntei, e ele assentiu.

Rafael abriu a boca novamente, desta vez com um pouco mais de confiança. Peguei a colher e lhe dei outra porção da sopa, e ele ficou surpreso por receber mais do que na primeira vez.

Eu ri do jeito como ele estava comendo a sopa, com as bochechas cheias como as de um hamster. Era uma visão adorável.

— Essa é a última. — Informei quando ele terminou a segunda colherada. A tigela de sopa estava agora mais vazia do que cheia. — Estou muito orgulhoso de você. Você consegue terminar isso?

Agora era hora de dar o remédio. Peguei o frasco que a curandeira me havia dado e o mostrei a Rafael, que olhou para o líquido rosado com curiosidade, mas manteve os lábios firmemente fechados.

— Bem, este é muito doce e saboroso. — Tentei convencê-lo, vendo-o morder o lábio.

No entanto, ele parecia relutante em tomar o remédio.

Decidi recorrer ao meu último recurso, algo que minha mãe costumava fazer para mim quando eu não comia bem quando criança. Levantei a mão segurando a colher, e ela começou a flutuar no ar, movendo-se suavemente em uma trajetória curva.

Os olhos de Rafael se arregalaram, e ele acompanhou o movimento da colher com a cabeça, encantado com a visão.

Isso me lembrou quando meu irmão Oscar movia a cabeça para seguir um de seus brinquedos, o que me fez sorrir interiormente.

— Ah! O avião está aterrissando, Rafael! — Anunciei e a colher que estava indo e voltando parou na frente de sua boca aberta. Ele não hesitou e aceitou a colher, permitindo que eu lhe desse o remédio.

Sangue VerdadeiroOnde histórias criam vida. Descubra agora