Capítulo Dois

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Eros Stackhouse:

Acordei no meio da noite, uma fina camada de suor cobrindo minha pele, e fui recebido pelo brilho prateado da lua cheia que invadia o quarto. O som suave da melodia de Jeremy, dedilhada em sua guitarra, preenchia o ambiente. Procurei às pressas pelo celular em meio aos cobertores, desorientado pela interrupção abrupta do meu sono. A tela iluminou meu rosto, revelando que eram três da manhã.

— Jeremy, são três da manhã, pare de tocar essa droga! — Gritei, me erguendo da cama e abrindo a porta com força.

Em resposta, o som da guitarra pareceu intensificar-se, como se desafiasse minha paciência. Juro que naquele momento, estava a um passo de quebrar aquele instrumento infernal, e dessa vez não estava falando da "Coluna do Jeremy". Resmungando irritado, fui até o quarto dele, sem pedir licença, e invadi aquele espaço caótico que ele chamava de quarto.

Arranquei o instrumento de suas mãos, e ele me encarou com uma expressão de total descrença.

— O que diabos você está fazendo no meu quarto? Devolve a minha guitarra — Ele protestou, agindo como se eu fosse o infrator na situação. — Estou tocando para tentar pegar no sono!

— Nesse caso, você só vai conseguir me fazer perder o sono. Graças a você, serei eu que ficarei sem dormir! — Retruquei, em tom áspero, e me concentrei no momento certo. — Já que agora são três da manhã, deite a cabeça no travesseiro e feche os olhos. Comece a roncar.

Apesar de me odiar um pouco por usar meu dom contra meu próprio irmão, o cansaço havia enfraquecido sua resistência mental e ele fez exatamente o que ordenei. Voltei para o meu quarto, carregando a guitarra com todo o cuidado do mundo, e a coloquei com carinho no meu guarda-roupa.

Me deitei novamente, agradecendo pelo silêncio que finalmente reinava, e rapidamente sucumbi ao sono.

**********************

Novamente, acordei em meio a um pesadelo avassalador. Gritei e me debati na cama, enquanto as imagens do terror pulsavam dentro de mim. Era como se o fogo e o sangue, o cheiro de fumaça e a lataria retorcida de um carro estivessem vividamente presentes. Figuras sinistras circundavam a mim e a um Jeremy chorando, envolvendo-nos em um pesadelo sufocante que me fazia sentir desespero.

— Eros! — Alguém me chamou, sacudindo-me com urgência. — Acorde, é só um sonho.

Meus gritos começaram a diminuir, e abri os olhos para ver Jeremy na minha frente, com uma expressão de desespero e confusão. Minha respiração frenética começou a se acalmar, e me recostei nele, apoiando minha cabeça em seu ombro. Jeremy me abraçou com delicadeza, como se quisesse me proteger da tormenta que acabara de experimentar.

— Está tudo bem — ele falou com calma. — Foi apenas um pesadelo, nada do que você viu é real.

— Eu sei disso — respondi, minha voz ainda fraca, enquanto meu coração continuava a pulsar descontroladamente.

Quando ele percebeu que eu estava mais calmo, inclinou-se em direção à mesinha ao lado da cama e acendeu o abajur. Em seguida, me olhou com uma expressão de preocupação, como se esperasse que eu começasse a gritar novamente.

— Pode ir agora, foi apenas um pesadelo muito vívido — falei, batendo em seu ombro, desejando que ele saísse logo. Não queria discutir meus sonhos ou, mais precisamente, pesadelos, que eram lembranças do acidente de carro que havíamos sofrido e que tirara a vida de nossos pais. — Estou bem agora, não há nada com que você deva se preocupar.

— Quando foi a última vez que você teve esses pesadelos? — ele perguntou, estudando meu rosto minuciosamente. — Já faz mais de um ano que isso não acontece. O que desencadeou o retorno disso? Você usou seu dom com mais força em alguém e ficou exausto.

Sangue VerdadeiroOnde histórias criam vida. Descubra agora