Eros Stackhouse:
Acordei no meio da noite, uma fina camada de suor cobrindo minha pele, e fui recebido pelo brilho prateado da lua cheia que invadia o quarto. O som suave da melodia de Jeremy, dedilhada em sua guitarra, preenchia o ambiente. Procurei às pressas pelo celular em meio aos cobertores, desorientado pela interrupção abrupta do meu sono. A tela iluminou meu rosto, revelando que eram três da manhã.
— Jeremy, são três da manhã, pare de tocar essa droga! — Gritei, me erguendo da cama e abrindo a porta com força.
Em resposta, o som da guitarra pareceu intensificar-se, como se desafiasse minha paciência. Juro que naquele momento, estava a um passo de quebrar aquele instrumento infernal, e dessa vez não estava falando da "Coluna do Jeremy". Resmungando irritado, fui até o quarto dele, sem pedir licença, e invadi aquele espaço caótico que ele chamava de quarto.
Arranquei o instrumento de suas mãos, e ele me encarou com uma expressão de total descrença.
— O que diabos você está fazendo no meu quarto? Devolve a minha guitarra — Ele protestou, agindo como se eu fosse o infrator na situação. — Estou tocando para tentar pegar no sono!
— Nesse caso, você só vai conseguir me fazer perder o sono. Graças a você, serei eu que ficarei sem dormir! — Retruquei, em tom áspero, e me concentrei no momento certo. — Já que agora são três da manhã, deite a cabeça no travesseiro e feche os olhos. Comece a roncar.
Apesar de me odiar um pouco por usar meu dom contra meu próprio irmão, o cansaço havia enfraquecido sua resistência mental e ele fez exatamente o que ordenei. Voltei para o meu quarto, carregando a guitarra com todo o cuidado do mundo, e a coloquei com carinho no meu guarda-roupa.
Me deitei novamente, agradecendo pelo silêncio que finalmente reinava, e rapidamente sucumbi ao sono.
**********************
Novamente, acordei em meio a um pesadelo avassalador. Gritei e me debati na cama, enquanto as imagens do terror pulsavam dentro de mim. Era como se o fogo e o sangue, o cheiro de fumaça e a lataria retorcida de um carro estivessem vividamente presentes. Figuras sinistras circundavam a mim e a um Jeremy chorando, envolvendo-nos em um pesadelo sufocante que me fazia sentir desespero.
— Eros! — Alguém me chamou, sacudindo-me com urgência. — Acorde, é só um sonho.
Meus gritos começaram a diminuir, e abri os olhos para ver Jeremy na minha frente, com uma expressão de desespero e confusão. Minha respiração frenética começou a se acalmar, e me recostei nele, apoiando minha cabeça em seu ombro. Jeremy me abraçou com delicadeza, como se quisesse me proteger da tormenta que acabara de experimentar.
— Está tudo bem — ele falou com calma. — Foi apenas um pesadelo, nada do que você viu é real.
— Eu sei disso — respondi, minha voz ainda fraca, enquanto meu coração continuava a pulsar descontroladamente.
Quando ele percebeu que eu estava mais calmo, inclinou-se em direção à mesinha ao lado da cama e acendeu o abajur. Em seguida, me olhou com uma expressão de preocupação, como se esperasse que eu começasse a gritar novamente.
— Pode ir agora, foi apenas um pesadelo muito vívido — falei, batendo em seu ombro, desejando que ele saísse logo. Não queria discutir meus sonhos ou, mais precisamente, pesadelos, que eram lembranças do acidente de carro que havíamos sofrido e que tirara a vida de nossos pais. — Estou bem agora, não há nada com que você deva se preocupar.
— Quando foi a última vez que você teve esses pesadelos? — ele perguntou, estudando meu rosto minuciosamente. — Já faz mais de um ano que isso não acontece. O que desencadeou o retorno disso? Você usou seu dom com mais força em alguém e ficou exausto.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Sangue Verdadeiro
FantasyEros Stackhous, perdeu os pais ainda jovem e vive resolvendo as confusões do irmão, Jeremy. Certo dia, depois de voltar do horário do almoço, encontrou um rapaz no restaurante, nesse dia conhece Braxton Compton, um homem mistérioso que irá mudar com...