Capítulo Cinco

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Eros Stackhouse:

— É realmente rude afastar-se durante uma conversa, não acha? — Braxton disse, e eu me virei para ele, forçando um sorriso contido, resistindo ao impulso infantil de mostrar a língua. — Estou errado?

Tentei ignorá-lo, mantendo meus olhos longe dele, enquanto observava Ramona prestando atenção em nossa direção, curiosa para saber o que estávamos discutindo.

— Acho que não — ele murmurou, presunçoso.

— Por que isso te interessa tanto? — perguntei, irritado, mantendo minha postura distante.

— Boa pergunta — ele murmurou baixinho. — Acho que é divertido me provocar um pouco.

Suspirei, fechando a cara diante de seu comportamento.

— Braxton, você é um verdadeiro idiota! — falei com rudeza. — Estou trabalhando, vá importunar outra pessoa, você já me irritou o suficiente em apenas alguns segundos de conversa.

Mesmo que apenas ele estivesse falando, eu fazia o possível para ignorar sua existência e sua voz.

— Vai ignorar seu cliente? — Braxton perguntou, fingindo inocência. — Que péssimo funcionário você é.

Virei-me em sua direção com o sorriso mais falso que consegui criar, controlando minha mente e meu corpo para evitar lançar algo em sua direção.

— O que deseja? — perguntei, tentando simular calma. — Seja sincero comigo, diga o que quer.

Ele pareceu congelar no lugar, mordendo o lábio tão intensamente que parecia que iria machucá-lo e deixar uma marca em seu lábio inferior. No entanto, observei que o corte que estava fazendo começou a cicatrizar em questão de segundos.

— Eu... quero... — ele murmurou entre dentes, com uma expressão angustiada e voz confusa.

Foi então que percebi o que estava acontecendo. De alguma forma, sem querer, eu havia usado meu dom nele, e ele estava lutando contra sua vontade de revelar o que realmente desejava de mim. Seus lábios se moveram, mas antes que pudesse continuar, o som de duas buzinas estridentes do lado de fora interrompeu nossa conversa.

Olhei pela janela, vendo carros buzinando um para o outro devido a uma manobra errada na sinalização.

— Me desculpe — eu disse, virando-me de volta para Braxton, que parecia aliviado. — Não consegui ouvir o que estava dizendo por causa do barulho lá fora. E também peço desculpas por ter usado meu dom em você sem querer. Não era minha intenção.

— Estou dizendo que queremos um lanche para nossa mesa e, para mim e meu irmão, apenas um pouco de água — ele respondeu, parecendo cauteloso.

Olhei para ele sem pensar, sabendo que minha ação anterior havia causado desconforto ao forçá-lo a agir contra sua vontade.

Ramona então me chamou para ajudá-la com uma série de pedidos, e eu me virei aliviado para cumprir minha tarefa, deixando um constrangedor silêncio entre mim e Braxton.

— Braxton parece estar de bom humor hoje — comentou Ramona com um sorriso malicioso. — Pelo menos, foi o que pude perceber pela conversa de vocês. Parece que vocês se entendem bem.

Eu estava prestes a explicar que não era bem isso, mas achei melhor não entrar em detalhes sobre o que havia acontecido de verdade. Afinal, eu mesmo não tinha certeza do que estava acontecendo.

Eu lutava para me concentrar nas conversas animadas de Ramona enquanto servíamos o grande pedido da mesa. A presença de Braxton, com seu comportamento intrigante e a confusão em minha mente, tornava tudo ainda mais complicado naquele dia agitado no restaurante.

Sangue VerdadeiroOnde histórias criam vida. Descubra agora