Capítulo Doze

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Eros Stackhouse:

A atmosfera na sala de jantar estava animada, com Rafael rodeado por mim, Jeremy e nossos amigos sobrenaturais. Ramona, Tatiana e Tate estavam fazendo o possível para tornar o almoço uma experiência agradável para o garoto. Rafael olhava para todos eles com curiosidade, especialmente para Ramona, que insistia para que a chamasse de "tia Ramona".

— Isso mesmo, me chame de tia Ramona — ela disse novamente, sorrindo alegremente para o garotinho.

Enquanto todos conversavam e riam, eu me sentia um pouco envergonhado pela forma como a situação tinha se desenrolado. Nunca havíamos revelado a existência de Rafael para nossos amigos, e agora eles estavam conhecendo nosso primo mais novo de uma hora para outra.

Tatiana não perdeu a oportunidade de provocar.

— Jeremy, eu sou sua melhor amiga, deveria me contar que o tio de vocês adotou uma criança. — Ela falou, rindo.

Jeremy olhou para mim com um olhar de gratidão pelo fato de nosso tio morar longe e não ser uma presença constante em nossas vidas na cidade. Era óbvio que ele não queria ter que explicar a situação para ninguém.

Lembrei-me dos tempos em que éramos crianças, brincando no parque com nossos poderes recém-descobertos. Nossa mãe, com seu olhar carinhoso, observava enquanto nosso pai ria com um jovem chamado Maxuel. Era uma memória que eu estava começando a recuperar aos poucos, e isso me deixava emocionado.

— Vocês estão tratando o Rafa muito bem, mas acho que ele está confuso sobre por que vocês vêm aqui todos os dias. — Jeremy falou, tentando amenizar a situação.

— Parece que sim, mas eles são legais. — Falei com um sorriso. — Dão um pouco de vida para esta casa.

Minha mãe costumava tratar todos os nossos amigos como pessoas importantes e valorizava muito a companhia deles. Era a primeira vez que expressava esse desejo de ser como ela, de cuidar dos outros e criar um ambiente alegre e acolhedor. Essa mudança estava me surpreendendo, assim como estava surpreendendo meus amigos.

Ramona percebeu minha hesitação e preocupação e perguntou se eu estava bem.

— Não é nada, apenas pensei em algo. — Falei, tentando afastar a melancolia que estava sentindo. — Estou completamente bem.

No fundo, sabia que estava fugindo de meus próprios pensamentos sobre Braxton. Desde aquele dia, ele havia desaparecido de minha vida sem deixar rastros, e eu estava tentando evitar enfrentar a dor de ter sido traído. Decidi que, se fosse para ficar deprimido e preocupado com alguém, seria por Rafael, que precisava se recuperar e prosperar. Braxton, afinal, era um vampiro de 175 anos e poderia cuidar de si mesmo.

A refeição transcorreu de forma agradável, com todos compartilhando histórias e risadas. Era bom ver Rafael se abrindo para nossos amigos sobrenaturais, e eles, por sua vez, estavam fazendo um ótimo trabalho em tornar o garoto confortável.

Após o almoço, enquanto todos ajudavam a recolher a mesa, Ramona se aproximou de mim com um olhar preocupado.

— Eros, você tem certeza de que está bem? — Ela perguntou novamente, não parecendo satisfeita com minha resposta anterior.

Suspirei e olhei para ela, reconhecendo sua preocupação genuína. Ramona era minha amiga de longa data e conhecia minha natureza reservada.

— Ramona, obrigado por se importar. Eu só tenho muitas coisas na cabeça ultimamente, especialmente com Rafael aqui. — Expliquei, tentando ser honesto com ela.

Ela assentiu compreensiva, mas ainda parecia preocupada.

— Se precisar conversar sobre qualquer coisa, estou aqui para você, sabia? — Ela disse, colocando a mão em meu ombro.

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