Eros Stackhouse:
No dia seguinte, a sensação de desconforto se intensificou ainda mais, exacerbada pela chuva incessante que criava um véu opaco de nuvens densas no céu. A visibilidade na rua era comprometida, mas ainda assim, cada objeto e detalhe se destacavam em meio ao cinza.
O cansaço persistia, uma noite mal dormida atormentada pelos ecos do vento e os barulhos que me remetiam à figura sombria que havia avistado na noite anterior. Durante toda a manhã, a apreensão em relação ao almoço cresceu, temendo os olhares inquisitivos de Jeremy, que claramente percebia algo errado.
Em nossa casa, a tarefa de cozinhar recaía sobre mim, pois Jeremy se limitava a habilidades culinárias básicas, como fritar ovos e bacon ou preparar uma tigela de cereal. Assim, era minha responsabilidade cuidar da cozinha quando estávamos em casa. Ele demonstrava grande interesse em transferir as chaves do salão de banquetes para mim.
Foi quando percebi que estávamos desprovidos de comida em casa. Com isso em mente, elaborei uma lista de compras e entreguei o dinheiro a Jeremy, instruindo-o a ir até o mercadinho no final da rua. Dirigi-me à porta dos fundos, contemplando o quintal, onde as árvores e a grama ondulavam sob a influência do vento.
Conforme me aproximava, uma sensação de alerta me invadiu, indicando que alguém havia se aproximado perigosamente. Sem pensar, reagi instintivamente, executando uma manobra ofensiva que eu não usava desde que havia abandonado meus treinamentos de autodefesa há dois anos. Era uma reação impulsiva, impulsionada pelo medo, mas sem esperança real de sucesso. O intruso era um lutador experiente e notavelmente ágil, superando-me com facilidade.
Suas mãos entraram em contato com meu corpo, lançando-me para trás. Não creio que sua intenção fosse me ferir gravemente, provavelmente apenas desejava me afastar, mas minha falta de coordenação comprometeu minha capacidade de reação. Enquanto caía em direção à grama, prevendo uma queda dolorosa, algo inesperado ocorreu.
Antes que eu pudesse atingir o solo, o homem estendeu a mão com uma destreza igual à que havia usado para bloquear meu golpe. Ele me segurou, permitindo que eu recuperasse o equilíbrio, mas seus olhos estavam fixos em meu pescoço. Era o mesmo homem que eu havia avistado no dia anterior.
Ele se aproximou e revelou presas afiadas, enquanto eu lutava para conter minhas emoções.
— Afasta-se e guarda teu objeto de proteção solar — exigi, e o estranho parou abruptamente. — Guarda-o agora! Quem é você? E por que está espionando minha casa e a mim?
Ele me soltou e retirou um anel de sua mão, revelando sua identidade.
— Este é meu irmão — ouvi uma voz atrás de mim e me virei surpreso, encontrando Braxton. — Carter, então foi você quem veio atrás do Eros na madrugada? Que coisa feia, irmãozinho.
Carter rosnou em direção ao irmão mais velho, e eu, confuso, me afastei.
— O que diabos está acontecendo em minha casa? — gritei. — Seu irmão não parece muito esperto; por que diabos ele me atacou?
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Aguardava em silêncio, com o coração cheio de raiva contida, enquanto os dois homens à minha frente permaneciam em absoluto silêncio. Apesar de meu desejo ardente de utilizar meu dom para desvendar o que estava ocorrendo, mantive a compostura.
Finalmente, joguei o anel para Braxton, cujo olhar expressava total desilusão em relação ao irmão.
— Não pretendem dizer nada? — indaguei, indignado, ignorando os Compton enquanto Braxton me seguia, puxando o irmão pela manga e desaparecendo de minha vista. — Malditos.
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Sangue Verdadeiro
FantasyEros Stackhous, perdeu os pais ainda jovem e vive resolvendo as confusões do irmão, Jeremy. Certo dia, depois de voltar do horário do almoço, encontrou um rapaz no restaurante, nesse dia conhece Braxton Compton, um homem mistérioso que irá mudar com...