Capítulo Quarenta e Três

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Eros Stackhouse:

Acordei de um pesadelo angustiante, mergulhado em um turbilhão de imagens sangrentas, monstros e uma figura sinistra no centro, gargalhando diabolicamente. Com um susto que me fez engasgar, meus olhos se abriram abruptamente. Encontrei-me deitado e encolhido no canto sombrio de uma caverna, com uma corrente encantada que Logan havia habilmente preso ao meu tornozelo agora se movendo de maneira inquietante.

No passado, essa situação teria me deixado dolorido e desconfortável, mas agora era apenas um incômodo. Minha visão de vampiro se ajustou rapidamente ao ambiente, enquanto eu lentamente direcionava minha atenção para o que estava à minha frente. No canto oposto da caverna, uma figura encapuzada permanecia imóvel, completamente envolta em um manto cinza com o capuz erguido.

Com um gesto fingido de desconforto, pus as mãos na barriga e depois no peito, como se estivesse tendo dificuldade para respirar profundamente. A figura encapuzada me observava atentamente.

— Não vai acabar vomitando, vai? — perguntou a figura, revelando um traço de preocupação. — Logan disse que o feitiço de teletransporte às vezes causa esse efeito colateral.

A figura encapuzada começou a se mover em minha direção, e finalmente pude ver o rosto de uma jovem que devia ter minha idade. Seus cabelos castanhos estavam amarrados em uma trança, e seus olhos verdes eram penetrantes. Ela abaixou o capuz e notei duas adagas presas à sua cintura. Ela estendeu a mão na minha direção.

— Sou Marceline Eastwood — disse ela com calma. — Somos meio que primos. Bem, sua mãe fugiu da nossa família e levou o colar.

Olhei para sua mão, hesitando por um momento, antes de finalmente estendê-la em cumprimento. Mesmo que estivéssemos em lados opostos neste momento tenso, a expressão magoada em seu rosto me fez sentir um certo remorso por minha desconfiança.

— Por que Logan precisa de mim aqui? — perguntei, observando atentamente sua reação. Era a primeira pergunta que surgiu em minha mente, mas, naquele momento, comecei a entender a verdadeira razão por trás de tudo. — Posso imaginar que, nesta situação, vocês planejam me usar como moeda de troca para obter o colar dos caçadores sobrenaturais.

— Exatamente — respondeu Marceline. — Você é a única pessoa que ele poderia usar como barganha. Ele teve que usar um feitiço bastante complexo, na verdade, ele precisou...

Ela parou abruptamente, recuperando a compostura.

— Quero dizer, é exatamente o que você está pensando. Vamos usar você como moeda de troca para negociar com aqueles malditos que têm o colar.

Dessa vez, fui eu quem a observou atentamente, percebendo sua curiosidade em relação a feitiços. A ironia não passou despercebida: caçadores, que geralmente detestam submundanos como eu, estavam se aliando a um herege em busca de uma maneira de destruir todos nós.

Uma faísca de compreensão acendeu em minha mente. Ninguém aqui parecia saber que o colar já havia perdido seu poder. Isso era mais uma vantagem do meu lado.

Meu instinto de caçador começou a se preparar para o confronto iminente. Segurei firme tudo o que poderia ser útil para minha proteção e comecei a avaliar como poderia usar a situação a meu favor, enquanto aguardava o momento em que meus aliados me localizassem e entendessem os planos de Logan e seus comparsas.

Nesse momento, um som ecoou distante no túnel que levava à porta da caverna. Estava tão escuro que mal podia enxergar, mas conseguia ouvir a respiração pesada de um homem se aproximando. Uma luz começou a iluminar o caminho, indicando que alguém estava vindo na nossa direção.

Eu rolei os olhos para a corrente em meu tornozelo da maneira mais discreta possível, observando a reação de Marceline.

— Não perca seu tempo — disse ela calmamente. — Não conseguirá se livrar dessas correntes, e mesmo que fugisse, eu te alcançaria. Sou muito mais veloz do que você.

Sangue VerdadeiroOnde histórias criam vida. Descubra agora