Capitulo 65

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Voldemort desviou o olhar de Harry e começou a examinar o próprio corpo. Suas mãos eram como aranhas grandes e pálidas; seus longos dedos brancos acariciaram o próprio peito, os braços, o rosto; os olhos vermelhos, cujas pupilas eram fendas, como as de um gato, brilhavam ainda mais no escuro. Ele ergueu as mãos e flexionou os dedos com uma expressão arrebatada e exultante.

Não deu a menor atenção a Rabicho, que continuou tremendo e sangrando no chão, nem à enorme cobra, que reapareceu em cena e recomeçou a descrever círculos em torno de Harry, sibilando. Voldemort enfiou um dos dedos anormalmente longos em um bolso fundo e tirou uma varinha. Acariciou-a gentilmente, também; depois ergueu-a e apontou-a para Rabicho, e ela o guindou do chão e atirou contra a lápide a que Harry estava amarrado; o bruxo caiu aos pés da lápide e ficou ali, encolhido, chorando. Voldemort voltou seus olhos vermelhos para Harry e soltou uma risada, aquela sua risada aguda, fria e sem alegria.

Alcivan respirou fundo, ele era a única chance que o irão tinha de sair vivo dali, Voldemort nem sonhava da presença do sonserino no lugar, mas ele não poderia ser burro e atacar a qualquer hora, tinha que ser esperto, ou os dois morreria ali. Antes ele estava em choque de mais para fazer alguma coisa, mas agora... tendo noção que podem não sair vivos dali, ele decidiu por o medo de lado e focar em tudo que poderia fazer para salvar o irmão.

As vestes de Rabicho agora estavam manchadas de sangue brilhante; o bruxo enrolara nelas o toco de braço.

– Milorde... – disse ele com a voz embargada – milorde... o senhor prometeu... o senhor prometeu...

– Estique o braço – disse Voldemort indolentemente.

– Ah, meu amo... obrigado, meu amo...

Rabicho esticou o toco sangrento, mas Voldemort deu uma gargalhada.

– O outro braço, Rabicho.

– Meu amo, por favor... por favor...

Voldemort se curvou e puxou o braço esquerdo de Rabicho; empurrou a manga das vestes do servo acima do cotovelo e Harry viu que havia uma coisa na pele, uma coisa que lembrava uma tatuagem vermelho-vivo – um crânio, com uma cobra saindo da boca –, a mesma imagem que aparecera no céu na Copa Mundial de Quadribol: a Marca Negra. Voldemort examinou-a demoradamente, sem dar atenção ao choro descontrolado de Rabicho.

– Reapareceu – comentou ele baixinho –, todos deverão ter notado... e agora, veremos... agora saberemos...

Ele comprimiu a marca no braço do servo com seu longo indicador branco. A cicatriz na testa de Harry ardeu com uma dor aguda e Rabicho deixou escapar um uivo. Voldemort afastou o dedo da marca em Rabicho e Harry viu que ela se tornara muito preta. Com uma expressão de cruel satisfação no rosto, Voldemort se endireitou, atirou a cabeça para trás e começou a examinar o escuro cemitério.

– Quantos terão suficiente coragem para voltar quando sentirem isso? – sussurrou ele, fixando seus olhos vermelhos e brilhantes nas estrelas. – E quantos serão bastante tolos para ficar longe de mim?

Ele começou a andar de um lado para outro diante de Harry e Rabicho, seus olhos percorrendo o cemitério todo o tempo. Decorrido pouco mais de um minuto, ele tornou a olhar para Harry, um sorriso cruel deformando seu rosto viperino.

– Você está em pé, Harry Potter, sobre os restos mortais do meu pai – sibilou ele baixinho. – Um trouxa e um idiota... muito parecido com a sua querida mãe. Mas os dois tiveram sua utilidade, não? Sua mãe morreu tentando defendê-lo quando criança... e eu matei meu pai e veja como ele se provou útil, depois de morto...

Voldemort soltou outra gargalhada. Para cima e para baixo ele andava, olhando para os lados, e a serpente continuava a circular no meio do capim.

– Você está vendo aquela casa lá na encosta do morro, Potter? Meu pai morava ali. Minha mãe, uma bruxa que vivia no povoado, se apaixonou por ele. Mas foi abandonada quando lhe contou o que era... ele não gostava de magia, meu pai...

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