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Babi on

Meu corpo tá me matando, gente isso não tá certo. Tenho a coluna de uma senhora de 84 anos. Sem faltar no meu joelho que fez um barulho estranho quando eu levantei.

Babi: bom dia - entro na cozinha. Preciso de café preto, o mais concentrado possível.

Dou dois passos na direção da cafeteira,  mas paro  quando o Arthur ri baixinho. Viro a mesma hora encarando esse projeto de traficante.

Coringa: deixa de ser otário- ele taca um pedaço de pão no amigo.

Babi: alguma piada que queira compartilhar com seus colegas - cruzo os braços.

Crusher: não.

Babi: se liga moleque. Melhor  dormir com um olho aberto. Só por precaução- vou até a cafeteria e ponho uma cápsula de expresso .

Crusher: não gosto que a nossa amizade seja baseada em ameaça e medo. Você me ameaça eu fico com medo.

Babi:  coração- me aproximo do Victor apoiando minha mão no ombro dele. Tenho a impressão que ele ficou tenso com o meu toque.- se rolar uma invasão, no lugar do seu gerente ir para treta, ele vai se esconder no banheiro, chupar o dedo e chorar.

Coringa: para de me chamar assim - ele resmunga. Seguro o rosto dele fazendo uma boquinha de peixe nele.

Babi: que dozinha dele, só judiam dele- me afasto pegando meu expresso.

Crusher: "coração" é um apelido fofo.

Babi: mas eu uso para irritar ele. Não tem nada de fofo nisso.

Crusher: você finge que quer irritar ele e o trouxão ai finge que se irrita.

Coringa: cala a boca.

Crusher: vocês deviam parar de implicância, assumir que se atraem um pelo outro, transar e me deixar em paz.

Babi: que insistência, tá querendo um ménage e não tá sabendo pedir? Confesso, Victor e eu somos bem atraentes.

Crusher: entrem um no cu do outro outro. Desisto de vocês dois, cu doce do caralho. - ele sai da cozinha.

Babi: ih, ficou putinho.

Coringa: ele tá estressado com o quatro é par de ontem.

Babi: tenho paciência para isso não- me sento na frente do Victor- ranço que homens que não joga limpo e depois que leva o pé na bunda fica choramingando.

Coringa: na minha humilde opinião você odeia homem em geral.

Babi: tá certo. Mas em minha defesa não tive boas experiências.

Coringa: eu faria qualquer coisa só para saber como você chegou onde tá, para ver toda aquela merda sangrenta que você falou

Babi: tem coisas que a gente prefere não compartilha, nem toda história de conquista é bonita. Tipo a sua.

Coringa: verdade.

Babi: mas quem sabe eu não te conto no futuro.

Coringa: você é uma vergonha para a sociedade.

Babi: tá maluco ? Essa porra tá crua.

Coringa: o gosto tá ótimo.- ele põe outro pedaço na boca

Babi: hmm, delícia. Gostinho de sangue.

Coringa: essa sua carne aí que da vergonha.

Até por carne a gente discute, a gente não consegue não ficar se farpando. Faz parte de quem somos.

Coringa: baile de sexta vai ter Orochi.

Babi: colírio para os meus olhos - suspiro - tenho uma tara por rappers.

Coringa: você é uma assanhada. Tem tara por todo mundo.

Babi: sei apreciar as coisas boas da vida.

Coringa: sabe não, senão não estaria comendo carne queimada.

Babi: não tá queimada. Tá ótima .

Coringa: como foi o seu encontro? - olho desconfiada pra ele - só tô puxando assunto.

Babi: não foi um encontro, não dá minha parte. Só fui por causa da Carol. Era uma festinha no Complexo e ela não tava muito confiante.

Coringa: hmm...

Babi: a sua noite deve ter sido boa. Cheguei às três da manhã, e você e seu amiguinho estavam deitados no tapete da sala depois de ter enchido a cara.

Coringa: lembro disso não - abro um sorriso.

Babi: é estranho.

Coringa: o que ?

Babi: a gente mora na mesma casa a dois meses e nem nos conhecemos.

Coringa: a gente se conhece - nego

Babi: no máximo, nós conhecermos o corpo um do outro.

Coringa: besteira.

Babi: eu tenho irmãos? Qual a minha comida favorita ? Minha cor favorita ? A pessoa mais importante do mundo pra mim? Quantos anos eu tenho ? A gente não se conhece.

Não que ele queira me conhecer, ou conhecer ele .

Mas é estranho morar com alguém que você não conhece. Tipo como eu vou saber que ele não tem uma cópia da chave do meu quarto e vai invadir de noite para me matar?

Como ele confia em mim lá dentro ?

Coringa: qual a sua cor favorita?

Babi: coração- reviro os olhos

Coringa: qual a sua cor favorita ? - ele me encara.

Babi: gosto da cor preta e da vermelha. Sua vez - dou de ombros.

Coringa: um nunca parei para pensar em  qual a minha cor favorita- ele faz careta- preto, hmm... cinza e branco.

Babi: poxa, jurava que ia ser alguma cor florescente- ele revira os olhos.

Coringa: nome dos seus pais ?

Babi: Flaviana e Oscar. Os seus ? - tomo um gole do meu suco.

Coringa: minha mãe se chamava Angélica e meu pai Carlos.- concordo-  quem é pessoa mais importante do mundo pra você ?

Babi: ninguém.

Coringa: que ?

Babi: não existe uma pessoa por quem eu morreria e mataria, pera matar não é tão incomum no nosso mundo. Não existe um pessoa por quem eu botaria tudo em risco, alguém que eu  boataria na frente do meu trabalho. E você?

Coringa: acho que é o Arthur. Ele é o meu melhor amigo, sei lá....

Babi: você faria qualquer coisa por ele?

Coringa: sim. É como um irmão pra mim.

Não me vejo pondo alguém na frente do meu trabalho.

Libertina Onde histórias criam vida. Descubra agora