Amy

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Amy chega cedo para abrir a lanchonete pela sétima vez nessa semana. Eduard está cada dia mais estranho, tem dias em que ele vai à lanchonete somente para pegar alguns papeis e sai correndo e nos poucos dias em que fica por mais algum tempo ele se tranca no escritório e permanece lá inerte em seus pensamentos.

Eduard fica se esquivando das tentativas de Amy de conversar. Mas hoje ela está decidida a saber o que está acontecendo com ele, esse comportamento esquisito dele tem tirado o sono dela, com certeza alguma coisa muito ruim está acontecendo.

Ela começa a arrumar as mesas e a varrer o salão enquanto espera Eduard chegar e não demora muito para que ela escute o sino da porta tocar.

Amy se vira alegre esperando ver o sorriso bobo de Eduard, mas quem entra pela porta é Kelly.

— O que está fazendo aqui tão cedo Kelly? – Amy pergunta confusa.

— Eduard me ligou ontem à noite e pediu para eu vir te ajudar agora cedo, parece que ele tinha algumas coisas para resolver no centro da cidade.

— De novo? – Amy sorri, mas não consegue esconder a preocupação. – Você não tem achado ele muito estranho esses dias?

— Parece que ele não está nos seus melhores dias. – Kelly responde enquanto tira o casaco.

— Você faz ideia do que pode estar acontecendo?

— Você está me zoando Amy? – Kelly responde. – Se ele não contou pra você, com certeza não contou pra mais ninguém.

— Se isso um dia foi verdade, não é mais... ele parece não estar querendo falar muito comigo nos últimos dias. – Amy diz pensativa.

Eduard chega à lanchonete por volta das dez horas da manhã e pela expressão em seu rosto Amy sabe que tem alguma coisa errada.

Amy fica esperando uma oportunidade para conversar com Eduard, mas ele passa o dia tentando evita-la e isso só faz Amy querer confronta-lo ainda mais.

Quando Eduard finalmente entra no escritório, Amy invade o lugar.

— Que diabos está acontecendo Eduard? – Amy pergunta depois de abrir a porta abruptamente.

— Não está acontecendo nada Amy. – Amy pode ver que Eduard está mentindo descaradamente.

— Se você vai começar a mentir pra mim, vai precisar fazer melhor do que isso Ed. – Amy diz irritada.

— Não é algo que você possa me ajudar Amy. - Eduard esfrega as mãos no rosto num gesto cansado.

— Como assim Ed? Você sabe que pode contar comigo pra tudo? – Ela fecha a porta atrás de si. – E seria bom eu te ajudar um pouco pra variar.

Eduard sorri, mas não responde. Ele está cansado, pôde-se notar pelas olheiras escuras que estão visíveis em baixo dos olhos dele. Parece que ele envelheceu 10 anos nessa última semana.

— Eduard, qual é? Você está à semana toda com essa cara de cão sem dono fugindo de mim, é claro que está rolando alguma coisa. – Amy insiste. – E você sabe que eu não vou sair daqui até você me contar.

Amy se senta na cadeira de frente para Eduard e cruza os braços.

— Você é uma menina muito insolente é teimosa.

— Conta logo o que está rolando..., eu posso esperar o dia inteiro.

— Promete que não vai se intrometer? Por favor Amy, esse não é um assunto seu. – Eduard puxa uma carta do bolso e entrega para Amy.

É uma carta do banco referente à execução da hipoteca.

— Essa é a hipoteca que você acabou de negociar com o banco?

— Sim, mas parece que eles voltaram atrás no acordo. Eles receberam uma ótima proposta pelo imóvel, uma proposta tão boa que eles estão dispostos a pagar a multa pela quebra do contrato e ainda disseram que eu lucraria com isso. – Amy não consegue acreditar que o banco esteja fazendo essa canalhice com Eduard, a lanchonete é a vida dele.

Quem estaria disposto a pagar uma fortuna por uma lanchonete velha na periferia da cidade? E quanto mais Amy tenta entender, uma ideia cresce em sua mente.

— Quem fez a proposta ao banco Eduard? – Ela faz a pergunta com medo de que suas suspeitas se confirmem.

Amy olha impaciente para Eduard na esperança de que ele responda sua pergunta, mas ele apenas da um longo suspiro e olha para baixo tentando evitar o olhar de Amy.

— Quem fez a proposta Eduard? – Amy pergunta novamente.

— Parece que a prefeitura tem planos para o local. – As palavras atingem Amy como um soco no estomago, ela não consegue acreditar que ele seria tão baixo a esse ponto.

— Amy, eu não quero que você se intrometa nisso. Isso não tem nada a ver com você. – Amy escuta as palavras de Eduard, mas ela já está dominada pela raiva.

Ela sabe que isso tem TUDO a ver com ela e isso não pode ficar assim.

Amy se levanta ignorando os protestos de Eduard que a segue pela lanchonete, ela pega sua bolsa e sai pela porta como um furacão e entra num táxi.

Ela aperta a carta que ainda está em sua mão com tanta força que sente o papel quase se rasgando entre os dedos. Em poucos minutos o táxi para em frente à prefeitura.

Amy entra sem olhar para os lados, faz muito tempo que ela não entra naquele lugar, mas ela sabe perfeitamente o caminho.

Amy passa pelo enorme corredor ignorando os olhares assustados e o segurança que a segue pelo caminho e continua andando até chegar ao gabinete do prefeito.

Ela ignora a mulher que está sentada atrás de um computador enorme e abre a porta com violência.

— Que porra é essa? – Ela grita jogando o papel em cima do homem que está sentado atrás de uma mesa luxuosa.

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Continua....

Música:Try (P!nk)

PS: Não me ame!Onde histórias criam vida. Descubra agora