Amy

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Amy caminha apressada em direção à saída da prefeitura, ela sente seu estômago embrulhado e tenta controlar sua respiração que está desregulada e ignorar o seu coração que parece querer sair pela boca a qualquer momento.

Ela fecha as mãos com força junto ao corpo, suas unhas estão machucando a palma das mãos, mas ela não se importa com a dor.

Quando Amy finalmente passa pela porta, pode ver o segurança que a seguiu até o gabinete do prefeito olhando de forma confusa pra ela, mas ela passa sem olhar para o lado.

É um alivio finalmente estar do lado de fora da prefeitura, ela respira fundo algumas vezes tentando controlar o turbilhão de sentimentos que fervilham em seu peito.

— Que merda! Merda! Merda! Merda! Merda! Merda! — É tudo o que Amy consegue pensar agora, em toda a merda que acabou de acontecer.

Ela faz uma autópsia de toda conversa que ela teve com o pai e na merda em que se propôs em fazer. Mas a maior merda de todas foi ter encontrado com Taehyung, não estava nos planos de Amy encontrar com ele, na verdade ela não tinha plano algum e tudo acabou da pior maneira possível.

Na verdade, a única pessoa que tinha um plano era o seu pai e tudo acabou da maneira como ele havia planejado. Ele armou a armadilha muito bem, ele sabia que se ele envolvesse o Eduard ela iria intervir, ele sabia que ela faria qualquer coisa para que Eduard não perdesse a lanchonete. E agora ela está de volta ao jogo doentio da politica, servindo como um fantoche para seu pai conseguir votos.

Quanto mais Amy pensa no que conversou com seu pai, mas ela entende que não vai conseguir fugir disso tudo. Uma candidatura ao governo foi tudo o que ele sempre sonhou e ele não medirá esforços para conseguir e com certeza ele não se importaria em tirar a lanchonete de Eduard.

Dessa vez ela terá que entrar no jogo e fazer tudo o que seu pai exigiu, pelo menos por enquanto.

Amy sente a biles subir e queimar sua garganta, seria um grande favor se o chão a sugasse para dentro da terra nesse momento. Seria perfeito desaparecer de repente e deixar toda essa merda pra trás, mas ela não pode. Eduard não merece sofrer por culpa dela e ela sabe o quanto a lanchonete significa pra ele.

Amy para por um instante na rua movimentada e olha para os lados tentando encontrar um rumo, tentando encontrar uma maneira de organizar seus pensamentos. Então ela faz sinal para o primeiro táxi que vê e pede para que o motorista a leve para o Gallery of Hongyue Garden Community.

Amy sempre procurou a avó Elsa para pedir concelhos porque ela sempre sabia as palavras certas para dizer e a coisa certa a fazer. Ela sabe que muito provavelmente não conseguirá conversar com sua avó, mas quer ir vê-la assim mesmo. Já será um grande conforto em estar ao lado dela.

Quando Amy chega ao asilo encontra Nick na recepção como de costume, mas dessa vez ela não tem forças para interagir, então só o cumprimenta brevemente.

Nick é um homem gentil o suficiente para não puxar assunto e nem perguntar o que aconteceu, ele somente acompanha Amy até o quarto de sua avó sem dizer nada.

Amy deixa as lágrimas caírem no momento em que avista sua avó deitada na cama. Ela se aproxima devagar e diz:

— Olá flor do dia. — É o que ela sempre dizia quando a encontrava, e sua avó costumava responder: "Olá flor do maracujá... Ou Jasmim... Ou lírio... Ou qualquer flor que ela estivesse cultivando em seu enorme jardim." Mas não importa a flor que sua vó a nomeasse, ela sempre dizia que Amy era a flor mais preciosa de seu jardim.

Mas agora essa frase não tem o menor sentido para sua vó, não significa nada assim como ela mesma. E saber disso é uma das piores coisas que aconteceram na vida de Amy, é o pior castigo que ela poderia receber, porque sua avó era a única pessoa que a amava de verdade, a única que se orgulhava de quem ela era e agora nem o amor de sua avó ela tem mais.

— A senhora não faz ideia do quanto eu sinto a sua falta vovó. — Amy diz pegando na mão de sua vó que parece nem ter sentido o seu toque. — Minha vida está uma bagunça maior do que já era antes e eu não faço ideia do que fazer..., vovó, eu tenho a sensação de que estou me afogando e não tem ninguém por perto que possa me resgatar, só existe eu e o oceano que tenta me engolir a todo custo e eu não tenho pelo que lutar, porque a vida não importa mais..., o pior é que mesmo assim eu continuo me debatendo, mas eu não entendo o por quê de eu insistir em lutar. — Amy desabafa soluçando.

— Não fale assim Megan. — Elsa diz acariciando com carinho os cabelos dela. – Você continua se debatendo porque é forte, é a mulher que te ensinei a ser. Não importa o quanto às coisas pareçam ruins, não desista. A vida é motivo suficiente para lutar.

— Mesmo quando não temos uma vida de que gostamos? Mesmo quando nos obrigam a viver de uma maneira que não nos faz feliz? — Amy sabe que sua avó não está falando com ela e provavelmente elas nem estejam falando sobre o mesmo assunto, mas ela não se importa, Amy precisa daquela atenção.

— Somos mulheres Megan, nossa jornada nunca é fácil. Eu queria poder te dar a vida que sonhou, mas eu não posso contrariar seu pai. Mas não se preocupe, nada é tão ruim que não possa ser consertado Megan. Tenho certeza de que você será feliz, mesmo não sendo a vida que sonhou.

— Eu não tenho certeza disso... – Amy tenta entender sobre o que sua avó esta falando, na maioria das vezes sua avó confunde as memorias passadas com as atuais e talvez seja uma lembrança de quando sua mãe estava prestes a se casar, uma vez ela contou que sua mãe era apaixonada por um rapaz, mas como ele não era politico e nem bem nascido, seu avô não permitiu que eles se casassem e a obrigou a casar com seu pai.

— De qualquer forma eu estarei sempre ao seu lado. — Elsa acaricia o rosto de Amy com ternura e a olhou com aquele olhar que ela já viu diversas vezes antes, aquele olhar de admiração que só sua avó tinha e por um instante, Amy teve a impressão de que sua vó a reconheceu.

Mas em poucos segundos o olhar desapareceu novamente.

— Mas agora você precisa voltar aos estudos Megan.

— Sim... - Amy responde com tristeza. — Vou estudar...

Amy passa o resto da tarde com sua avó, elas assistem juntas a alguns programas na TV, fazem um passeio no jardim e conversam coisas aleatórias. E apesar de na maior parte do tempo sua avó a chamar de Megan e na outra parte do tempo ela achar que Amy é uma enfermeira. Amy se sente feliz por ainda poder ter esses momentos com sua avó, longe de toda a confusão que a espera do lado de fora.

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Continua....

Música: Who (Lauv feat BTS)

PS: Não me ame!Onde histórias criam vida. Descubra agora