Descemos pelo elevador conversando sobre os horários de sua agenda para a manhã seguinte. Iago procurava manter o tom sério e o rosto inexpressivo. Ne desse ambiente eu já o identificava como o presidente da empresa. Era nítido a diferença entre o homem a sós comigo e o homem coorporativo.
Notei que Iago evitava tocar em qualquer outro assunto que não fosse suas reuniões matinais, principalmente quando o elevador estava com outros funcionários.
Todos encaravam Iago com um olhar de poucos amigos antes de entrarem na caixa metálica, mas logo se acomodavam no ambiente ignorando a existência do rapaz. Era como se seus subordinados não o respeitassem.
Senti certa pena, pois Iago se demonstrava um homem muito inteligente e competente. Mas se percebia que esse seu lado não era de conhecimento dos demais. As rixas e rivalidades devem tê-lo feito parecer infantil e incompetente aos olhos dos funcionários.
Finalmente alcançamos o saguão e caminhamos a passos firmes em direção ao estacionamento.
Obviamente, entramos no carro mais caro que estava estacionado. Porém, diferente dos filmes que eu assisti, não havia um motorista e Iago sentou atrás do volante.
-Sem um chofer? - perguntei fingido estar abismada com aquela constatação.
O rapaz devolver a provocação com uma doce gargalhada.
-Não confio em ninguém, Emma - ele murmurou. - Mas estranhamente confio em você.
Novamente minhas bochechas coraram. Seu olhar me estudou por um tempo, havia carinho, mas ele logo se desfez da expressão e prendeu seu cinto.
O rapaz me olhou e, ao constatar que não estava com o cinto atado, ele se aproximou e o prendeu para mim. A ação fez com que seu perfume penetrasse por minha narina de forma intensa e desconfortante.
-Confio tanto que vou lhe contar algo confidencial - disse encarando a estrada com concentração e seriedade, após novamente se acomodar em deu acento.
Me ajeitei no banco, assim como uma criança que aguarda ansiosamente por sua história de dormir.
-Meu irmão, Marcos, já fez todos os tipos de coisa para me tirar da presidência - começou a contar. - Ele faz com que os funcionários me entreguem contratos errados.
Ele apontou para os arquivos em minhas mãos.
-As primeiras secretárias deixaram passar vários documentos - disse. - Eu perdi duas grandes contas por causa disso.
Uma lufada de ar emergiu pelo seu peito e ele socou o volante.
-Para os acionistas eu fui colocado como uma criança no poder - ele riu com sarcasmo. - E não posso lhes tirar a razão, confiava que minhas novas secretárias estariam pelo menos lendo os arquivos.
Ele revirou os olhos, impaciente.
-Então a rixa entre vocês dois é real - a afirmação chegou até seus ouvidos e ele assentiu.
Notei que mesmo com a ira, ele ainda tenha certo remorso por essa rivalidade. Mesmo que não admitisse, Iago se importava com seu irmão.
-Nascer dez minutos depois não foi legal para o senhor engomadinho - ele riu com sarcasmo, em uma falha tentativa de esconder suas emoções.
Mas a informação havia me pegado de surpresa. Iago e Marcos eram gêmeos. Confesso que não havia nada de semelhante entre eles e isso era espantoso.
Ambos eram altos, mas Marcos tinha os cabelos que formavam leves caracóis em suas pontas, enquanto Iago tinha um perfeito liso. Os olhos castanhos ocupavam tonalidades completamente diferentes em cada irmão, fora a fisionomia nada idêntica.
-Estou te contando isso porque Marcos irá até você - ele falou sem tirar os olhos da estrada. - Ele virá, mais cedo ou mais tarde, só quero que conheça o meu lado da história também.
O estudei por um tempo e ficamos por longos segundos em silêncio.
-E qual o seu lado da história? - finalmente tomei impulso e o questionei.
Iago me encarou com intensidade. O rapaz, mesmo surpreso, não deixou de abater pelo afronte.
-Estou apensas tentando manter o meu cargo - respondeu.
Estreitei meus olhos e em seguida ele retomou sua atenção para a direção do veículo.
-E até onde já foi para mantê-lo?
Seu olhar feroz dizia muito, mas também deixava uma tela em branco para a resposta. Um enigma estranhamente sexy e tentador.
-Não matei ninguém e joguei em uma vala - ele brincou. - Se é isso que teme.
-Sem mortes, então - sorri em resposta a brincadeira.
-Sem valas, na verdade - um sorriso debochado apareceu em seus lábios.
Não pude conter o sorriso. Iago ficava estranhamente bonito com aquela fisionomia. Seria um homem por quem eu facilmente me apaixonaria em uma ocasião normal.
-Engraçadinho - falei casualmente.
O ambiente ao nosso redor estava mais leve e Iago parecia ter retirado um enorme peso de suas costas. Era confortável para ele não usar sua tradicional máscara de babaca e, confesso, que o preferia daquela forma.
-Faço sempre o meu melhor - respondeu orgulhoso de si.
Olhei a estrada, finalmente percebendo que não conhecia aquele caminho.
-Para onde estamos indo? - perguntei enquanto estudava as paisagens pela janela.
Iago sorriu de forma maliciosa.
-Para o lugar mais perigoso que possa imaginar - disse.
Porém as casas (se é que aquelas imensas construções pudessem ser chamadas assim) não diziam isso.
-Que lugar seria esse? - o questionei.
Uma risada maquiavélica saiu por entre seus lábios.
O rapaz apontou em direção a maior construção daquela rua. Uma cada enorme, rodeada por um mudo de pedras. E mesmo que eu tentasse contar as janelas, sempre me perdia em meio as numerações.
Aquele lugar era como um castelo. Rústico, mas elegante. Demonstrava poder. Aquele era o lugar de um rei, essa era a mensagem que a fachada da casa nos demonstrava.
-A mansão Moonlight, baby.
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Espero que estejam gostando da história <3
Meu objetivo é postar pelo menos dois capítulos por semana, mas se as visualizações melhorarem tento postar mais
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Bordô
RomanceTudo parecia bem para Emma. Aceita como secretária do presidente de uma grande empresa, agora seu único desafio era agradar o enigmático Marcos Moonlight, que infelizmente surge como um grande obstáculo para que permaneça em seu emprego. Conhecido p...