Capítulo 50

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Não fomos a nenhum bar.

Eles compraram algumas cervejas e um whisky, em seguida fomos até a casa de Marcos.

Naquele momento estavamos todos no chão da casa bebericando o álcool em silêncio.

-Então nosso pai nos odeia - Iago finalmente foi o primeiro a falar.

Marcos gargalhou alto.

-Somos filhos tão ruins assim? - questionou. - A que ponto nosso próprio pai foi capaz de chegar para nós fazer de idiotas.

Eu os analisava.

Os três estavam amargurados. Suas expressões revelavam que a não aprovação de seu pai havia sim afetado a confiança deles.

Preparei alguns petiscos, mas todos engoliam o álcool com as barrigas vazias, não se importando com mais nada.

-Não sei o que ele sente por vocês, mas as ações atuais foram unicamente motivadas pela ganância - falei bebericando meu refrigerante. - O que ele sente por vocês foi deixado de lado quando ele perdeu a posição de poder. Ele era acostumado a ser o único a ter isso, quando foi tirado de suas mãos, ele se sentiu insuficiente e desamparado.

Kev tinha um sorriso de canto enquanto bebia e parecia contente com aquele resultado.

-Acho que essa é a primeira vez depois de anos que estamos juntos - ele disse em um tom pensativo.

Marcos e Iago se entreolharam.

-Isso me faz lembrar que te devo um pedido formal de desculpas - falou Iago, que estendeu a mão na direção de seu irmão.

Marcos encarou a mão estendida por um tempo, mas ao invés de aperta-la, ele o abraçou. Iago ficou surpreso, mas retribuiu o gesto com emoção.

-Que bom que no final tudo deu certo - falei tristonha, assim que os rapazes se soltaram.

Estava feliz por eles, mas não conseguia parar de pensar em como ficaria o tratamento da minha mãe.

-Você está preocupada com o hospital, certo? - perguntou Marcos colocando a mão em meu ombro.

Apenas assenti.

-Eu irei te ajudar - falou com confiança.

-O valor é muito alto, Marcos - disse.

-Eu também vou ajudar - ouvi Iago falar.

-Eu também - Kev ergueu a cerveja.

Balancei as mãos no ar em negativa.

-Não aceitamos não como resposta - Iago imitou minha frase. - Emma, deixa a gente te ajudar. Temos dinheiro guardado e bons investimos, por favor, deixa a gente te ajudar. Assim você não precisa ter nenhum vínculo com aquele idiota.

Marcos parecia tristonho ao dizer:

-Esquece essa história de casamento - ele falou. - Você entrou nessa enrascada por nós e se encrencou para nos ajudar a sair disso tudo. É o mínimo que esses três irmão Moonlights podem fazer por você.

Eu os encarei.

Meus olhos estavam inundados por lágrimas, eu as sentia escorrer do meu rosto desenfreadas.

-Vocês são três patetas - eu disse tentando abafar o choro com uma risada.

Todos me acompanharam na gargalhada.

-Um problema já resolvemos - Kev disse contente.

Mais alguns goles de álcool para eles.

- Agora temos nossos próprios problemas - Iago falou pensativo.

-Tipo? - perguntei intrigada.

Meu chefe me olhou com um sorriso sem emoção.

-Eu não sei se tenho coragem de continuar naquela empresa - disse o homem.

-Penso o mesmo - Marcos concordou.

Kev apenas concordou com a cabeça enquanto tomava mais uma latinha de cerveja.

-Não quero estar naquele lugar - Marcos disse. - Agora que sei que não somos desejados, a ideia de pisar naquele prédio me dá refluxo.

-Acho que isso é culpa do álcool - Iago brincou.

-Verdade - todos riram.

-Por que não abrem uma empresa juntos - falei.

Todos me encararam.

-Vocês são bons no que fazem, se não querem trabalhar para o seu pai, sejam donos do próprio negócio - lhes expliquei meu pensamento.

Os homens se encararam.

-Emma tem razão - Iago foi o primeiro a se pronunciar.

-Ela tem o pequeno defeito de sempre ter razão - ouvi Marcos gargalhar.

Kev parecia ponderar a opção.

-Como a chamaríamos? - perguntou o rapaz.

Todos me olharam.

-Deixa a Emma escolher - Iago provocou.

-Eu? - perguntei surpresa.

Todos balançaram a cabeça.

-Você deu a ideia, nada mais justo do que nos ajudar com o nome - Kev ergueu as sobrancelhas rápido.

Pensei um pouco a respeito...

-Que tal... Hmmm... Vamos ver - olhei e percebi que aguardavam ansiosos. - M.B.?

-M.B.? - Iago perguntou decepcionado.

-Moonlight's Brothers - falei em um sussurro.

-Eu gostei - Kev disse alegre.

Marcos de ergueu, mesmo que cambaleando.

-Um brinde a M.B. COMUNICAÇÕES - ele gritou.

O restante se levantou também, erguendo suas latas de cerveja no ar e repetindo a fala de Marcos.

-Nosso Presidente senhor Iago, quando os planos para nossa empresa? - Marcos o perguntou.

Iago pareceu surpreso.

-Não teremos um presidente - falou. - Seremos nós três juntos.

Marcos pareceu emocionado, mas logo se recompôs.

-A possível falência - ele gritou animado.

As gargalhadas preencheram o ambiente e todos iniciaram uma conversa animada sobre os futuros negócios.

Eu me senti em paz, tão em paz que meus olhos pesaram, até eu finalmente adormecer.

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