Capítulo 17

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Cheguei a recepção e Marcos me aguardava logo na entrada. Logo que me viu, ele guardou o celular em seu bolso e sorriu, um convite gentil para que eu me aproximasse.

Os olhares femininos estavam cravados no homem posicionado ao lado da porta. Ouvi alguns suspiros, enquanto algumas enfermeiras arfavam de forma exagerada. 

Era evidente que Marcos não passava despercebido. Não somente por seu terno caro, mas por sua beleza imensurável.

-Vamos? - perguntou assim que me aproximei. 

Assenti com a cabeça. Não queria ser mal educada, mas confesso que estava com minha bateria social praticamente zerada. A noite tinha sido muito tensa e para melhorar minha situação eu estava com um galo em minha testa que me proporcionava fortes dores de cabeça.

Marcos colocou suas mãos em minhas costas e começou a me conduzir em direção ao estacionamento.

Meus pensamentos automaticamente lhe compararam com Iago. O toque de Marcos em minhas costas era leve e delicado, enquanto Iago utilizou a ação para mostrar dominância. Os irmãos tinham comportamento completamente diferentes, mas ainda assim muito parecidos.

O rapaz, gentilmente, abriu a porta para que eu entrasse e somente depois se acomodou no banco do motorista. Permitindo que eu acompanhasse seu caminhar confiante ao redor do carro.

-Não se importa que eu vá hoje, certo? - ele perguntou de rompendo o silêncio do carro.

Seus olhos atentos, enquanto manobrava o veículo. Mas notei sua relutância, ele estava com vergonha? Seria possível que Marcos Moonlight estivesse envergonhado? O tom de sua voz era constante, mas era perceptível a relutância na forma como falava.

-Não me importo - falei com sinceridade, Marcos tinha sido um anjo na noite passada e estava agindo de forma tão educada que um jantar era o mínimo que poderíamos oferecer a ele. - Só não quero atrapalhar o senhor com os meus problemas pessoais. 

Um sorriso apareceu em seus lábios, um sorriso tímido e doce. 

Meu peito automaticamente ficou frenético. Todo o ar ao meu redor foi sugado e eu me controlei para não arfar ao seu lado.

-O que posso levar? - perguntou com preocupação. Provavelmente já idealizando algo para comprar no caminho até minha casa.

Soltei uma risada involuntária, ele ficava extremamente fofo quando assumiu aquele ar pensativo. E era nítido todo o cuidado que tinha comigo... O que me preocupava eram suas intenções com essas atitudes. Seria por educação ou ele tinha a mesma sensação no peito que eu?

-Sua barriga vazia - o respondi, tentando me livrar dos questionamentos que me apavoravam. 

Ele me encarou com curiosidade. 

-Não quero parecer inconveniente - ele disse, finalmente. O tom de sua voz era firme, mas ao mesmo tempo carinhoso, uma combinação estranhamente sexy.

Soltei uma gargalhada involuntária, me questionando como ele poderia ser mais inconveniente do que eu estava sendo? Aquela situação era no mínimo hilária.

-Não se preocupe - falei assim que percebi seu olhar desconfiado. - Minha mãe só quer um motivo para você ir lá em casa.

Ele assentiu com a cabeça.

-Quero impressionar ela - falou depois de um longo tempo. - Então se tiver algo que eu possa fazer, me avise.

O anunciou me pegou desprevenida. A frase fez com que meu coração errasse duas batidas em meu peito. Se eu não tivesse certeza da minha saúde física, poderia facilmente pensar que estava com problemas cardíacos. 

Diagnóstico: apaixonada. Causa: Marcos Moonlight. 

-Por que quer impressiona-la? - perguntei antes que pudesse perceber as mudanças que causava em meu corpo.

Seus olhos me encararam por alguns segundos e em seguida retomou sua atenção para a estrada.

-Porque ela é sua mãe - disse.

Não pude parar de lhe olhar. Eu estava encantada com seus traços.  

-Você é minha amiga agora, preciso causar uma boa impressão - complementou, notando meu olhar.

Dei de ombros, fingindo não me importar, afinal, eu não deveria estar me sentindo mal por ele apenas dizer a verdade. Nós não éramos nada além de amigos e eu precisava parar de pensar em Marcos de outra forma.

Seu carinho pode ter sido uma grande influências para meus sentimentos, mas deveria entender que aquilo era apenas o comportamento de um amigo.

-Chegamos - ele falou, já na garagem privativa do prédio.

Encarei a parede, assustada ao perceber uma enorme placa com seu nome, bem ao lado da vaga com o nome de Iago, onde já estava estacionado um Mustang Preto.

-Se importa se eu entrar primeiro? - perguntei.

Seu olhar ficou estranho... Ele me estudou por alguns segundos, que mais pareceram uma eternidade.

-Tem vergonha de mim? - perguntou.

Arregalei meus olhos, surpresa.

Não tinha vergonha de ser vista ao seu lado, mas ainda assim, dentro da empresa ele era rival do meu chefe. Fora que ser vista com alguém que ocupa um cargo alto só geraria mais boatos.

Chegar junto com o chefe era quase como estampar na minha testa que eu estava dando para ele e isso era a última coisa que eu desejava em meu segundo dia de trabalho.

-Você entende que essa situação é complicada, certo? - falei, desatando o cinto. - Enfim, nos encontramos mais tarde.

Marcos não moveu seu corpo, apenas assentiu e enquanto encarava o volante. O olhar concentrado e cheio de dúvidas. 

Sai do carro e segui em direção ao elevador que ligava a garagem subterrânea aos demais andares.

Porém, antes de prosseguir eu institivamente olhei na direção do homem que ainda aguardava no banco do motorista. Ele também me olhava, porém com intensidade.

Lancei um sorriso educado e voltei a seguir meu caminho.

BordôOnde histórias criam vida. Descubra agora