Capítulo 49

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O encarei por alguns segundos.

-Seu pai - disse mesmo sabendo como aquilo me afetaria.

Meu destino, meu emprego e até mesmo o tratamento da minha mãe poderiam ser arruinados.

Jacobs gargalhou altos e todos o encararam, menos eu. Meu olhar permaneceu em Kev.

-Você deve estar de brincadeira - o senhor disse com seriedade.

-No começo também não acreditei - comecei a lhes contar. - Mas achei estranho em como a fábrica e a fazendo que fomos foi tão valorizada. Algo me chamou a atenção....

Tentei não me intimidar com os olhares presos em mim.

-Mas me lembro da conversa que tive em seu escritório - disse levantando o dedo indicador. - Você havia me dito que tinha ido pessoalmente fazer a avaliação. Mas sabe o que é mais interessante?

Ninguém me interrompia, ou ousava fazer isso. Até mesmo Jacobs me encarava, porém com um olhar inigmatico.

-O tempo que ficamos fora, soube que visitantes importantes estiveram na cidade e que inclusive jantaram com o senhor - finalmente o encarei. - Você queria fazer parecer que era uma viagem para seus filhos resolverem negócios, mas na verdade só queria tirar o presidente e o vice presidente da cidade, para ser você a representar a empresa. O que me deixa curiosa é, por que?

O senhor me encarou por alguns segundos.

-Você é inteligente garota - falou com seriedade. - Vejo que a subestimei.

-Pai, isso não é verdade, certo? - Iago perguntava com os olhos furiosos.

O homem novamente riu, porém sem humor.

-Eu fiquei furioso - o homem disse. - Querem me aposentar a força.

-Mas fazer isso com os seus próprios filhos? - Marcos se levantou gritando.

Jacobs o encarou com desdém.

-Vocês são três moleques - ele riu com ironia. - Um que só pensava em balada e outro que mal lia os próprios papéis. Só faltava a fusão Miller... Eu teria o apoio do magnata Harys, e voltaria ao meu posto para recuperar os desfalques da empresa. Nada mudaria, vocês ainda teria direito ao que é meu e eu seria um grande herói para a empresa.

Ele falava tudo com naturalidade.

-Você é louco - Iago murmurou.

-Creio que o casamento tenha sido uma forma de distrair seus filhos - falei. - Você percebeu o sentimentos deles por mim e sabia que eles não notariam seus planos.

-Você está certa - ele falou. - E realmente, a atenção desses dois estava completamente em você, porém não contava que sua atenção não seria completamente para eles, vejo que calculei errado - seus olhos me fuzilavam. - Mas me pergunto ainda de onde surgiu essa desconfiança.

-Você era rígido e de poucos amigos, me lembro do dia que vim a sua casa - falei pensativa. - Mas seu comportamento com relação a mim mudou completamente. Além disso, você tratava esse casamento com um bem precioso, então demonstrava que tinha algo a perder se desse errado.

Ele se afastou e recostou na cadeira.

-Realmente, muito perspicaz.

Escondi o fato de sua amante ter me revelado algumas informações, afinal, ele tinha fotos comprometedoras da moça. Não poderia contar minha fonte.

-Mas algo também precisa se esclarecido - voltei a ter as atenções em mim.

Todos em silêncio, mais uma vez.

-Você está com ele? - perguntei a Kev.

O rapaz abriu um sorriso.

-Sabia que era perfeita para o papel, mas não achei que fosse desconfiar de mim, docinho- disse o rapaz, fingindo estar ofendido. - Mas a resposta para sua pergunta é não.

-Então por que me colocou nesse cargo e porque a aposta com Marcos? - o questionei.

Ele me analisou por alguns segundos.

-Eu descobri sobre o papa a alguns meses - disse. - Mas não tinha coragem de contar, afinal, quem me ouviria? Eu sou só o filho baderneiro - ele deu de ombros. - Quando soube da vaga, me lembrei de você. Emma, você era a pessoa perfeita. Sabia que seu jeito sincero conquistaria Iago e Marcos, eles confiariam em você. Mas precisava fazer Marcos te conhecer de alguma forma, sabia que assim que conversassem, ele logo se apaixonaria, assim como eu.

O encarei, surpresa.

-Não sabia que o flerte de Marcos levaria a um casamento falso e no final tudo se complicou para você - ele falou em voz baixa. - Me desculpe, Emma.

Eu estava absorvendo tudo aquilo.

- É engraçado como você consegue ter tantos Moonlights aos seus pés - Kev ria com ironia. - Três irmãos que são apaixonados pela mesmo mulher.

A última frase saiu com amargura.

-Não esperava que fosse se apaixonar por Marcos - ele disse tristonho. - Esperava apenas que você conseguisse resolver toda essa situação, eu sabia que você logo notaria tudo de estranho. Mas vejo que te entreguei de bandeja ao meu irmão.

Iago parecia abalado ao ouvir aquilo.

-Você não tinha o direito de me envolver dessa forma nas tramas da sua família - disse com suavidade. - Obrigada pelos elogios, mas peço que se tem algum carinho por nossa amizade, que nunca mais se intrometa na minha vida.

Seus olhos continham arrependimento e tristeza.

-Me desculpa, Emma - falou finalmente.

Jacobs nos interrompeu com um isso drástico.

-Que novela mexicana - falou. - Chega de drama e vamos comer.

Me levantei, ficando ao lado de Marcos.

-Eu prefiro ir embora - disse, olhando para Marcos.

-Vamos embora - Marcos também me olhava, porém com ternura.

-Tambem irei - Iago disse nos acompanhando. Assim fez Kev também.

-Parem de infantilidade, comam logo - Jacobs bravejou.

Os rapazes o olharam.

Eles sabiam que aquela frase era uma ordem. Tão acostumados a obedecer cegamente as ordens de seu pai, eles pareceram não se incomodar naquele momento.

-Espero que possa viver bem sem a gente - disse Iago. - Não quero viver ou aprender algo com uma pessoa como você. Realmente, você não foi bom na criação de seus filhos, mas foi pior em ser pai.

Sem esperar uma resposta, todos saímos.

Caminhamos em silêncio até o carro. Todos pararam por alguns segundos e ficaram imóveis.

-Vamos tomar uma - eu disse interrompendo os pensamentos. - Não aceito não como resposta.

Os rapazes me olharam e abriram um sorriso fraco, mas concordaram.

Todos sabíamos que aquele era o momento ideal para encher a cara.

BordôOnde histórias criam vida. Descubra agora