Confesso que encarei os quadros e papéis sobre a mesa pensativa. Eu tinha muito o que fazer. Mesmo com a ajuda de Crissa, ainda tinha muitos projetos para iniciar do zero, fora os que já estavam em andamento e não poderiam parar.
Porém duas batidas na porta me desprenderam das minhas preocupações.
Olhei para trás e Marcos me encarava do batente da porta com um sorriso tímido.
-Quer ajuda? - perguntou ao encarar a pilha de papéis, demonstrando estar assutado.
-Não precisa, pode ir de divertir com os rapazes - falei.
Ele me encarou por um tempo em silêncio.
Desde o início da empresa ainda não tivemos tempo de falar sobre nós. Ficamos tão ocupados com os problemas e serviços que surgiram, que optamos por priorizar a empresa.
Mas eu sentia sua falta e sempre que o via passar pelos corredores era uma tortura.
-Eles já foram - disse por fim. - Disseram que era para eu ficar e te ajudar.
Kev e Iago, mesmo com as brincadeiras, sabiam dos nossos sentimentos. Kev sempre arranja um jeito de fazer com que nos aproximassemos. Quando íamos a um lugar, ele sempre colocava Marcos sentado ao meu lado, na hora de ir embora Iago inventava alguma desculpa e Kev fazia uma cena para que Marcos me levasse em casa. Aquela era forma de demonstrarem que nos apoiavam.
-Acho que eles não gostam da sua companhia - brinquei para aliviar a tensão que começava a tomar conta do lugar.
Marcos concordou com a cabeça e entrou na sala.
-Vamos, me deixe te ajudar - ele disse com um sorriso carinhoso nos lábios.
-Tudo bem - eu disse.
-Por onde eu começo? - perguntou, parecendo perdido diante dos papéis.
Olhei envolta e caminhei até o sofá, segurando alguns papéis da pilha e marca textos. Me acomodei sobre o móvel almofadado.
-Primeiro: sente-se - indiquei o espaço vago ao meu lado.
Ele deu alguns passos em minha direção e se sentou.
Estávamos próximos, ombro a ombro. O calor que irradiava do seu corpo me passa a uma sensação de conforto e familiaridade.
-Me ajude a descobri o que já foi feito - disse apontando para os quadros a nossa frente. - Marcadores amarelos para atividades que já foram finalizadas e pagas, marcadores rosas para atividades que começamos a fazer mas ainda tem alguma pendência e marcadores azuis para atividades que ainda não estão no cronograma.
Ele me encarou como se eu fosse louca.
-Emma, você tem que ser menos neurótica - ele riu.
Provavelmente minha cara era de surpresa.
-No quadro já tem tudo isso - ele disse apontando para os quadros.
-Mas as informações que estão ali são da semana passada - expliquei. - Preciso atualizar para poder me organizar.
-Louca - o ouvi resmungar.
Acertei uma cotovelada em sua costela e ele pediu desculpa, logo inciando seus afazeres.
-Fui hoje ver sua mãe - ele me contou.
Mamãe já havia me enviado mil mensagens contando sobre a visita de Marcos ao hospital. Ela ama quando ele vai vê-la. E eu também gosto, pois não tenho tempo para estar todos os dias presente, com ele indo alguns dias da semana, sei que ela não se sente tão sozinha.
-E como foi? - perguntei, enquanto analisava as linhas a minha frente.
-Muito bom - ele abriu um sorriso. - Sua mãe é sempre um amor comigo.
Revirei meus olhos.
Minha mãe era a fã número um do casal Emmar, como ela carinhosamente havia nos apelidado.
-Eu acho que ela quer te adotar como filho - eu disse olhando para ele com deboche.
No mesmo instante, Marcos também me olhou. Era nítido a intensidade que tomou o ambiente. Era como se naquele momento a gravidade atuasse diretamente sobre nós, exercendo uma pressão surreal.
Meus lábios automaticamente se abriram um pouco, como um convite minucioso para que se aproximasse.
-Um genro também é como um filho - ele disse, de repente.
Aquilo me pegou de surpresa.
Marcos era sempre cauteloso nas conversas, evitando sempre ser muito direto. Naquele momento eu vi em seus olhos a mensagem.
Sua mão tocou a lateral do meu rosto e ele afagou minha bochecha com delicadeza. Seu toque era suave e estimulante, como se cargas de energia fossem enviadas para cada centímetro do meu corpo.
Nossos olhares ainda estavam presos.
-Me desculpe - ele disse, sem se mover.
-Pelo.. o que? - só então notei que estava quase sem fôlego.
-Por isso.
Marcos se esticou para frente e tocou meus lábios com os seus. Um beijo que começou suave e cheio de amor.
Ele desgrudou nossos lábios e ficamos testa com testa.
-Não desculpo - falei o pegando de surpresa.
Marcos de afastou alguns centímetros, me olhando com receio.
-Devolve o beijo que você me roubou - eu disse, também lhe beijando.
Os papéis em nossas mãos foram jogados no chão, juntamente com os malditos marcadores.
As mãos de Marcos me puxaram pela cintura e eu automaticamente coloquei meu corpo sobre o seu colo.
-Eu te amo, Emma - ele disse me afastando com as mãos. - Eu não quero só essa noite ao seu lado, eu quero sempre estar ao seu lado.
A declaração foi simples, mas única e perfeita.
-Namora comigo? - perguntou com os olhos esperançosos. - Sem contratos, sem apostas, apenas eu como meus sentimentos bobos e intensos.
Balancei a cabeça positivamente, lhe beijando apaixonadamente.
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Bordô
RomanceTudo parecia bem para Emma. Aceita como secretária do presidente de uma grande empresa, agora seu único desafio era agradar o enigmático Marcos Moonlight, que infelizmente surge como um grande obstáculo para que permaneça em seu emprego. Conhecido p...