Capítulo 13

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Fernando abriu a porta e indicou que entrássemos. 

Havia duas camas no local, em uma delas estava acomodada minha mãe. Ela nos encarou surpresa.

-Emma, olha só para você - ela falou com um sorriso gentil.

Sua expressão estava suave, os cabelos bagunçados e o olhos repletos de carinho. Minha mãe sempre estava bem humorada e dificilmente a víamos com uma expressão triste. Isso era algo que eu admirava nela, pois mesmo na pior situação ela estava nos animando com aquele jeito extrovertido. 

-Minha doce, Emma - repetiu, dispersando meus pensamentos.

Me aproximei dela, deixando o conforto dos braços de Marcos. 

Mas confesso que a ausência de seu toque me deixou um sentimento solitário. 

-Como a senhora esta? - perguntei, tentando manter um tom calmo e sem deixar que minha preocupação fosse exposta.

Minha mãe segurou minha mão entre as suas, um toque quente e aconchegante. 

-Você esta fria, Emma - disse com preocupação. - Já te avisei para se agasalhar. 

-Sim, mãe, irei tomar mais cuidado da próxima vez - a respondi. 

A mulher sorriu de forma graciosa. 

Sua atenção foi captada por algo atrás de mim. 

-Emma - ela falou com extrema felicidade. - Esse é seu namorado?

Olhei para trás assustada e encontrei Marcos com a bochecha corada. 

Era estranho ver aquela expressão em seu rosto. Normalmente sempre tão sério e amedrontador, ver Marcos corado quase que o tornava outra pessoa. Uma pessoa fofa e extremamente cativante.

-Olá senhora Fell, eu sou Marcos o che... - ele começou a falar mais foi interrompido por uma crise de tosse da minha mãe.

Ela limpou a garganta e gargalhou.

-Estou muito feliz que minha filha tenha um namorado tão bonito e educado - disse com um sorriso. - Mas agora preciso dormir um pouco, então vocês vão para casa e deixem essa pobre senhora descansar.

-Mãe, não é isso que está pensando - comecei a me justificar.

Ela bufou.

-Meu genro, se aproxime - ela falou. - Não dê atenção para Emma, ela nunca foi muito boa em demonstrar afeto. 

Encarei o rapaz, ele me olhava com relutância, mas logo suavizou sua expressão e se aproximou. 

-Senhora Fell, perdão pela minha intromissão - falou o rapaz.

-Oh, não precisa de formalidade com a sua sogra, mocinho - ela riu docemente e isso fez com que ele novamente corasse a bochecha. 

O tom rosado sob a sua pele parecia combinar perfeitamente com ele.

-Mãe - a repreendi. 

A mulher me ignorou completamente e pegou a mão de Marcos, que já estava ao lado da cama.

-Muito obrigada por cuidar da minha pequena Emma, ela é difícil de lidar, mas é uma boa mulher - ela disse com suavidade.

O rapaz me lançou um olhar sereno e cheio de significados, porém não consegui decifrar nenhum deles. 

Meu estomago revirou com seu olhar intenso e senti como se diversas lagartinhas perambulassem de um lado para o outro.

-Não se preocupe, dona Carmen - a respondeu, finalmente. - Sempre que eu puder, cuidarei de Emma e darei o meu melhor para que ela fique bem.

Um sorriso se estampou no rosto de minha mãe. Ela está a realmente feliz. Só vi aquele sorriso uma vez: quando volte para dentro de casa.

-Que bom, fico feliz - ela soltou sua mão e recostou no travesseiro. - Deveriam ir embora, amanhã vocês trabalham e precisam descansar.

A mulher acenou com a mão, nos indicando a saída. A forma como gesticulava deixava claro que estava impaciente.

-Eu vou dormir com a senhora - anuncie.

Teimosa como sempre, minha mãe revirou os olhos e bufou, como uma criança mimada que tem um doce negado.

-Não sou uma criança, Emma Fell - falou, tentando parecer brava, o que era muito difícil para ela.

-Mas fica igual a uma quando faz drama - lhe lancei uma piscadela.

Ela bufou mais uma vez e revirou seus olhos verdes.

-Esta com fome, dona Carmen? - Marcos cortou o assunto com elegância.

No mesmo instante a barriga de minha mãe roncou, quase como uma convite para um jantar.

-Vou lhe comprar algo para comer, esperem aqui senhoritas - ele disse. 

Minha mãe apenas concordou com a cabeça. Incrível como com ele não havia relutância ou teimosia. 

-Já volto - Marcos sussurrou em meu ouvido e saiu do local. 

Meus olhos presos em suas costas até por fim a porta se fechar. 

-Bonitão - minha mãe falou e voltei minha atenção para ela. 

A mulher tinha um sorriso malicioso nos lábios. 

-Sua cara nem treme, senhora Fell - falei me sentando em uma poltrona ao lado da cama. 

-Eu tenho que agir se quero ver você casada até os trinta - ela riu alto. 

-Você deixou o rapaz sem graça - a respondi. 

Ela encarou a porta e por fim deu de ombros. 

-Onde o conheceu? - perguntou. 

Minha mãe se ajeitou sobre a cama, recostando a cabeça no travesseiro. 

-Ele é meu chefe, mamãe - disse. 

Uma risada saiu por seus lábios. 

-Mas que pelo bônus em - brincou. 

Agora era a minha vez de revirar meus olhos. 

-Você se controle, mocinha - a repreendi. 

Ficamos mais alguns minutos conversando e lhe contei tudo sobre o meu primeiro dia no trabalho. A ouvi dizer que não gostava de Iago e que Marcos era seu preferido pelo menos cinco vezes. Em algum momento meus olhos pesaram e eu dormi.

BordôOnde histórias criam vida. Descubra agora