Capítulo 16

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O que mais preocupou em meu rosto era o enorme roxo que se formavam no topo da minha testa. Por sorte, havia levado a base, o que funcionaria bem para minimizar a cor, mas sentia dor ao tocar o local.

Terminei de me arrumar, tentando fazer tudo o mais rápido possível, e quanto retornei ao quarto Marcos já estava lá. 

Sua silhueta era desenhada de forma belíssima, o contorno da suas costas era como uma obra prima, que se misturava com o restante da paisagem. Ele parecia um modelo, perfeitamente ajustado para vender seu produto. E convenhamos... que produto minhas amigas... que produto em...

Rapidamente ajeitei a roupa amarrotada, antes que seus olhos me encontrasse.

-Bom dia, Emma - ele disse com as bochechas vermelhas, assim que notou minha aproximação. 

Percebi que havia interrompido alguma conversa entre ele e minha mãe, mas não quis perguntar qual era o conteúdo daquele diálogo animado. Temia que o assunto fosse algo que denigrisse o resto de dignidade que me restava. 

-Bom dia, Marcos - o respondi. 

Ele tinha um olhar brilhante, como uma criança que acaba de receber seu chocolate favorito. 

Não o julgo, estava tendo que exercer um esforço tremendo para controlar meu corpo. Marcos estava deslumbrante em uma camisa social branca, com o primeiro botão aberto, sobre posta por um paletó azul marinho. 

-Você esta belíssima - disse com uma voz suave.

A reação que sucedeu demonstrou que ele não havia dito aquilo de forma intencional e tinha sido algo que saiu de sua boca sem a intenção. 

-Obrigada, Marcos - falei, provavelmente com uma expressão envergonhada. - O senhor também está muito bem essa manhã.

Minha mãe limpou a garganta. 

-Se ficarem flertando vão acabar perdendo o horário de serviço - ela falou. 

Eu podia sentir minha bochecha queimar. Minha mãe era mestre em me fazer passar vergonha.

-Mãe - a repreendi. 

Ela começou a sair da cama e calçou um chinelo cor de rosa, nada discreto. 

-Vão logo - ela disse, por fim. 

Coloquei os braços sobre o peito e lhe lancei um olhar sério.

-Tenho que verificar sobre sua alta - falei. - E por falar nisso, tem dinheiro para o taxi? Nada de ônibus mocinha. 

Marcos ajeitou o paletó. 

-Já deixei tudo ajeitado - Marcos falou. - Sua mãe terá alta as doze horas e pedi para o meu motorista levá-la em casa. 

-Que cavalheiro - minha mãe o respondeu dando alguns saltinhos. 

Fiz minha melhor expressão de brava. 

-Senhor Moonlight, o senhor já esta sendo muito caridoso e sou muito agradecida por toda a sua ajuda, mas não podemos abusar de sua boa vontade - comecei a falar, sem deixar que ele respondesse. - A propósito, peço que devolva as demais roupas.

Ele deu de ombros. 

-Não há devolução - falou. - Caso não queira, pode jogar no lixo. 

Ele pegou as sacolas no braço e começou a caminhar em minha direção. 

-Eu apenas entrei em uma loja qualquer e peguei as primeiras roupas que vi - seu sorriso foi carinhoso. 

Marcos Moonlight estava sorrindo? 

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