Capítulo 31

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Mais uma vez abri meus olhos dentro daquele quarto. Agora com dois diferenciais.

Primeiro: havia uma boa iluminação, pela janela do quarto a luz do sol entrava sorrateira, um aviso minucioso de que se eu permanece mais tempo naquela cama provavelmente me atrasaria. 

Finalmente consegui observar o local com mais atenção. O quarto não tinha tantos móveis, apenas a cama e uma penteadeira, no fundo do ambiente duas portas (que deduzi serem referentes ao closet e ao banheiro). Um ambiente vazio e simples, tão objetivo quanto aquele que usufruía do espaço.

Segundo: eu não estava sozinha.

Percebi que havia dormido agarrada a Marcos. Seus braços me envolviam de forma protetora e minha cabeça repousava sobre seu peito. Sentia o calor de sua pele sob a minha, me aquecendo por debaixo da colcha. 

-Bom dia, meu bem - o ouvi murmurar, uma voz rouca e sonolenta, seus braços me alinharam ainda mais ao seu corpo.

Ergui minha cabeça e percebi que ele abria seus olhos preguiçosamente. 

-Bom dia - respondi, minha voz saiu rouca e sonolenta.

Seus braços me apertaram mais e ele me envolveu ainda mais forte. Senti seu cheiro entrar pelo meu nariz e me inundar de um bom sentimento. A formava como me tocava produzia muito além de formigamentos sobre a pele, despertava em meu intimo as melhores sensações e fazia com que meu coração palpitasse com força em meu peito.

-Vamos dormir um pouco mais - ele disse preguiçosamente, colocando sua cabeça sobre meu ombro, cheirando meu cabelo.

Soltei uma risada involuntária enquanto me afastava um pouco, mesmo com relutância. O movimento pareceu lhe decepcionar.

-Temos que ir, preciso passar em casa e me arrumar para o trabalho - respondi assim que vi sua cara confusa.

Marcos não pareceu contente com o anuncio, tampando seu rosto em uma falsa interpretação.

-E preciso de uma blusa - apontei para minha nudez, lembrando de como ele havia destruído minha roupa na noite passada. 

Um sorriso malicioso se esgueirou em seus lábios e seus olhos começaram a me analisar, famintos. 

-Pode parar, mocinho - o cortei. - Temos um dia inteiro de serviço pela frente. 

-E podemos começar ele de um jeito muito bom - o tom sugestivo deixou bem claro seu convite. 

Não pude evitar de gargalhar. 

Marcos parecia uma adolescente que acabará de conhecer um novo mundo. Uma inocência muito vulgar se estampava em seu rosto, o tornando ainda mais atrativo e incitando muitos sentimentos em mim. 

-Vamos, senhor - falei, tentando me desprender daquele feitiço que ele exercia.

Porém, quando estava saindo da cama os braços de Marcos me puxaram pela cintura.

Senti sua respiração em meu pescoço, fazendo com que todo o meu corpo respondesse com arrepios. 

-Emma - ele chamou meu nome com desejo e depositou delicadamente um beijo sobre a minha pele enquanto seus dedos iniciaram uma dança suave sobre a minha pele. 

Seus braços se tornaram mais firmes no contorno da minha cintura e ele depositou outro delicado beijo em meu pescoço. 

Quase como uma abelha atraída para o mel, meu corpo se alinhou a ele automaticamente. 

Eu tinha plena consciência de que havia me metido em uma grande enrascada. Eu estava completamente a mercê de Marcos. Não havia uma única virgula em meu corpo que se recusasse a ele. E isso estava me deixando apavorada.

Bastou ele chamar meu nome e agora eu estava sob seu feitiço.

Mais uma vez transamos. 

Algo ardente e sem precedentes. Envolvidos pela brasa que nos guiava e pela forma como nossas almas se conectavam sobre aquela cama. 

Mas isso era o pior. 

Eu era uma transa. Um transa que estava presa a ele por um contrato. 

E se aquela relação não desse certo? E se eu acabasse me enforcando com os meus próprios sentimentos? Eu estaria pronta para superar aquele homem?

BordôOnde histórias criam vida. Descubra agora