Capítulo 12

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Marcos me acomodou no assento do passageiro e colocou o cinto de segurança entorno do meu corpo. Cada movimento realizado com gentileza e cautela.

Queria parecer independente e dizer que poderia ir sozinha ao hospital. Queria não precisar dele naquele momento. Queria não estar abalada emocionalmente. Mas não adiantava eu apenas querer. A verdade é que eu não conseguiria ir sozinha ao hospital, eu precisava de alguém naquele momento e eu estava abalada emocionalmente. 

Em minha mente várias teorias do que poderia ter acontecido a minha mãe me assombravam. Meu peito estava pesado e com ritmo acelerado. 

Nossas condições ficariam melhores após minha entrada na empresa Moon, mas só receberia no fim do mês. Como poderia lhe dar um tratamento melhor?

-Emma - ouvi a voz de Marcos ao meu lado.

Era quase como um sopro distante que permeava pelos meus pensamentos. Ele provavelmente tenha me chamado algumas vezes, mas mal o ouvia diante dos pensamentos que me perturbavam.  

O carro já estava em movimento e ele se dividia entre olhar para a estrada e me encarar. A expressão em seu rosto deixando claro sua preocupação.

-Eu estou aqui com você - ele falou segurando uma das minhas mãos. 

O gesto carinhoso aqueceu meu coração. Ele estava ali comigo, eu tinha certeza disso. 

-Obrigada - minha voz saiu chorosa. 

Levei a mão livre aos meus olhos, identificando o acumulo de líquido naquela região. Finalmente notei a presença das lágrimas em minha bochecha. 

-Se acalme, Emma - Marcos tentava me tranquilizar. 

Apertei mais os meus dedos entorno da mão dele e sorri, agradecida. 

Tentei limpar as lágrimas com a parte de trás da minha mão, enquanto o rapaz conduzia o carro pela avenida.

Não demorou muito para que chegássemos ao hospital.

Marcos estacionou o carro e logo em seguida me ajudou a sair.

Assim que sai do veículo ele voltou a segurar a minha mão e caminhamos juntos para a recepção do local.

-Olá - Marcos chamou uma das recepcionistas.

A mulher o olhou surpresa e estudou seu corpo como alguém que acaba de tirar a sorte grande. Não a julgo, Marcos era realmente um monumento ambulante. 

Ele era aquele homem que chamava atenção por onde passasse. 

-Como posso lhe ajudar? - ela perguntou com uma voz sugestiva.

O rapaz pareceu irritado.

-Estou procurando por Carmen Miranda Fell - falei, ansiosa.

A atendente finalmente notou minha presença e seus olhos foram imediatamente levados para nossos dedos entrelaçados. Em seguida, seu olhar me estudou e ela fez uma cara de reprovação.

-Um momento - disse enquanto olhava algo em seu sistema.

Marcos me lançou um sorriso gentil e eu me puxou para dentro dos seus braços.

-A senhora Fell está bem - a mulher disse. - Apenas um quadro de desmaio, mas já está tudo normalizado.

-Apenas um quadro de desmaio? - sussurrei incapaz de acreditar que ela tratava a situação com tanta leviandade.

Marcos também pareceu impaciente com o comportamento da assistente.

-Gostaríamos de ver como a senhora Fell está - ele falou antes que eu pudesse me pronunciar.

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