Capítulo 33

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Me arrumei as pressas, o que por consequência fez com que eu chegasse em cima do horário no trabalho.

Meu atraso esta principalmente ligado a multidão de repórteres que aguarda a frente do meu prédio, ansiosos por qualquer foto que pudessem tirar. Com a entrada interditada, fui obrigada a recorrer a outra rota de escape. Sendo assim, tive que desce até a garagem e ir andando até a lateral do prédio, fazendo o possível para me esconder daqueles futriqueiros

Cheguei a empresa com uma cara de poucos amigos, a roupa amarrotada e com um desejo sanguinário de bater em alguém. 

Eu havia virado o centro das atenções. Não havia como evitar os olhares no saguão, todos me encaravam como se eu fosse uma assassina ou que tivesse acabado de cometer um crime (confesso que estava me controlando muito para isso não acontecer). 

Idiotas. Era a única coisa que conseguia pensar naquele momento. Um bando de idiotas que não me conheciam, mas insistiam em me julgar. 

Subi no elevador, novamente fingindo não perceber a forma como as pessoas me analisavam. 

Cheguei ao meu andar e caminhei a passos pesados para o meu acento, onde me acomodei após um longo suspiro. 

Evitar todo mundo estava sendo o meu maior trunfo e nada me impediria de continuar daquela forma. Não iria dar o gosto para aquelas cobras. Eu não faria algo tão imprudente assim.

-Emma - ouvi a voz de Iago, me despertando de meus pensamentos assassinos. 

O olhei, o rapaz parecia abatido, como se algo o tivesse feito ficar acordado por toda noite. Mas ainda assim, estava elegante em seu terno azul marinho. 

Iago tinha aquela expressão de cachorro pidão, a mesma expressão que me fazia querer adotar qualquer cachorrinho que aparecesse na minha frente. Um mistura de fofo e estranho, era fofo pois ele parecia uma criança amargurada, mas estranho porque aquele sentimento não parecia combinar com ele.

-Bom dia, Iago, perdão pelo atraso - comecei a me desculpar, como se eu tivesse cometido o maior dos desaforos. 

Ele abriu um sorriso forçado. Aparentemente, meu atraso nem o havia incomodado.

-Tranquilo, Emma - ele respondeu. - Como você esta com tudo isso?

Enquanto falava, Iago se aproximou e se sentou a minha frente, o olhar apreensivo e preocupado. A expressão de cachorro pidão já não estava mais em seu rosto. Ele me analisava, buscando respostas a seus questionamentos.

-O mais difícil de tudo é ter que mentir para a minha mãe - lhe confidenciei. - Ontem a cada palavra que eu falava meu coração apertava. 

A lembrança inundou meus pensamentos. O olhar triste dela e a forma como ficou irritada com o assunto. 

Iago estendeu a mão e segurou a minha entre seus dedos. 

Seu toque era delicado e aconchegante, como se aquilo fosse dissipar todos os meus problemas.

-Você não precisa fazer isso se não quiser - disse. 

Assenti. 

-Eu preciso ajudar minha mãe, Iago - falei com a voz chorosa. - Se for para ela ter o melhor tratamento da região, eu faço qualquer coisa. 

A expressão de Iago tomou uma proporção diferente. Seu olhar ficou cada vez mais severo. 

-Então eu pago o tratamento - falou com ira. 

Minha mão ainda estava acomodada dentro da daquele e senti seus dedos começarem a pressionar minha pele de forma involuntária. 

-Iago, não posso aceitar esses valores altos de você, nós mal nos conhecemos - disse. 

BordôOnde histórias criam vida. Descubra agora