Capítulo 14

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Marcos Moonlight

Meu dia tinha sido intenso. E confesso que foi repleto de sentimentos assustadores, mas ao mesmo tempo reconfortantes.

Começo com o encontro com Emma. 

Assim que a vi meu coração imediatamente saltou no peito. Ela era linda, os olhos castanhos quase verdes combinavam perfeitamente com seu cabelo cor de mel. As roupas em tom vermelho lhe chamavam atenção e deixavam registrado sua presença no ambiente.

Diferente das outras assistentes de Iago, ela não era fútil e a forma como falava era cheia de sinceridade e compromisso. Seu olhar era firme e ela parecia ter certeza do que almejava. Uma mulher confiante e preparada para enfrentar qualquer obstáculo que colocassem em sua frente. 

Entrei naquela sala com o objetivo de ser exatamente esse obstáculo em seu caminho, mas sai de lá como uma cachorrinho de rua que acabava de receber um docinho de uma desconhecida e queria segui-la para todo o lado.

Eu estava encantado. Principalmente ao vê-la rejeitar o idiota do meu irmão. 

Durante a tarde fiquei pedindo informações aos funcionários sobre seu andamento. Um pequeno pretexto para saber como estava indo. 

Comprei seu almoço, pois sabia que ainda não tinha saído para comer, mas cheguei em uma péssima hora. Ela já estava sendo repreendida por Iago em seu escritório. 

Quando soube que Iago a tinha feito entrar em seu carro, logo soube que ele a levaria até o jantar. 

Me arrumei. Coloquei minha melhor roupa. O motivo? Nem mesmo eu entendia. 

Ao ver Iago com sua mão ao redor da cintura de Emma, me subiu uma raiva inexplicável. Mas meu coração se suavizou assim que ela se desvencilhou dele e manteve o tom profissional. 

As duas horas seguintes foram agoniantes. Eu sabia que ela não havia comido nada e imagina o quanto deveria estar com fome. Assim que finalizamos, meu pai nos chamou para uma reunião em seu escritório e eu rapidamente a recusei.

Graças ao bom Deus que recusei.

A encontrei tão debilitada do lado de fora que meu coração se partiu. A ira me consumiu pelo idiota do meu irmão ser tão... tão... idiota.

Não me contentei em apenas ajuda-la, tiver que alimenta-la. Precisava ter certeza de que ela ficaria bem, ou não teria uma noite de paz.

E em meio a todo esse desvio, tivemos um bom papo. Percebi que a atração inicial, antes só superficial, se transformava em algo mais profundo... Um sentimento fraco, mas presente e avassalador.

E agora, eu estava no hospital, indo em direção a sala em que sua mãe estava internada com um subway na mão e o rosto queimando de vergonha. Confesso que boa parte de mim deseja que a senhora me aprovasse e gostasse do lanche que comprei. 

Mas me lamentava por não ter encontrado nenhum outro lugar aberto.

Sogra? Ouvir aquela palavra tinha minha me deixado sem chão. E agora eu a estava tentando agradar, me preocupando em como ela me veria.

Abri a porta e encontrei Emma dormindo toda desajeitada na poltrona.

Um sorriso involuntariamente se esgueirou por meus lábios. Uma ação a qual só fui notar depois de perceber o olhar atento de dona Carmem. 

-Ela é ótima para dormir - Carmen sussurrou com a mão ao lado do rosto, como se aquele fosse nosso segredinho particular. - Um dom de dormir em qualquer lugar que coloca a cabeça.

Uma risadinha fofa saiu por seus lábios.

Dona Carmen era uma mulher extremamente carismática, seu sorriso era como um abraço apertado daqueles que envolvem seu peito. Estava mal por não ter lhe contado a verdade a respeito da minha relação com sua filha, mas não tive a oportunidade.

-Aqui, dona Carmen - lhe entreguei a pequena sacolinha com a logo verde. 

A mulher apanhou a sacola e sorriu mais uma vez.

-Obrigada - ela disse enquanto abria e averiguava o conteúdo. 

-Não precisa agradecer - falei devolvendo o sorriso. 

-Você é um bom rapaz - me falou. - Sei que posso ter sido intrometida, mas fico feliz que Emma tenha alguém que possa ajuda-la. 

Ela deu uma boa abocanhada no lanche assim que finalizou. 

-Sua filha é uma mulher incrível - disse sem pensar. 

Mas era verdade. Eu queria conhecer todas as versões de Emma. Queria poder lhe confortar quando necessário e ser seu porto seguro. Sei que pode parecer precipitado, mas meu coração a desejava desesperadamente.

-Sim, ela é - a mulher disse. 

Instantaneamente, minha atenção se voltou para Emma, que dormia com tranquilidade e serenidade. Seu peito subindo e descendo tranquilamente. Os braços escorados na lateral da poltrona, com a cabeça apoiada sobre eles (provavelmente isso lhe daria uma boa dor nas costas). 

Seu rosto estava calmo e sem aquela expressão de mulher independente. Era como uma criança inocente em seu momento mais frágil. Seus lábios carnudos se perdiam em meios aos fios cor de mel que estavam jogados desordenadamente sobre o seu rosto.

Caminhei em sua direção e envolvi seus braços ao redor do meu pescoço. Em seguida, passei minhas mãos, com a maior cautela possível, entorno de seu corpo.

Seu corpo se remexeu em meus braços e a ouvi murmurar algumas palavras sem nexo, no mesmo instante seus braços se tornaram mais firmes entorno de mim.

Rapidamente senti minhas bochechas queimarem violentamente. O calor de sua pele sobre a minha me enviou faíscas e me traziam pensamentos estranhamente reconfortantes. 

Ergui seu pequeno corpo no ar com facilidade e comecei a caminhar, até por fim alcançar a cama vazia e coloca-la sobre o colchão. 

Sua mão escorreu pelo meu braço e por fim encontrou minha mão. 

Ela segurou meu dedo mindinho com força, como se aquele fosse seu único refugio. Não tive coragem de me soltar, então apenas puxei uma cadeira e me acomodei ao seu lado. Com a cabeça sobre o meu braço livre.

Incapaz de conseguir sair de seu lado, usei aquele pequeno aperto como desculpa para observa-la dormir. 

BordôOnde histórias criam vida. Descubra agora