Capítulo 18

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Assim que cheguei ao meu andar, os olhares me fuzilaram e só então notei o clima tenso que estava estabelecido no ambiente. Minha adora amiga (contém ironia nessa frase), não estava no ambiente e me senti um pouco mais aliviada por não precisar lidar com ela.

Caminhei firmemente em direção a minha mesa, ignorando completamente os cochichos e olhares, e logo liguei o computador. 

Na área de noticias, uma grande bomba estampou meu monitor, como se esfregasse em minha cara que minhas atitudes sempre terão consequências. 

A frente do hospital onde minha mãe esta internada, haviam fotos da noite passada. Eu e Marcos, juntos. As imagens, pelos ângulos tirados, deixavam um ar mais intimo entre nós dois. 

Me joguei na cadeira e arfei, agradecendo por ninguém ter acesso visual a onde eu estava. 

Merda. Pensei com raiva e no mesmo instante a porta da presidência se escancarou, revelando um homem muito bravo.

Iago tinha uma expressão enrijecida como se fosse socar a primeira coisa que aparecesse em sua frente. 

-Na minha sala - ele bravejou. - Agora. 

Sem esperar uma resposta, Iago entrou em um rompante para dentro de seu escritório, deixando a porta aberta. 

Olhei por alguns segundos para dentro de seu escritório, vendo apenas seu corpo se mover em direção a sua mesa. A cena poderia facilmente ser utilizada em um filme de terror, pois meus pelos estavam todos arrepiados e deseja fugir. 

Me ergui, relutante. 

Caminhei a passos lentos, tentando prolongar meus curtos segundos de paz. 

Assim que entrei fechei a porta atrás de mim e me aproximei da mesa. 

-Por que o Marcos? - perguntou, sua voz falou no meio da frase, como se tivesse dificuldade em pronunciar o nome. 

Olhei para ele triste. 

-Viu as noticias, certo? - perguntei, recuando um passo. É claro que ele tinha visto as notícias.

Ele apenas balançou a cabeça, confirmando, mas não disse uma palavra sequer.

O silêncio que se estabeleceu foi ensurdecedor. 

-Minha mãe tinha sido internada - comecei a me explicar, mesmo que sentisse que não deveria fazer aquilo, ainda assim, eu queria lhe contar. - Marcos apenas me deu uma carona.

A informação pareceu lhe surpreender, mas ele ainda tinha um semblante de raiva. 

-Mas tinha que ser logo o Marcos? - ele perguntou com um tom ríspido. 

Dei de ombros. 

-Ele me ajudou quando quase desmaiei de fome, me levou para comer algo e estávamos juntos quando ligaram do hospital - o respondi. 

Finalmente seus olhos focaram em meu rosto e suas sobrancelhas se arquearam. 

-O que é isso em sua testa? - ele disse se levantando institivamente e vindo na minha direção.

Minha mão subiu para o topo da minha cabeça automaticamente. Pelo toque, o galo em minha testa tinha multiplicado de tamanho. 

A mão de Iago afagou o local com delicadeza, seu olhar começava a ser ocupado por um toque de ternura. 

-Quem fez isso com você? - perguntou com uma voz doce e cheia de preocupação.

Seus olhos tomara uma nova forma. Havia ira neles. 

-Foi o Marcos? - o questionamento saiu em fuma forte lufada de ar. 

Balancei a cabeça em negativação. 

-Não, foi uma mulher que encontrei no banheiro da lanchonete, nada demais - disse rapidamente. 

Me desvencilhei do seu toque. 

Estávamos próximos demais e minha cabeça estava confusa, assim como meu coração. 

-Enfim - ajeitei minha roupa ao retornar a fala. - Minha mãe foi internada após um desmaio e o senhor Marcos apenas me deu uma carona até o local. 

Iago também se afastou e me encarava como se buscasse algum refúgio. 

-Por mais que esteja furioso, eu sei que esta falando a verdade - ele disse em um sussurro, se virando e encarando a janela. - Mas ver você com ele... logo ele... E agora essa exposição... 

Encarei sua silhueta por um tempo, tentando formular algo para dizer, mas minha mente estava um caos e isso não me permitiu formular nada convincente, me obrigando a dizer a primeira coisa que passasse por minha cabeça. 

-Sei de sua rixa com sua irmão, mas não posso dizer que não desgosto dele - falei. - Marcos me ajudou muito ontem e foi muito atencioso. 

Seu punho se cerrou, mas ele não se virou em minha direção. 

-Não se deixe encantar pelo charme de Marcos - ele bravejou em um rampante que me assustou. 

Recuei mais alguns passos. 

-Ele seduziu todas as minhas outras secretárias e está fazendo o mesmo com você - disse. 

Meu coração se apertou. E em meus pensamentos eu tentava me convencer de que aquele sentimento era apenas de gratidão. 

-Senhor, não entenda errado - pedi. - Não tenho esse tipo de interesse no senhor Marcos. 

Se ele tivesse visto o meu rosto, se ele tivesse olhado em meus olhos, se ao menos tivesse me encarado, ele teria visto a mentira estampada de forma descarada em minha feição.

-Mas irá ter, isso eu lhe garanto - o ouvi sussurrar em uma lufada de ódio. 

Não o respondi. Sabia que tinha razão. Se continuasse com aquela amizade com Marcos, provavelmente me condenaria a uma paixão desenfreada. 

-Acha que serei demitida? - perguntei. 

Ele finalmente se virou em minha direção, o olhar preocupado, finalmente percebendo a proporção que aquela história poderia tomar. 

Assim que vi a noticia eu já sabia, meus dias poderiam esta contados. 

Namorar um irmão Moonlight? Confesso que não era uma má ideia, mas não para uma simples secretária como eu. 

A porta então se abriu e por ela entrou o pai de Iago. Seu rosto estava tão duro quanto o de Iago no inicio. 

BordôOnde histórias criam vida. Descubra agora