Assim que cheguei ao meu andar, os olhares me fuzilaram e só então notei o clima tenso que estava estabelecido no ambiente. Minha adora amiga (contém ironia nessa frase), não estava no ambiente e me senti um pouco mais aliviada por não precisar lidar com ela.
Caminhei firmemente em direção a minha mesa, ignorando completamente os cochichos e olhares, e logo liguei o computador.
Na área de noticias, uma grande bomba estampou meu monitor, como se esfregasse em minha cara que minhas atitudes sempre terão consequências.
A frente do hospital onde minha mãe esta internada, haviam fotos da noite passada. Eu e Marcos, juntos. As imagens, pelos ângulos tirados, deixavam um ar mais intimo entre nós dois.
Me joguei na cadeira e arfei, agradecendo por ninguém ter acesso visual a onde eu estava.
Merda. Pensei com raiva e no mesmo instante a porta da presidência se escancarou, revelando um homem muito bravo.
Iago tinha uma expressão enrijecida como se fosse socar a primeira coisa que aparecesse em sua frente.
-Na minha sala - ele bravejou. - Agora.
Sem esperar uma resposta, Iago entrou em um rompante para dentro de seu escritório, deixando a porta aberta.
Olhei por alguns segundos para dentro de seu escritório, vendo apenas seu corpo se mover em direção a sua mesa. A cena poderia facilmente ser utilizada em um filme de terror, pois meus pelos estavam todos arrepiados e deseja fugir.
Me ergui, relutante.
Caminhei a passos lentos, tentando prolongar meus curtos segundos de paz.
Assim que entrei fechei a porta atrás de mim e me aproximei da mesa.
-Por que o Marcos? - perguntou, sua voz falou no meio da frase, como se tivesse dificuldade em pronunciar o nome.
Olhei para ele triste.
-Viu as noticias, certo? - perguntei, recuando um passo. É claro que ele tinha visto as notícias.
Ele apenas balançou a cabeça, confirmando, mas não disse uma palavra sequer.
O silêncio que se estabeleceu foi ensurdecedor.
-Minha mãe tinha sido internada - comecei a me explicar, mesmo que sentisse que não deveria fazer aquilo, ainda assim, eu queria lhe contar. - Marcos apenas me deu uma carona.
A informação pareceu lhe surpreender, mas ele ainda tinha um semblante de raiva.
-Mas tinha que ser logo o Marcos? - ele perguntou com um tom ríspido.
Dei de ombros.
-Ele me ajudou quando quase desmaiei de fome, me levou para comer algo e estávamos juntos quando ligaram do hospital - o respondi.
Finalmente seus olhos focaram em meu rosto e suas sobrancelhas se arquearam.
-O que é isso em sua testa? - ele disse se levantando institivamente e vindo na minha direção.
Minha mão subiu para o topo da minha cabeça automaticamente. Pelo toque, o galo em minha testa tinha multiplicado de tamanho.
A mão de Iago afagou o local com delicadeza, seu olhar começava a ser ocupado por um toque de ternura.
-Quem fez isso com você? - perguntou com uma voz doce e cheia de preocupação.
Seus olhos tomara uma nova forma. Havia ira neles.
-Foi o Marcos? - o questionamento saiu em fuma forte lufada de ar.
Balancei a cabeça em negativação.
-Não, foi uma mulher que encontrei no banheiro da lanchonete, nada demais - disse rapidamente.
Me desvencilhei do seu toque.
Estávamos próximos demais e minha cabeça estava confusa, assim como meu coração.
-Enfim - ajeitei minha roupa ao retornar a fala. - Minha mãe foi internada após um desmaio e o senhor Marcos apenas me deu uma carona até o local.
Iago também se afastou e me encarava como se buscasse algum refúgio.
-Por mais que esteja furioso, eu sei que esta falando a verdade - ele disse em um sussurro, se virando e encarando a janela. - Mas ver você com ele... logo ele... E agora essa exposição...
Encarei sua silhueta por um tempo, tentando formular algo para dizer, mas minha mente estava um caos e isso não me permitiu formular nada convincente, me obrigando a dizer a primeira coisa que passasse por minha cabeça.
-Sei de sua rixa com sua irmão, mas não posso dizer que não desgosto dele - falei. - Marcos me ajudou muito ontem e foi muito atencioso.
Seu punho se cerrou, mas ele não se virou em minha direção.
-Não se deixe encantar pelo charme de Marcos - ele bravejou em um rampante que me assustou.
Recuei mais alguns passos.
-Ele seduziu todas as minhas outras secretárias e está fazendo o mesmo com você - disse.
Meu coração se apertou. E em meus pensamentos eu tentava me convencer de que aquele sentimento era apenas de gratidão.
-Senhor, não entenda errado - pedi. - Não tenho esse tipo de interesse no senhor Marcos.
Se ele tivesse visto o meu rosto, se ele tivesse olhado em meus olhos, se ao menos tivesse me encarado, ele teria visto a mentira estampada de forma descarada em minha feição.
-Mas irá ter, isso eu lhe garanto - o ouvi sussurrar em uma lufada de ódio.
Não o respondi. Sabia que tinha razão. Se continuasse com aquela amizade com Marcos, provavelmente me condenaria a uma paixão desenfreada.
-Acha que serei demitida? - perguntei.
Ele finalmente se virou em minha direção, o olhar preocupado, finalmente percebendo a proporção que aquela história poderia tomar.
Assim que vi a noticia eu já sabia, meus dias poderiam esta contados.
Namorar um irmão Moonlight? Confesso que não era uma má ideia, mas não para uma simples secretária como eu.
A porta então se abriu e por ela entrou o pai de Iago. Seu rosto estava tão duro quanto o de Iago no inicio.
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Bordô
RomanceTudo parecia bem para Emma. Aceita como secretária do presidente de uma grande empresa, agora seu único desafio era agradar o enigmático Marcos Moonlight, que infelizmente surge como um grande obstáculo para que permaneça em seu emprego. Conhecido p...