Capítulo 52

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Se passaram dois meses desde nossa inauguração e confesso que a empresa estava muito melhor do que imaginávamos. Tínhamos clientes pequenos, mas conseguimos alguns contratos de empresas grandes. Aparentemente a falência não chegaria tão cedo, como Marcos havia zombado.

Nos dividimos nas funções conforme as qualidades de cada um: Por ser comunicativo e muito bom em lidar com negociações, Iago ficou responsável por cuidar doa clientes e propostas. Como era formado em direito, Marcos ficou responsável pelo papel jurídico e documentos. Kev, como nosso contador formado, cuidava das finanças da empresa. E eu fiquei responsável pelo desenvolvimento dos projetos, sendo responsável por colocar em prática as ideias.

Confesso que até chegarmos em sintonia precisou de tempo, mas hoje já estávamos completamente alinhados. Cada um conhecia perfeitamente o trabalho do outro e em que momento devia intervir.

Trabalhar ao lado daqueles homens era uma experiência indescritível. Formamos uma pequena família, em que constantemente um ajuda o outro e juntos chegamos a um bom resultado.

Evoluímos rápido e logo tomamos espaço no mercado.

-A verdade é que já estamos com muitos projetos - Iago dizia.

-Mas não podemos dizer não aos que chegam - Marcos opinou.

-Emma, acha que dá conta do desenvolvimento desses dois projetos? - Kev me questionou, apontando as novas propostas que haviam chegado naquela manhã. 

Encarei os documentos em minhas mãos. 

Eu poderia dizer que sim, mas sabia que isso iria me fazer madrugar por várias noites consecutivas. Já estava cansada suficiente por ter tido que recorrer a esse método para cumprir alguns prazos.

-Dar conta, eu dou - falei. - Mas sinceramente estou muito sobrecarregada. Ainda tenho que terminar a campanha do mês das mães com a Render e o evento de caridade da Aliance. Fora os projetos menores que tem em minha mesa.

Iago estava escorado sobre a pequena mesa da sala de reunião. O espaço era pequeno e só havia uma mesa redonda com cinco cadeiras ao redor.

-Precisamos de funcionários - Iago disse pensativo.

O encarei.

-Mas temos orçamento para isso? - perguntei.

Todos automaticamente se direcionaram para Kev.

-Vocês não confiam mesmo na empresa de vocês - o rapaz sorriu. - Nós tivemos muito lucro mês passado e a estimativa desse mês é triplicar. Nós estamos com um dinheiro muito bom guardado. Podemos contratar até três funcionários.

-Acho que só um por enquanto já ajuda a suprir - falei com receio de contratar gente demais logo de cara.

-Podemos iniciar os anúncios amanhã - Kev disse ao anotar algo em sua agenda.

O estalou perdurou pela minha mente.

-Eu tenho alguém para indicar - sussurrei.

Os irmãos já estavam acostumados com o meu tom baixo em momentos que a vergonha de falar algo era muito grande. Então, automaticamente eles viraram em minha direção.

-Claro, Emma - Iago indicou que eu prosseguisse.

Os três pares de olhos estavam vidrados em mim, aguardando ansiosamente o nome que eu diria.

-Gostaria de chamar a Crissa - falei.

Os olhares logo assumiram um aspecto de curiosidade. Todos estavam se questionando o motivo da escolha.

-Logo ela? - Marcos quebrou o silêncio, deixando claro em seu tom que não havia gostado da ideia.

-Crissa quem me informou sobre seu pai - os contei mais uma vez a fatídica história da reviravolta em suas vidas. - Depois que saimos ele voltou a ameaça-la e ela o denunciou... Obviamente ela foi demitida e por ter um processo contra seu antigo chefe, ela não está conseguindo arrumar um emprego.

Os rapazes ficaram pensativos.

Eu os entendia, afinal, ela quem tentou entregar o documento errado a Iago. Não havia porque confiar nela. Mas queria lhe dar uma segunda chance de levar uma vida decente.

Mantive certo contato com a mulher, que estava sobrevivendo de seu seguro desemprego. Meu coração apertou, afinal, criei empatia depois de descobri o real motivo por trás de seus atos.

-Tudo bem, Emma. Você quem manda - falou Iago.

-Eu não mando em nada não - disse chacoalhando as mãos em negativa.

Os homens soltaram uma leve risada.

-Manda em três marmanjos - Kev disse brincalhão, apontando para ele e seus irmãos.

-Eu vou te dar um murro, Kev - o ameacei.

Ele não ficou com medo, muito pelo contrário, abriu um enorme sorriso como se aquilo fosse a melhor notícia do mundo.

-Emma, você cuida dos preparativos para recebermos Crissa, tudo bem? - Iago instruiu.

Balancei a cabeça positivamente.

-Marcos, consegue já avaliar as propostas e redigir o contrato? - se virou para seu irmão.

Marcos concordou com a cabeça.

-Perfeito - ele disse. - Kev, você me manda uma planilha de previsão de gastos.

Kev também concordou.

-Acho que acabamos a reunião - disse Iago, finalmente, soltando uma grande lufada de ar.

Era tão natural para todos. Iago, mesmo que negasse, era um ótimo líder. A base daquela empresa era a confiança que tínhamos um no outro. Eu amava aquela energia.

-Graças a Deus - Kev disso demonstrando estar aliviado, o que arrancou alguns sorrisos dos presentes.

-Vamos tomar uma hoje? - Iago perguntou disfarçando sua empolgação.

Os homens pareceram animados, afinal virou meio que uma tradição sairmos pelo menos uma vez por semana e falar mal dos nossos colegas de trabalho.

-Vou passar hoje rapazes - disse. - Estou com algumas coisas para finalizar, então vou ficar mais um pouco.

-Amanhã, então? - Kev fez beicinho.

-Se você não me irritar até amanhã com suas planilhas codificadas, eu até penso a respeito - zombei.

-Docinho, elas são perfeitas - respondeu, fingindo estar ofendido.

Me levantei, despedindo dos meninos com um aceno e indo a minha sala.

BordôOnde histórias criam vida. Descubra agora