Capítulo 8

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O carro de Marcos não estava estacionado próximo a entrada como o de deus irmãos e por isso tivemos que caminhar entre as pedras.

Senti meu pulmão queimar, mas pior ainda era a sensação de tudo girando. A ponta dos meus dedos começaram a ficar dormente e eu tive que parar.

-Um momento, senhor Moonlight - ouvi as palavras saindo desesperadas da minha boca.

O rapaz, que já estava a alguns metros longe de mim, se virou preocupado. Ele se aproximou com grande velocidade e apoiou o peso do meu corpo sobre si.

-Senhorita Fell, sei que estava tentando causar uma boa impressão em seu primeiro dia, mas tem que de alimentar - o ouvi dizer em tom de sermão.

Balancei a cabeça.

-Tentarei seguir seu conselho, senhor - eu disse, me ajeitando. - Já estou bem, podemos ir.

O rapaz revirou os olhos e se ajoelhou na minha frente com as costas virada em minha direção. A cena era muito semelhante a de um dorama ou filme romântico, a diferença estava no fato de eu não ser como as mocinhas.

-Venha, suba - disse sem me olhar em minha direção e apenas apontando para seus ombros.

Bufei enquanto contornava seu corpo e retomava a caminhada.

-Por que tão teimosa? - ele perguntou ao mesmo tempo que ouvi suas passadas se aproximando de mim.

Marcos parou brutalmente na minha frente e isso interrompeu meus passos. O rapaz, em um movimento veloz, passou seus braços em volta do meu corpo. A mão direita sob o meu joelho e a mão esquerda sob o meu pescoço. Antes que pudesse reagir, fui içada no ar com facilidade.

Comecei a me debater e a revidar com socos em direção ao seu peitoral enrijecido... Nossa.. que músculos.

Respirei fundo, tentando recobrar o senso.

-Estamos chegando - ele anunciou ignorando minha agressão, mas mesmo assim meus tapas não pareceram surtir efeito. - Se continuar a de debater irá cair e pode se machucar, então fique quietinha.

A ameaça surtiu efeito e apenas aquietei meus braços enfurecidos.

A proximidade estava me perturbando. O toque de Marcos era diferente dos demais irmãos.

Kev me transmitia aquela sensação de amigo, um toque suave e que não produzia reação em meu coração, um dos motivos pelos quais não demos certo. Não havia amor ou um desejo desenfreado entre nós, eramos apenas dois conhecidos que de davam bem.

Com Iago era algo mais eletrizante, havia uma faísca de sexualidade em cada toque de seus dedos sobre a minha pele. Era como se fosse me despir com um simples olhar.

Porém, com Marcos o toque era aconchegante. Era como se eu tivesse esperado por anos para estar naqueles braços e que finalmente tivesse encontrado um lugar seguro para acomodar minha cabeça.

-No que está pensando? - perguntou, interrompendo meus pensamentos.

O encarei debaixo.

Ele ficava bonito por todos os ângulos. Talvez fosse a barba desenhada ou a expressão séria (que lhe proporcionava um ar intimidador e ao mesmo tempo sexy).

-Quanto tempo ainda falta para chegarmos ao seu carro - falei.

O rapaz soltou uma leve gargalhada, se desfazendo do olhar sério. Sua expressão estava mais suave.

Seja lá o que esses irmãos Moonlight tinham no sangue, mas o dom de ficarem mais leves rapidamente era algo predominante entre todos. Um charme em comum que Iago e Marcos dominavam muito bem.

-Ele está logo ali - disse acenando para a frente.

Virei meu rosto e me deparei com um Fusca vermelho. O carro, obviamente, tinha passado por uma reforma completa, mas isso só aumentava seu charme e beleza.

-Um Fusca? - perguntei surpresa.

Minha reação provocou uma risada no rapaz.

-Estava esperando uma Ferrari ou um Lamborghini? - questionou em meio a gargalhadas.

O acompanhei nas risadas, realmente, o mínimo que eu esperava era um carro luxuoso e ao não encontrar isso fiquei surpresa. Não esperava que o senhor engomadinho fosse um amante de carros antigos.

-Não, na verdade estava esperando uma mini van rosa com detalhes florais - fingi ficar pensativa.

A provocação pareceu surtir efeito e o rapaz me lançou um sorriso malicioso em resposta.

-Entao eu combino com mini vans? - perguntou, fingindo estar intrigado.

Tentei conter mais uma gargalhada enquanto o rapaz me acomodava do lado do carro e abria a porta para que eu entrasse.

Um perfeito cavalheiro, constatei mentalmente. Fora o carregamento forçado, ele tinha bons modos. 

-Ah, claro, sua expressão doce e amigável com certeza combina perfeitamente com uma mini van florida - falei com sarcasmo.

Um sorriso de canto se esgueirou novamente por seu lábio.

-Ah, compreendo - ele respondeu. - Então foi meu charme e simpatia que fizeram com que chegasse a essa conclusão.

-Exatamente - disse enquanto me acomodava no acento.

O rapaz se enfiou pela porta do carro e pegou o cinto ao meu lado. O movimento que fez com o objeto foi lento, sem desprender nosso olhar, ele encaixou o feixe.

Havia algo de diferente na forma que ele me encarava. Era como se eu acabasse de jogar um fósforo em uma trilha de gasolina. Um fino caminho em chamas começava a ferver, conectando nós dois um ao outro.

Por fim, o homem pressionou o coro, fazendo pressão sobre o meu corpo. Senti a tensão tomar a minha intimidade.

A combinação entre seu olhar, toque e a sensação de estar pressionada pelo sinto produziu uma reação catastrófica dentro da minha calcinha.

-Tenho que garantir sua segurança - ele sussurrou com sua voz rouca.

Engoli em seco.

-Obrigada por sua preocupação - foi o que consegui dizer.

Ele se afastou e fechou a porta, contornando lentamente o carro até alcançar o banco do motorista.

-Vamos - ele disse com seriedade após se acomodar em seu acento e dar a partida no carro.

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