Capítulo 29

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Meus olhos se abriram, mesmo com dificuldades. 

A escuridão não me parecia muito confortável, muito pelo contrário, o ambiente era frio e parecia solitário. A sensação de estar em um lugar desconhecido tornava tudo cada vez pior.  

Tentei olhar ao redor, procurando algo familiar, mas não consegui identificar nada. O breu ao meu redor não me permitia focar em objetos, o que dificultava muito identificar que lugar era aquele ou como cheguei ali.

Me sentei, apalpando o local.

Era extremamente macio.

Aos poucos percebi que estava envolvida em um edredom grosso sobre uma cama extremamente grande. 

Primeiro objeto identificado, constatei mentalmente. 

Arrastei meu corpo para a lateral da cama, até finalmente conseguir tocar meus pés no chão. 

Caminhei, tateando ao redor, até finalmente tocar algo gelado (deduzi ser a parede). Ao caminhar mais um pouco, seguindo a parede, encontrei uma porta um pouco mais ao lado.

Com uma das mãos, procurei a maçaneta e imediatamente a girei, fazendo com que a porta produzisse um rangido estridente ao ser aberta.  

O silêncio parecia aumentar o volume de cada movimento em cem vezes, tornando tudo ainda mais assustador.

A porta dava acesso a um corredor com baixa iluminação, por onde caminhei, passando por algumas outras portas, até por fim alcançar um cômodo aberto. 

Voltei a tatear ao redor, não encontrando nada além de um ar por onde eu sacudia meus braços freneticamente. 

Meus passos estavam lentos, afinal não conhecia aquele local. Mas o que eu mais temia aconteceu, meu joelho se chocou em algum objeto do local e, fazendo jus ao meu lado estabanado, eu me desequilibrei. 

Droga.

Meu corpo pendeu pra frente e comecei a cair. Tentei me apoiar em qualquer coisa, mas meus braços apenas seguraram o ar de forma desesperada. 

Porém, mesmo que aquilo parecesse o sofá, meu corpo se chocou com algo rígido e quente.

-Emma? - a voz rouca de Marcos se ressaltou sobre a escuridão. Um tom rouco e assustado.

Tentei me levantar, mas cai novamente sobre o que eu julgo ser seu peitoral (confesso que meus dedos apalpavam uma quantidade absurda de músculos e gominhos naquela barriga).

-Ai - ele gritou quando meu cotovelo acertou algum lugar sensível em seu corpo. 

Retirei meu braço do lugar, procurando qualquer lugar aleatório para me apoiar. 

-Desculpa - comecei a me desculpar, mas ao me mexer novamente ele grunhiu. 

Suas mãos seguraram a lateral do meu corpo, provavelmente na tentativa de impedir que eu me mexesse e machucasse novamente.

-Calma - ele disse e em seguida em um tom mais alto falou: - Alexa, acender a luz da sala. 

Em alguns segundos as lâmpadas se acenderam, me dando uma bela visão de seu corpo sem camisa. Seu rosto ainda estava sonolento e ele piscou algumas vezes até por fim se adaptar a luz. 

-Pronto, agora fica mais fácil para enxergar - ele disse.

Realmente, estava muito mais fácil de enxergar ele e seu corpo malhado. Confesso que tive que me controlar para não suspirar diante de toda aquela definição corporal. Uma bela obra prima, esculpida por mãos divinas. 

Meu corpo estava estático diante dele. Como uma ovelha que fica de frente com um lobo. 

Eu ainda me encontrava sobre o seu peitoral, com uma das mãos apoiadas no sofá e a outra sobre o seu abdômen, enquanto ele mantinha as mãos em meus braços. 

-Primeiro, preciso que tire a mão da minha barriga, isso esta me sufocando - ele disse. 

No mesmo instante puxei minha mão e me desequilibrei, indo de cara com seu corpo. Nem o próprio Marcos estava preparado para aquilo e, mesmo que me apoiasse com suas mãos, não fui impedida de seguir o curso normal da gravidade.

Ele arfou mais uma vez com o contato abrupto. 

-Me lembra de adicionar falta de coordenação a sua lista de defeitos - ele riu, enquanto recuperava o ar. 

Pelo menos tudo aquilo lhe divertia, porque eu estava completamente envergonhada. Sentia minha bochecha queimar violentamente. 

-Desculpa - voltei a falar, sem graça.

Ele soltou uma risada e o som me pegou de surpresa. 

-O que é engraçado? - perguntei, me erguendo, agora com as mãos apoiadas no sofá. 

-Um instante, eu te ajudo - ele disse gentilmente.

Marcos me ergueu com facilidade. 

Minhas pernas estavam parcialmente para fora do sofá e isso dificultava meu ponto de equilíbrio. Percebendo isso, ele me puxou em sua direção. 

Eu estava sobre ele, assim como antes, porém muito mais perto do seu rosto do que eu esperava.

-Pronto, agora você pode rolar para o lado e sair de cima de mim - outra gargalhada. 

Levantei meu rosto para responder Marcos, o que foi um grande erro.

Minha mente pensou no mesmo, mas meu corpo não se movia. Tentei enviar os comandos para minhas mãos e pés, mas nada se mexeu. 

Nossos olhares se prenderam um no outro, como imãs. Novamente me senti submersa em um lago cristalino. Não conseguia (e nem queria) pedir por socorro. Era como se eu quisesse estar no fundo daquele lugar azul. 

Os lábios de Marcos se abriram alguns milímetros, como um convite para que eu passeasse por ali.  Um ato sexy e provocativo.

-Emma - ele sussurrou. 

Uma de suas mãos pousou em minha bochecha. O toque delicado contornou a maça do meu rosto até alcançar meus lábios. Seu indicador contornou minha boca, produzindo faíscas por todo o meu rosto.

Em paralelo, sua outra mão prendeu ainda mais meu corpo ao dele. Era como se precisássemos conectar cada centímetro de nosso corpo ao do outro.

-Marcos... - comecei a lhe chamar, suplicando por seu contato. 

Ele entendeu o pedido desesperado proferido por minha voz rouca. 

Seu rosto se ergueu lentamente, vindo ao meu encontro como um predador que necessita urgentemente saciar suas necessidades. Cada centímetro que ele avançava provocava ainda mais desejo em mim, até por fim nossos lábios famintos se conectarem. 

O beijo não começou delicado e gentil, na verdade era como se nossos corpos tivessem sido tomado por uma fera selvagem.

Em meio a suas pernas, senti algo tomar uma proporção assustadora. Ele roçava seu membro em mim demonstrando que queria mais.

-Emma - ele arfou em meio ao beijo. 

Seus dedos se firmaram em minha nuca e ele girou me corpo, ficando por cima. 

Marcos se distanciou um pouco, soltando nossos lábios, ele me encarou com um olhar de satisfação, havia um desejo imensurável na forma como ele me analisava. 

-Emma - ele me chamou. 

Confesso que a forma como meu nome saia de sua boca era sexy e inebriante, produzindo em meu corpo reações que não imaginei sentir.

-Sim? - respondi, reunindo todas as minhas forças.

Ele tocou a lateral do meu rosto mais uma vez. 

-Se continuarmos, não posso lhe prometer que serei bonzinho - me disse. 

-Então não seja - o respondi.

BordôOnde histórias criam vida. Descubra agora