Uma Mulher em Minha Vida - Livro 2 (CONCLUÍDO)

Capítulo 49

ALEX

Eu não sei como consegui engolir a comida, sabendo que logo eu estaria despejando sobre ela algo que eu nunca consegui falar estava me deixando angustiado. 

A mulher da minha vida estava bem na minha frente se deliciando com uma sobremesa enquanto eu estava a ponto de explodir. Minhas mãos tremiam, me coração se agitava e eu podia sentir gotículas de suor se formando em meu rosto.

Eu precisava falar a verdade.

Dizer porque entrei em choque e fugi naquele dia, mesmo se ela me achasse um covarde por isso, ainda sim, eu precisava falar a verdade. E foi quando ela finalmente me olhou e falou comigo que eu percebi que não poderia voltar atrás. 

— Pronto, Alex. Agora você pode me contar tudo. 

Respirei fundo antes de começar a contar a minha história. 

— Quando eu era pequeno, eu era uma criança mentalmente ferrada. Cresci sem mãe, sob os cuidados de babás e empregadas que sempre estavam comigo. Meu pai era a escória da terra que só pensava em dinheiro e na adorável máfia, ele era o braço direito de Ricardo e me treinava desde cedo para ser o braço direito do Scott, assim como ele era o de Ricardo. Eu não queria nada daquilo, a única coisa que queria era brincar e ser livre, como qualquer outra criança. Mas cada vez que eu o contestava, ele arranjava um jeito diferente de me punir. Eu apanhava com fios, madeiras e nunca diretamente com o cinto e sim com a fivela dele. Eu era um ano mais velho do que Scott e sofri as mesmas coisas que ele, a diferença é que comecei a ser torturado mais cedo. Quando eu não o obedecia, ele me deixava trancado o dia inteiro em um quarto escuro para "refletir sobre os meus erros". Muitas vezes cheguei a pensar que morreria de fome. 

Angel engole em seco.

— Tempos depois ele e a quadrilha foram presos, nessa época Scott e eu acabamos nos afastando. Meu pai perdeu tudo o que tinha mas suas empresas legais não. Elas passaram para mim, eu já estava crescido mas ainda não poderia administrar nada, quando pude, vendi tudo e guardei o dinheiro, eu vi aquilo como um bônus por tudo o que eu passei, então peguei o que era necessário para estudar me formei com honras na faculdade. Assim que saí comecei o meu próprio negócio, era uma empresa pequena voltada para o ramo da tecnologia. Eu não mexia mais naquele dinheiro, queria crescer graças aos meus esforços e não por ter aquilo. Eu levava uma vida simples e foi quando conheci uma garota chamada Kimberly, eu tinha vinte e dois anos e ela vinte e um. No começo ela era doce, amável e eu pensei estar apaixonado. Eu sempre fui muito pra frente e quando ela me contou que apanhou do pai eu apenas a peguei e a levei para morar comigo, eu trabalhava dia e noite para fazer a empresa crescer e foi ai que as brigas começaram a surgir. 

Começo a me lembrar das infinitas discursões que tivemos. 

— Eu havia prometido a ela uma vida de rainha, uma vida que ainda não era possível dar a ela mas eu sabia que um dia iria conseguir, eu... eu confiava em mim. Kim queria aproveitar a vida, queria viajar, conhecer o mundo e eu não podia fazer nada disso. Eu me recusava a tocar no dinheiro do meu pai então ela nunca soube daquilo, pra ela, eu era só um cara tentando vencer na vida e sem sucesso. Nunca nos faltou nada, eu não deixava que isso acontecesse, nós só... não esbanjávamos riqueza. — dou um sorriso triste. — Foi nessa época que Scott e eu nos aproximamos novamente. Ele já era dono de dois grandes negócios e quando soube o que eu estava fazendo, ele quis investir. Você sabe como ele é, atira para todos os lados, principalmente para onde vê futuro.