Capítulo 54

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Maiara*

Chegamos na delegacia e eu acompanhei Isabela até a sala do delegado mas não pude entrar, me sentei em um banco ao lado de fora da sala e vi o Henrique se aproximar.

Henrique: Eu vou lá no hospital falar com a outra menina e a mãe dela, quer ir comigo?

Eu: Prefiro ficar aqui com ela, pode ser?

Henrique: Tá bom, qualquer coisa me liga ou manda mensagem, ainda tem meu número?

Eu: Sim.

Henrique: Tá bom.

Henrique foi pro hospital e eu continuei ali sentada, me lembrei que Isabela tinha me pedido pra trazer a amiga junto e na correria acabamos esquecendo. Eu quero muito ajudar essa menina, preciso tentar conversar com a mãe dela, colocar o padrasto na cadeia e conseguir uma ajuda psicológica pra ela.
Aproveitei que estava sozinha e mandei mensagem pra Maraisa, preciso convencer ela a não ir embora e me ajudar com a Isabela.

Depois de conversar com a Maraisa eu continuei ali esperando o Henrique voltar e a Isabela sair da sala, cerca de uns vinte minutos depois vejo o Henrique entrar acompanhado de uma mulher e uma menina com o braço engessado e o nariz com um curativo.

Henrique: Essas são Marta e Brenda, elas vieram prestar queixa contra a Isabela.

Marta: Onde está aquela selvagem, se ela pensa que vai ficar por isso mesmo ela está muito enganada.

Eu: Primeiramente a senhora precisa abaixar o tom de voz, e segundo, a Isabela não é uma selvagem, olha como se refere às pessoas.

Marta: Ah não é, olha o que ela fez com a minha filha.

Eu: Pra tudo há uma explicação, ninguém apanha atoa.

Marta: O que você está insinuando? Está defendendo aquela menina?

Eu: Não estou defendendo ninguém, mas acho que antes da senhora acusar a menina, por que não pede pra sua filha contar o que aconteceu antes dela apanhar.

Brenda: Eu não fiz nada, a Isabela que gosta de arrumar confusão e partiu pra cima de mim.

Henrique, que até então estava calado observando tudo falou.

Henrique: Do nada? Você estava quieta e ela simplesmente saiu do lugar dela e começou a te bater? - A tal Brenda abaixou a cabeça.

Eu: Ou foi por que você começou a fazer piadinhas sobre a Isabela, contou pra sala toda que ela não era mais virgem e que você ficava com o namorado dela sem ela saber.

Marta: Mas a minha filha não namora.

Eu: Pelo visto ela esconde algumas coisas da senhora.

Contei tudo o que Isabela tinha me contado, menos a parte que ela havia sido abusada afinal isso não cabia a mim. Essa Brenda nem tentou se defender conforme eu falava com a mãe dela e isso comprova que Isabela não estava mentindo, tudo o que ela me contou é verdade, e agora a mãe da Brenda brigava com ela e eu queria rir da cara de choro que ela estava, mas não vou fazer isso.

Vejo Isabela sair da sala com o rosto todo vermelho de tanto chorar, minha vontade era abraçá-la mas eu não podia, isso pegaria mal pra mim, afinal sou apenas uma policial... mas que se foda, não devo satisfação pra ninguém, peguei na sua mão e a abracei com calma, ela me abraçou apertado e imaginei que deve ter sido difícil contar tudo o que ela passou, pois ela nem tentou se afastar quando a abracei, ja que ela gosta de se fazer de durona na frente das pessoas.

Henrique: A senhora vai querer prestar queixa? Pode entrar ali e falar com o delegado.

Marta: Não será preciso, eu vou pra casa e ter uma conversa com a minha filha, peça desculpas a menina Brenda. - Ela olhou espantada pra mãe.

Brenda: Mas por que?

Marta: Você ainda pergunta? Você humilhou a menina na frente da sala, não foi essa a educação que eu te dei, muito menos te ensinei a sair por aí pegando qualquer menino que aparece na sua frente, ainda mais comprometido.

Que mulher hipócrita, chegou aqui chamando a Isabela de selvagem e agora está falando sobre ter educação.

Brenda: Mas...

Marta: Sem mais, sabe que eu odeio mentiras, em casa vamos ter uma conversa bem séria, agora pede desculpas.

Brenda revirou os olhos e pediu desculpas pra Isabela que fingiu não ouvir, mas é durona essa menina, pior que eu haha.
Ela e a mãe foram embora e eu soltei o riso que estava segurando, queria ser uma mosca pra ir até a casa delas e assistir de camarote essa " conversa " que a Brenda vai ter com a mãe.

Delegado: Preciso que vocês acompanhem a menina até em casa e entreguem uma notificação pro padrasto comparecer aqui até amanhã.

Eu: Mas não era melhor já trazer ele? E se ele fugir?

Delegado: Não podemos prendê-lo sem provas. - Como é que é???

Eu: O senhor quer prova maior do que o depoimento da vítima?

Ele fica em silêncio e eu me irrito com esse delegado, filho da puta, minha vontade era pegar a minha arma e enfiar no cu dele pra ele saber como é ruim.

Eu: Era só o que me faltava, vamos Isabela.

Enquanto eu caminhava até a saída pude ouvir ele falando pro Henrique.

Delegado: Que parceira esquentadinha que você arrumou em? É por isso que prefiro policiais homens.

Me virei e ele já tinha entrado na sua sala, voltei pra calar a boca desse desgraçado mas o Henrique me impediu.

Henrique: Calma aí, não vale a pena ir lá, temos que ajudar a Isabela agora.

Eu: Eu ainda mato esse cretino, filho da puta. Ele prefere policiais homens, mas é pra comer o cu dele né, esse puto.

Henrique: Olha a boca, você está numa delegacia, quer ir presa? - Ele sussurra enquanto me segura pra eu não voltar lá.

Eu: Foda-se, que ódio desse machista desgraçado.

Henrique: Se acalma, as pessoas tão olhando e a Isabela também.

Eu: Tá bom, agora me solta. - Ele me olha desconfiado. - Pode me soltar, não vou lá.

Henrique me solta, eu respiro fundo e volto pra perto da Isabela que nos esperava na porta.

Eu: Não vou lá hoje, mas ele ainda vai me ouvir.

Henrique: Não sabia que era tão brava.

Eu: Você não viu nada.

Saímos da delegacia e fomos pra casa da Isabela, no caminho ela foi me contando o que conversou com o delegado e eu fui dando alguns conselhos pra ela.

Em Busca Do Meu Passado ( PAUSADA )Onde histórias criam vida. Descubra agora