Capítulo 53

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Maiara e Henrique chegaram na escola e foram direto até a diretora que os aguardava ansiosamente, enquanto entravam na sala Maiara viu duas meninas sentadas de frente pra diretora e se perguntou se alguma delas era a menina que o Henrique havia falado.

Henrique: Bom dia Fabiana.

Mai: Bom dia.

Fabiana: Bom dia, obrigado por terem vindo.

Henrique: Você de novo menina? - A menina apenas revirou os olhos e olhou pro lado.

Fabiana: Eu não sei mais o que fazer, eu faço o que posso mas Isabela está dificultando as coisas.

Henrique: Já não conversamos da outra vez Isabela? - Ela nem olhou pra ele.

Mai: O que aconteceu?

Fabiana: Essas são Isabela e Luna, são amigas e hoje Isabela brigou com uma outra aluna da classe, a Brenda. Não é a primeira vez que ela arruma briga, e todas as vezes quem começa é a Isabela, eu não sei mais o que fazer, sempre a trago aqui, converso com ela e tento ajudar, mas hoje a situação saiu do controle.

Mai: Por que?

Fabiana: Isabela quebrou o braço da outra aluna e bateu o rosto dela na mesa até quebrar o nariz dela, que inclusive está no hospital agora, chamei vocês aqui por que estou tentando entrar em contato com o pai mas não consigo.

Mai: E a mãe?

A menina ri da pergunta da Maiara, em seguida ela sai da sala e Maiara  decide ir atrás. Ela vê a menina passar pelo portão da saída e correr, Maiara corre atrás dela e consigue alcança-la, e quando vai segurar em seu braço Isabela se esquiva bruscamente e Maiara percebe que ela estava chorando.

Mai: Tá tudo bem, não vou te machucar. - Isabela ri e enxuga o rosto.

Isabela: Eu não tenho medo de você.

Mai: E nem precisa, eu só vim aqui pra conversar.

Isabela: Eu não quero conversar com você, pode voltar lá pra dentro.

Mai: Se você não contar por que fez aquilo com a outra aluna, vamos ter que te levar pra delegacia, chamar os seus pais e ver o que faremos.

Isabela: Meus pais não tão nem aí pra mim, eles não dão a mínima pro que acontece comigo. - Ela diz com raiva.

Mai: Mesmo assim, eu preciso saber o que aconteceu, provavelmente a outra menina vai abrir um processo contra você, e se seus pais não tomarem nenhuma providência vamos ter que acionar o conselho tutelar.

Isabela: Eu não ligo.

Mai: Você prefere ser processada ao invés de me contar a verdade? Me deixa te ajudar.

Isabela observa Maiara por alguns segundos e sentiu que podia confiar nela, então se sentou na calçada e começou a contar tudo o que havia acontecido.

Isabela: Brenda é uma vagabunda, nunca gostou de mim e roubou o meu namorado.

Maiara pensou que a briga havia sido apenas por causa de um menino, e se perguntou por que uma pessoa se sujeitaria a tal coisa por causa de um namorado, mas então Isabela continuou.

Isabela: Eu e o Allan estávamos saindo a uns três meses e eu ainda não tinha me entregado pra ele, estava insegura, tenho dificuldade em confiar nas pessoas. Eu era virgem e fui abusada, não contei pra ninguém pois fiquei com vergonha e segui minha vida normalmente até que um dia a gente saiu e eu acabei bebendo demais e resolvi me entregar a ele, nós dois estávamos bêbados e eu pensei que ele não fosse perceber que eu não era mais virgem afinal só foi uma vez.
Eu nem tinha consciência do que eu tava fazendo, estava fora de mim, tinha bebido muito e usado drogas com ele, mas aí ele percebeu, ficou revoltado e me falou várias coisas, me chamou de vagabunda, disse que eu era uma puta mentirosa e que não prestava, aí no dia seguinte ele estava com a Brenda.
Ela já não gostava de mim, mas depois que começou a ficar com ele passou a me provocar, me chamar de vadia e eu fui guardando isso pra mim, até ela espalhar pra sala toda o que tinha acontecido e jogar na minha cara que eles sempre ficaram, quando dei por mim eu ja estava jogando a cara dela na mesa.

Maiara estava horrorizada com o que tinha acabado de ouvir, sentiu sua garganta se fechar conforme segurava o choro, ela não podia ser fraca, não podia deixar suas emoções falarem mais alto, afinal essa menina precisava dela.

Mai: Quem abusou de você? Você o denunciou? Contou pra sua mãe?

Isabela: Não.

Mai: Por que não? Sua mãe precisa saber. - Dessa vez Isabela olha pra Maiara com as lágrimas escorrendo por seu rosto mais uma vez.

Isabela: Meu padrasto me estuprou. - Ela diz com a voz embargada e desaba num choro intenso.

Maiara a abraçou e tentou fazer ela se acalmar, ficou pensando em alguma forma de ajudar aquela menina que por trás daquela pose de durona e destemida havia uma menina indefesa e com medo, que precisava que alguém que a ajudasse, e Maiara estava disposta a ser essa pessoa.

Mai: Eu vou te ajudar, minha irmã é advogada, vou falar com ela.

Isabela: Por que vai me ajudar?

Mai: Por que eu acredito em você, ninguém merece ser deixado de lado assim.

Isabela: Obrigada. - Diz enxugando o rosto.

Mai: De nada, agora vamos lá dentro pegar suas coisas, a gente tem que ir na delegacia resolver esse problema com a outra aluna e depois podemos ir falar com a sua mãe.

Isabela: A Luna pode ir comigo?

Mai: Acho melhor não.

Isabela: Por favor, ela é a única que sabe de tudo, ela pode ajudar.

Isabela: Tá bom.

Maiara pegou na mão da menina e juntas entraram na escola mas quando Isabela viu que tinha alguns alunos fora da sala ela soltou a mão de Maiara e formou sua pose de durona novamente, ali Maiara entendeu que ela não gostava de demonstrar fraqueza pra ninguém, não gostava que as pessoas a vissem vulnerável.

Henrique: Onde vocês estavam? Vamos pra delegacia.

Mai: Viemos pegar as coisas dela, nós conversamos e ela está disposta a acompanhar a gente.

Henrique: Certo, vá pegar suas coisas Isabela.

Maiara vê Isabela fechar a cara e ir em direção às salas de aula, Maiara então aproveitou o momento para conversar com ele.

Mai: Pega leve com ela, você não sabe o que aconteceu, ela está passando por muitas coisas.

Henrique: O que aconteceu?

Mai: Não posso falar agora, mas só não seja grosseiro com ela, e não a trate mau, ela está assustada.

Ele olhou pra ela sem entender mas preferiu não perguntar mais nada pois percebeu que Isabela já estava voltando, eles saíram da escola e foram pra viatura, Maiara decidiu se sentar atrás com ela pra tentar fazer ela se sentir menos assustada e assim seguiram pra delegacia.

Em Busca Do Meu Passado ( PAUSADA )Onde histórias criam vida. Descubra agora