Capítulo 56

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Maiara*

Chegamos na casa da Isabela e eu percebi o quanto ela estava nervosa, nós saímos do carro e fomos até o portão, Isabela abriu pra gente e assim que entramos na casa encontramos a mãe dela dormindo no sofá.
A casa estava meio bagunçada, tinha algumas latas de cerveja sobre a mesa e algumas bitucas de cigarro jogadas no chão.

Isabela: Eles receberam uns amigos aqui ontem, acho que ela vai dormir a tarde toda.

Henrique: Acorda ela, precisamos conversar.

Eu: Cadê seu padrasto?

Isabela: Deve estar no quarto, ou trabalhando.

Eu: Que bom que ele trabalha.

Isabela: Ele vai quando quer, só não perde o emprego por que o dono é amigo dele.

Continuei ali observando o estado da casa enquanto a Isabela acordava a mãe, minutos depois vejo a mulher se sentar no sofá e se assustar quando nos vê.

Irene: O que a polícia tá fazendo aqui? - Ela pergunta pra Isabela e dava pra perceber a raiva na sua voz.

Isa: Eles querem conversar com você mãe.

Irene: O que você fez dessa vez? Você só me dá desgosto menina.

Isabela me olha com os olhos marejados e abaixa a cabeça, percebi o quanto ela ficava mal por ser tratada com indiferença pela mãe.

Henrique: A Isabela brigou com uma colega na escola, mas não é sobre isso que queremos conversar com a senhora.

Irene: E sobre o que é? Eu não fiz nada.

Eu: A senhora não, mas o seu marido sim.

Irene: Como assim?

Percebi o quanto Isabela estava nervosa pois ela ficava mexendo nos dedos toda hora e percebi que ela não conseguiria falar, então decidi contar por ela.

Eu: Sei que esse é um assunto meio delicado e de certa forma pode acabar assustando a senhora, mas a sua filha foi vítima de um estupro dentro da sua casa.

Irene: O que? - Olhei pra Isabela e fiz sinal pra ela começar a contar.

Isa: Mãe... - Sua voz estava embargada e trêmula, sinal de que a qualquer momento ela começaria a chorar. - O André abusou de mim, lembra aquela vez que vocês foram na festa da esposa do patrão dele e voltaram bêbados, foi nesse dia..

Ela parou de falar pois não conseguiu controlar o choro, imaginei que a mãe dela fosse acalmar ela, demonstrar qualquer tipo de preocupação, mas nada, ela apenas ficou sentada olhando pra gente, e depois de vários minutos em silêncio, apenas ouvindo os soluços da Isabela ela enfim se pronunciou.

Irene: Eu quero conversar com a minha filha a sós. - Estranhei a mudança repentina dela, mas não disse nada.

Henrique: A gente precisa entregar uma intimação pro seu marido, ele tem que estar na delegacia amanhã para conversar com o delegado.

Irene: Podem deixar comigo, eu entrego quando ele chegar do trabalho. - Alguma coisa me dizia pra não acreditar nela.

Eu: A senhora precisa nos garantir que ele vai estar amanhã na delegacia, se não teremos que voltar aqui e levar ele.

Irene: Eu prometo, amanhã eu mesma levo ele lá. - Como assim ela leva? Depois de tudo ela ainda vai continuar com o desgraçado?

Henrique: Sendo assim nós já vamos, a senhora assina aqui por favor.

Enquanto Henrique conversa com ela eu anotei o número do meu telefone em um pedaço de papel, esses que a gente usa pra escrever as ocorrências, e dei pra Isabela.

Em Busca Do Meu Passado ( PAUSADA )Onde histórias criam vida. Descubra agora