Admito que te amo

014

Achei que não ia conseguir dormir, mas com certeza eu dormi. Me sinto até descansada, pronta pra mais um dia de arrumações e ao mesmo tempo eufórica pensando na minha festa.

Mas por algum motivo não consigo levantar, está tão bom aqui. Quentinho, aconchegante, estaria perfeito se eu não tivesse sentindo um peso encima de mim. Entretanto não dou a mínima, estou relaxada demais pra me importar com isso.

Sem querer volto a dormir novamente, mas logo acordo com Alice no meu quarto. — Bom dia, gente! Gente... – ela começa a dizer, mas não termina.

— Que foi Alice?

— Está na hora de levantar. – sua voz animada de antes foi substituída por uma voz baixa e neutra.

Não consigo nem abrir os olhos imagina levantar.

— Não, tá tão bom aqui. Me dá mais cinco minutinhos.

— Tem certeza?

O que é que tá acontecendo com ela? Ela nunca me deixa dormir até tarde.

— Tenho.

— Ok, mas você tem certeza mesmo?

Quando vou responder ela, alguém responde por mim: — Caralho, Alice. Ela já disse que tem certeza, deixa a gente dormir.

Imediatamente reconheço essa voz. Caramba, tinha esquecido que dormi com Lucas.

Devagar abro os olhos e percebo que estou totalmente enroscada em nele. Na verdade, estamos enroscados um no outro. Então o braço dele era o peso que eu senti mais cedo.

Com o susto sento rápido e grito. — Mas que merda...

— Que foi? Da pra calar a boca e voltar a dormir. – ele me puxa de volta pra cama e me abraça.

— Oxi, garoto. Endoidou foi? Me solta. – digo me levantando tão desajeitada que acabado caindo com a bunda no chão.

— Caramba, tá tudo bem? Se machucou? – pergunta ele se levantando e me ajudando a levantar enquanto Alice só faz rir.

Não sei em que momento Bruno chegou aqui, mas ele também está rindo.

— Estou sim e não. Não me machuquei. – ajeito minha roupa enquanto ando novamente em direção a cama. — Vocês dois, estão em algum circo ou o que?

— Desculpa amiga. Desculpa, é que... – ela não para de rir, nem por um segundo antes de terminar o que ia falar. — É que foi muito engraçado. Como você conseguiu cair, garota?

— Ha ha ha. Estou morrendo de rir. – é, realmente foi engraçado, mas não vou admitir. — Também não sei, mas o que é que vocês querem afinal?

— Eu vim ver se vocês não tinham se matado e aproveitar pra chamar pro café da manhã, mas agora acho que não deveria ter vindo. Pelo visto a noite foi boa.

— Eu já vou descer, só vou me arrumar e não teve nada de noite boa. – digo e eles assenti indo embora, mas ainda rindo e sem acreditar em mim.

Só agora eu reparei que Lucas está do meu lado me olhando com uma cara que não sei explicar.

— Eu vou tomar banho e dessa vez com a porta trancada, então não tente entrar enquanto eu estiver lá.

— Não vou, mas tem certeza que quer ir sozinha?

Respiro pesadamente e olho para ele com os olhos cerrados antes de lhe dar as costas e entrar no banheiro. Eu preciso de um banho depois do jeito que fiquei quando ele me olhou com aqueles olhos claros e brilhantes.

Começo a tomar meu banho, contudo só consigo pensar em Lucas. E a cada instante surge uma nova pergunta.

Será que dormimos a noite inteira assim?

Ele me detesta, então por que me puxou pra deitar de novo?

Será que eu quem fui abraçar ele primeiro ou foi o contrário?

Em que momento nós acabamos assim?

E como eu não percebi nada?

Parece até brincadeira o que aconteceu. E o mais inacreditável é que eu tenho quase certeza que percebi que estávamos assim, mas eu gostei tanto que não preferi continuar do jeito que estávamos.

Saio do banheiro já pronta e tomada banho. Eu estava precisando de um banho demorado e frio. Lucas entra no banheiro assim que eu saio e então eu desço para a cozinha.

Estou morrendo de fome.

— Agora sim, bom dia. – me sento em uma cadeira ao lado de Alice que está de frente para Bruno.

— Bom dia. Então, vai me contar como vocês terminaram a noite abraçados? – percebo um sorriso sutil nos seus lábios enquanto minha amiga fala.

Suspiro pegando uma xícara com café. — Na verdade, eu não sei. Também queria saber.

— Nem eu sei, mas admite que você gostou. – fala Lucas entrando na cozinha e se sentando de frente pra mim.

— Não, não gostei.

Ele me olha com um olhar desafiador acompanhado do sorriso que sempre tá no rosto.

Droga, ele sabe que eu gostei.

— Bom, parecia que os dois estavam gostando bastante, não foi amor? – pergunta Alice pra Bruno. — Sim, tive até a impressão de que os dois estavam sorrindo enquanto dormiam. – ele responde.

Fecho a cara para eles e volto a tomar meu café.

— Eu não disse que não gostei. Inclusive, podíamos dormir assim hoje de novo. E eu não me importo de dividir o banheiro novamente enquanto tomo banho. – ele simplesmente joga essa informação desnecessária e eu engasgo com o café.

— O que? Como assim dividir o banheiro novamente enquanto ele toma banho?

— Alice, esquece e toma seu café. Ainda temos muita coisa pra fazer hoje. – digo pra minha amiga e me viro pra Lucas: — E você, para. Só para.