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Eles não podem fazer isso, não podem decidir minha vida sem ao menos falar comigo

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Eles não podem fazer isso, não podem decidir minha vida sem ao menos falar comigo. Não me conhecem, não sabem o que eu gosto ou não gosto. Passam mais tempo longe do que comigo e eu entendo, afinal é o trabalho deles e eles precisam cuidar da empresa. Mas não podem aparecer do nada e dizer o que vou fazer no resto da minha vida. Essa é uma decisão minha, eu devo escolher o que fazer daqui pra frente.

Como podem fazer isso comigo?

Estou ofegante, mal consigo respirar e minha cabeça está a mil por horas. Os pensamentos vêm e vão sem nem se desenvolver. Não sei pra onde ir e nem tenho. Pelo menos não um lugar que seja longe o suficiente dos meus pais.

Talvez eu esteja sendo egoísta, mas ainda assim estou fervendo de raiva.
O vento sopra no meu rosto enquanto pequenas lágrimas escapam. Só me dou conta de que estou na casa de Alice quando a chamo. Acabem vindo parar aqui por instinto, sem nem perceber.

— Alice? Alice? – grito e ninguém responde.

Vou até o quarto e não a encontro, procura por toda a casa e nada. Então Lucas aparece na minha frente. — Ei, ei... O que foi?

— Cadê a Alice? – pergunto ofegante.

— Ela saiu com Bruno, acho que foram pra casa dele. O que aconteceu?

Mais lágrimas descem sem que eu perceba até que Lucas as enxuga. — Me tira daqui? Vamos pra qualquer lugar, mas me tira daqui. – sussurro. — Por favor.

— Tudo bem, deixa só eu trocar de roupa e pegar um casaco. Toma a chave do carro, me espera lá.

Faço o que ele disse e fico dentro do carro esperando. Não demora muito e ele chega, liga o carro e vamos embora.

— Vai me dizer agora por que estava chorando? – ele questiona enquanto desacelera o carro, coloca o cinto de segurança e em seguida puxa o meu e eu ouço o clique do fecho.

— Meus pais. – respondo com a garganta quase fechada. Merda.

— O que eles fizeram?

— Me mandaram ir pra casa pra me dar a mais nova notícia. Vamos nos mudar... Segunda, pra São Paulo.

Ele parece confuso. — Por quê? E as aulas? A formatura já é daqui a algumas semanas.

— Pra cuidarem da droga da empresa, é a única coisa que eles se importam. Já decidiram tudo por mim, Lucas. – olho pela janela do carro. — Disseram que lá eu vou fazer faculdade enquanto aprendo a administrar a empresa. Quem disse que eu quero cuidar da porra da empresa? Eles não sabem de nada sobre mim. Não sabem o que eu quero fazer e não estão nem aí já que tudo está decidido.

— Se acalma. – ele pede. – Será que não tem algum jeito de você não ir? Vocês não podem conversar?

— Você tem certeza que os conhecem?

Ele dá de ombros. – Eu só acho que talvez vocês pudessem conversar. Tentar se entender, não sei.

— Eles não conversam, eles apenas dizem o que é pra fazer e esperam que eu faça.

— Tudo bem. Vamos dar um jeito nisso. – não respondo então ele continua: —Pra onde você quer ir?

— Não sei, qualquer lugar longe. Eu só quero fugir o máximo que conseguir de tudo isso. Só preciso de um tempo longe deles pra processar tudo e pensar no que eu vou fazer.

— Certo, sei de um lugar. Descansa, quando chegarmos eu te acordo.

Não quero descansar. Estou com raiva demais pra isso. Quero gritar, espernear, bater em alguma coisa e descontar toda a minha raiva.

Mas meus olhos estão bem pesados e acho que não consigo controlar. Odeio chorar. E quase nunca faço isso, mas dessa vez não pude me controlar.

A única coisa que eu quero agora é...

Admito que te amoOnde histórias criam vida. Descubra agora